18/06/2024 às 00h25min - Atualizada em 18/06/2024 às 18h01min

Esfriou: PL do aborto perde força após pressão popular

Especialista defende discussão dissociada do aborto que não é resultado de estupro

Karina Pinto
Karina Pinto - Assessora de imprensa
Imagem gerada por IA

O tema controverso do PL 1.904/24 continua a gerar discussões, com impactos significativos. Após uma votação acelerada na Câmara dos Deputados, embates diretos são evitados, mas parlamentares favoráveis à criminalização do aborto após 22 semanas seguem buscando apoio.

Num país onde a violência sexual contra crianças, adolescentes e mulheres é alarmante, considerar o aborto como crime hediondo representa um retrocesso após décadas de discussão. Especialistas como a psicanalista Amanda Souza expressam preocupação com a abordagem apressada do legislativo brasileiro. Para ela, a questão não é a liberação irrestrita do aborto, mas sim a separação dos casos excepcionais, como os de meninas vítimas de abuso sexual, que buscam judicialmente a interrupção da gravidez para preservar sua saúde física e mental.

"Ao equiparar o aborto tardio a homicídio, o parlamento brasileiro coloca em risco a vida dessas jovens vítimas, que precisam de cuidado diferenciado. Meninas grávidas vítimas de abusos enfrentam um processo legal demorado, muitas vezes obtendo autorização apenas após 22 semanas, prolongando seu trauma. Isso equivale a uma segunda tortura", alerta Amanda.

O debate inflamou as redes sociais, dividindo grupos pró e contra a decisão. Uma enquete da Câmara revelou que 88% dos participantes são contrários ao projeto. Para Amanda, isso evidencia que o verdadeiro problema reside na falha em proteger crianças e adolescentes do abuso, enquanto se ignora essa discussão crucial.

"Ao desviar o foco desse problema urgente, os legisladores enviam uma mensagem preocupante. Enquanto os abusadores permanecem impunes, querem que as vítimas carreguem uma gestação forçada, resultado de um crime hediondo como o estupro de vulnerável", lamenta a psicanalista.

Ela destaca o impacto devastador para uma criança ou adolescente obrigada a suportar uma gravidez indesejada: "É desesperador ver essas jovens enfrentando as mudanças em seus corpos, obrigadas a levar adiante algo que não escolheram viver. É uma violação cruel de sua inocência e um segundo trauma psicológico".

Dados recentes do Disque 100 revelam um aumento alarmante nos casos de violência sexual contra menores no Brasil, evidenciando a urgência de uma abordagem técnica e sensível, com participação efetiva de especialistas, conforme defendido por Amanda em seu trabalho.

Vivendo no Rio de Janeiro e atendendo pacientes tanto presencialmente quanto online, Amanda criou o canal "Serhumanoemfoco" durante a pandemia, oferecendo orientação para seus pacientes, que frequentemente sofrem com traumas físicos e emocionais severos. É crucial reconhecer os danos causados a essas vítimas e tratá-las com empatia, longe de qualquer estigma ou julgamento.


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KARINA DA SILVA SOUZA PINTO
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