31/05/2024 às 13h12min - Atualizada em 31/05/2024 às 20h02min

Os riscos e os principais cuidados para quem teve contato com a água de enchente 

*Darleny Eliane Garcia Horwat

VALQUIRIA MARCHIORI
Rodrigo Leal

 Os acontecimentos recentes envolvendo a tragédia no estado do Rio Grande do Sul chamaram a atenção para uma série de assuntos, um deles é o risco que a ocorrência de enchentes representa. Além das grandes perdas materiais, a saúde das pessoas também é colocada em risco, já que essa situação facilita a transmissão de doenças.   

O contato direto com água de enchente ou a ingestão de água e alimentos contaminados por ela podem causar infecções bacterianas, virais e parasitárias. Entre essas doenças podem ser citadas a leptospirose, que no ano de 2023 apresentou 3.338 casos confirmados no Brasil; esquistossomose, que no ano de 2023 apresentou 2.706 casos confirmados e a cólera, que teve um caso confirmado em 2024, mas desde 2006 não apresentava casos autóctones no país. Também podemos citar a hepatite A, que entre os anos 2000 e 2022 registrou 169.094 casos confirmados, mas vem mostrando queda expressiva, com 756 casos em 2022, segundo os dados do Ministério da Saúde.  

Dessa forma, é essencial que as pessoas procurarem atendimento médico, caso comecem a manifestar sintomas até 40 dias após terem entrado em contato com as águas de enchente. Esses sintomas podem incluir febre, vômitos, dor de cabeça e dores no corpo. Durante o atendimento médico, é importante contar sobre a exposição prévia à enchente, para ajudar na acurácia do diagnóstico. A automedicação precisa ser evitada.   

Em momentos de enchente existe uma grande preocupação com os casos de leptospirose, uma doença infectocontagiosa causada por bactérias do gênero Leptospira. É transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria, que penetra na pele com lesões, em mucosas ou na pele íntegra, imersa por longos períodos em água contaminada. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. Na forma grave, a pessoa pode apresentar icterícia, ou seja, coloração amarelada da pele e das mucosas, manifestações hemorrágicas e até insuficiência renal. A evolução para o coma e a morte pode ocorrer em cerca de 10% das formas graves.  

Para compartilhar informações de como proceder em casos de enchentes, o Ministério da Saúde desenvolveu uma cartilha. A principal orientação é evitar o contato com água ou lama de enchente. Caso não seja possível evitar o contato, é necessário utilizar botas e luvas de borracha. Se ocorrer o contato de mãos e pés, é preciso lavar o mais rápido possível. Além disso, não se deve passar os dedos, que contenham qualquer resquício da água contaminada, nos olhos ou em outras regiões do corpo.  

É possível que a água vinda do sistema de abastecimento público não esteja em condição adequada para o consumo. Caso seja observada alguma alteração na água de torneira - como odor ou coloração diferente -, é preciso entrar em contato com a empresa responsável pela distribuição da água. Até ter algum suporte, a alternativa é filtrar e ferver a água antes de beber ou adicionar 2 gotas de hipoclorito de sódio 2,5% para cada litro de água e deixar agir por 30 minutos.   

Alimentos que tenham entrado em contato com a água de enchente precisam ser descartados. Alimentos refrigerados e que tenham ficado por mais de duas horas fora da geladeira também não podem ser consumidos. É possível consumir alimentos industrializados e embalados em vidro, lata e caixa tipo “longa vida”, desde que não estejam danificados, amassados, enferrujados ou abertos. Para isso, as embalagens devem ser higienizadas usando uma solução de 1 litro de hipoclorito de sódio 2,5% para 4 litros de água.  

Infelizmente, durante eventos de grande repercussão, é comum a disseminação de fake news e a propagação da desinformação. Nesse sentido, para não colocar a saúde em risco, é essencial que a população busque informação somente em meios confiáveis e que evite práticas que não possuam comprovação científica.  

*Darleny Eliane Garcia Horwat é médica veterinária, doutora em Ciências Veterinárias. Professora do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Internacional Uninter. 


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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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