17/08/2022 às 11h02min - Atualizada em 17/08/2022 às 11h02min

Mooca comemora 466 anos de história e relembra era de ouro industrial

Subprefeitura Mooca
Empresários de 86 e 92 anos que viveram no bairro contam que região cresceu no período entreguerras com a migração operária. Tradicional reduto de italianos e de imigrantes europeus, a Mooca, bairro da Zona Leste de São Paulo, completa em 17 de agosto, 466 anos de história. Foi uma das áreas mais importantes da capital paulista durante o século XX, por abrigar as primeiras grandes indústrias que se instalaram na cidade, tornando-se, assim, um dos bairros mais característicos e representativos do desenvolvimento econômico de São Paulo.

Ao ser criada, em 1556, a Mooca era um povoado indígena, passando, nos séculos posteriores, a ser loteada, recebendo chácaras, grandes casas, até transformar-se, no período entre guerras, em um dos principais polos industriais do país e fortalecendo o desenvolvimento nacional pelo emprego de mão-de-obra operária em larga escala. Após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento urbano e a organização da cidade, as indústrias migraram para áreas com menor potencial residencial, visando cumprir as novas regras de planejamento do município.

A “Mooca antiga”, como é relembrada pelos residentes, ficou marcada por empresas ligadas à indústria têxtil, calçadista, açucareira e de eletrodomésticos, dentre elas o Cotonifício Rodolfo Crespi, de produção fabril e inaugurado em 1897, e a Companhia de Calçados Clark, que, em 1904, produzia mais de 20 mil pares por mês. O resquício do reduto industrial ainda é vivo nas ruas através da arquitetura de galpões que abrigavam os operários durante boa parte do século passado.

O empresário e ex-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Elvio Aliprandi, de 86 anos, morou na Mooca a vida inteira. Filho de italianos que migraram para o Brasil em navios junto com a família Matarazzo – conhecida pelo investimento em indústrias das mais variadas áreas, em especial o agronegócio, que levaram ao crescimento paulistano, Aliprandi conta ter orgulho de ter crescido na Mooca. “Onde quer que eu fosse, pelo mundo, eu sempre dizia: sou da Mooca. A Mooca tem muita história, ela é tão velha quanto São Paulo (fundada em1554) e ninguém tira esse tradicionalismo e a paixão que quem vive na Mooca sente”, diz Alipandri. “A tradição e a paixão dos residentes da Mooca pelo bairro não acabam nunca. Isso vai se perpetuar”, salienta o empresário.

Segundo ele, entre 1920 e o término da 2ª Guerra Mundial, “a Mooca já não comportava tanta indústria”, o que levou a gestão municipal a priorizar a região como área residencial, com mudança de padrões de urbanização. “A Mooca não é como qualquer bairro. É o mais tradicionalista da cidade, porque tinha uma colônia italiana muito forte e que se perpetua até hoje, apesar de receber outros descendentes, como croatas, portugueses, lituanos e chineses, dentre outros. A Mooca é um bairro social. É a Mooca, bello!”, explica Aliprandi referindo-se ao modo cantado de falar tradicional do “mooquense”, os apaixonados residentes da Mooca.

O também empresário José Ferreira nasceu no bairro de Belenzinho, na Zona Leste de São Paulo, e se mudou para a Mooca ainda jovem para montar uma importadora de bebidas e construir família. Aos 91 anos, com 2 filhos, quatro netos e quatro bisnetos, Ferreira diz que sente saudades da Mooca antiga. Dentre os símbolos da Mooca, ele cita, dentre outros, o Clube Juventus, do qual diz ser conselheiro honorário vitalício, o Hipódromo (construído em 1876 e desativado em 1941) e as linhas de bonde, que passavam pela região. “Éramos todos uma família. À noite, se ficava na frente da porta de casa conversando, todo mundo se conhecia, se cumprimentava. A Mooca cresceu muito depois da 2ª Guerra Mundial. Faltava tudo e as indústrias precisavam trabalhar a todo o vapor, o dia inteiro, para produzir o necessário. Houve uma grande migração, vieram operários de outras regiões do país para trabalhar”, relembra Ferreira. “Tudo começou aqui com três grandes fazendas: os Quintas Reis, os Penteado, e os Paes de Barros. Famílias tradicionais. Aos poucos, a região foi crescendo, loteando, vieram os prédios. Agora está tudo diferente. Mas a Mooca é sempre a Mooca”, diz o empresário.

E, testemunhando esse sentimento de pertencimento e de orgulho de ser mooquense que, na ocasião do 466º aniversário do bairro, parabenizamos todos os seus moradores, bem como os que aqui trabalham, por fazerem deste um lugar tão querido e especial

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