Existe uma farmácia no Brasil para cada 3.300 habitantes; o país está entre os dez que mais consomem medicamentos no mundo, segundo dados do Conselho Federal de Farmácia. Entre os remédios mais ingeridos estão: anticoncepcionais, analgésicos, descongestionantes nasais, anti-inflamatórios e alguns antibióticos que não precisam de receita médica. A tradicional ‘farmacinha’, é comum na casa dos brasileiros, principalmente para lares que possuem crianças e idosos.
Com acesso facilitado aos remédios, o grande desafio do país é fazer o descarte correto dos medicamentos em desuso ou fora do prazo de validade. Aproximadamente 20% de todos os remédios que utilizamos são descartados de forma irregular. O lixo convencional ou rede de esgoto é o destino da maioria destas substâncias químicas.
Bárbara Arruda, docente do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera, destaca que o descarte inadequado pode afetar o solo, águas superficiais ou lençóis freáticos. “Os medicamentos contêm substâncias químicas ativas que podem se dissolver na água e contaminar rios, lagos e aquíferos. Isso pode afetar a qualidade da água potável e prejudicar os ecossistemas, além do fato de que o descarte inadequado de antibióticos no esgoto pode contribuir para o desenvolvimento de bactérias resistentes no meio ambiente, o que pode representar uma séria ameaça à saúde pública”, salienta.
Cada quilo de medicamento descartado incorretamente pode contaminar até 450 mil litros de água. As substâncias químicas dos medicamentos podem transformar-se em substâncias tóxicas e afetar o equilíbrio do meio ambiente.
A especialista listou algumas orientações de como fazer o descarte correto dos medicamentos vencidos e aqueles que não serão mais utilizados pelo paciente:
Procurar a farmácia ou drogaria mais próxima de sua casa e fazer a entrega de todo tipo de remédio em desuso, sejam comprimidos, cápsulas ou xaropes. O estabelecimento irá encaminhar esses materiais ao seu destino sem risco de contaminação;
Nos hospitais e postos de saúde é possível fazer a entrega de agulhas ou lancetas usadas no tratamento de diabetes ou outras doenças. É importante armazenar esses materiais em um recipiente rígido que possa ser lacrado como, garrafa pet ou lata;
As bulas e caixas podem ser destinadas diretamente pelos consumidores para a reciclagem junto ao lixo convencional;
É necessário estar atento a validade e as condições de armazenamento dos medicamentos para ter garantida da sua eficácia. Tomar medicamentos vencidos pode levar a doenças mais graves e ao aumento de resistência das bactérias;
A farmácia caseira não pode substituir a consulta com o médico que é o profissional responsável pela prescrição de medicamentos;
No Brasil, já existem leis que regulamentam o descarte de remédios pela indústria e estabelecimentos de saúde, como as clínicas, hospitais e drogarias. Os medicamentos utilizados em casa passam agora também a ter uma política estabelecida. Foram dez anos de discussão, até que em julho do ano passado foi regulamentado em todo país o Decreto nº 10.388/2020. Poderá ser considerado crime ambiental o não cumprimento das regras de descarte de medicamentos domiciliares.
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NICHOLAS MONTINI PEREIRA
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