29/11/2021 às 12h42min - Atualizada em 29/11/2021 às 20h24min

Hilton Cobra retorna aos palcos com o espetáculo “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”

Curta temporada presencial no Teatro Firjan SESI Centro

SALA DA NOTÍCIA Letícia Reitberger
Adeloyá Magnoni
Os atores Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade têm voz em off em cena da peça

O espetáculo “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”, com interpretação de Hilton Cobra, dramaturgia de Luiz Marfuz e direção de Onisajé (Fernanda Júlia), está de volta aos palcos em formato presencial. De 02 a 12 de dezembro, o ator e fundador da Cia dos Comuns realiza curta temporada de apresentações no Teatro Firjan SESI Centro, com sessões de quinta e sexta às 19h, sábado e domingo às 17h.  Ingressos: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia) e Lista Amiga: R$ 10,00 (solicitações pelo whatsApp 21 99949-6962).

Escrita pelo diretor e dramaturgo Luiz Marfuz, em 2017, especialmente para comemorar os 40 anos de carreira do ator Hilton Cobra, com direção de Onisajé (Fernanda Júlia), a peça mostra uma imaginária sessão de autópsia na cabeça do escritor Lima Barreto, conduzida por um Congresso de Eugenistas no Brasil, início do século XX.  Após a morte de Lima Barreto, os médicos eugenistas determinam a exumação do corpo, a fim de responder à seguinte pergunta: “Como um cérebro, considerado inferior pelos eugenistas da época, poderia ter produzido e publicado obras literárias de qualidade, se a arte nobre e da boa escrita deveria ser um privilégio das raças consideradas superiores?”. A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, refletindo sobre loucura, racismo e eugenia, a obra não reconhecida e os enfrentamentos políticos e literários de sua época.     

Escrito para comemorar os 40 anos de carreira de Hilton Cobra, o monólogo conta com trechos dos filmes “Homo sapiens 1900” e “Arquitetura da destruição”, ambos cedidos pelo cineasta sueco Peter Cohen – que mostram fortes imagens da eugenia racial e da arte censurada pelo regime hitlerista. Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade emprestam a voz para a leitura em off de textos de apoio à cena.

“Ora, o contexto é o contexto. O contexto só existe na cabeça de vossas indolências. O único contexto que tem aqui é o seguinte: sou preto, pobre e escritor e estou sendo julgado não pelo mérito de minhas obras, mas sim pelo fato de assim eu ter nascido” - Trecho da dramaturgia de Traga-me a Cabeça de Lima Barreto

A atualidade da obra de Lima Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi jornalista, escritor e crítico agudo na época da República Velha no Brasil. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1881, sete anos antes da abolição da escravatura, teve a vida recheada de acontecimentos polêmicos, controversos e trágicos. Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres e os arruinados. Foi criticado por escritores contemporâneos por seu estilo despojado e coloquial, que acabou influenciando os escritores modernistas. Traduziu o Brasil por meio de obras com grande consciência crítica, pautadas na temática social, expressando injustiças como o preconceito e o racismo.

“É importante e providencial discutir eugenia e racismo a partir de Lima Barreto nestes tempos de pandemia, em que a população negra e pobre é a mais atingida”, fala Hilton Cobra. “A covid-19 nos convida a dilatar as lentes do racismo, da injustiça, do não reconhecimento, das desigualdades e da violência.”

Sobre Hilton Cobra e a Cia dos Comuns
Criada em 2001, no Rio de Janeiro, pelo ator, diretor, produtor e gestor cultural Hilton Cobra, a Cia dos Comuns é um grupo de teatro formado por atrizes e atores negros com a missão artística e política de desenvolver uma pesquisa teatral negra que possibilite um maior conhecimento da nossa cultura, além de estimular o apuro técnico e a ampliação do espaço de atuação profissional de artistas e técnicos negros no mundo das artes cênicas. Na companhia, Hilton Cobra produziu os espetáculos “A roda do mundo”, “Candaces - a reconstrução do fogo” e “Bakulo - os bem lembrados”, além de produzir e dirigir “Silêncio”. Idealizou e realizou a mostra “Olonadé - a cena negra brasileira” e o Fórum Nacional de Performance Negra.

Reconhecimento do público e crítica especializada
Com uma trajetória de grande sucesso, interrompida pela Covid-19 no início de 2020, “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”, estava há 3 anos em cartaz, com 170 apresentações para cerca de 20.000 espectadores, em 72 cidades, de 19 Estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Maranhão, Piauí, Brasília, Mato Grosso, Goiás, Amazonas, Rondônia, Tocantins), de todas as regiões do País, onde colheu diversos elogios do público e crítica. O espetáculo foi encenado também na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty/RJ/2017, onde o escritor Lima Barreto foi o homenageado

Ficha Técnica:
Hilton Cobra – Ator | Luiz Marfuz – Dramaturgia | Onisajé (Fernanda Júlia) – Direção | Cenário: Vila de Taipa (Erick Saboya, Igor Liberato e Márcio Meireles) | Desenho de Luz: Jorginho de Carvalho e Valmyr Ferreira | Figurino: Biza Vianna | Direção de Movimentos: Zebrinha | Direção Musical: Jarbas Bittencourt |Direção de vídeo: David Aynan | Produção executiva: Ruth Almeida | Assessoria de imprensa: Target Comunicações  Fotos: Adeloyá Magnoni, Leandro Lima, Kaian Alves, Valmyr Ferreira e Vinicius César | Operação de Áudio e Vídeo: Duda Fonseca | Operação de Luz: Lucas Barbalho | Participações especiais (voz em off): Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade 

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