01/05/2024 às 19h52min - Atualizada em 02/05/2024 às 16h06min

O que empresas podem aprender com o show da Madonna em Copacabana

Da geração de empregos e melhoria da imagem do Rio, passando pelo empoderamento feminino e etarismo, a apresentação não será um mero entretenimento

Denilson Lucio de Oliveira
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Aos 65 anos de idade e celebrando 40 anos de uma carreira marcada por inovação e reinvenção, o show de Madonna no Rio de Janeiro será uma celebração não apenas de sua música e legado, mas também de sua capacidade de desafiar as normas sociais e inspirar gerações. Mais do que isso, o espetáculo que será realizado na praia de Copacabana, no próximo dia 4 de maio, também traz uma série de ensinamentos sobre a prática de políticas de ESG. André Vasconcellos, professor do MBA em ESG e Impact, e Débora Paiva, docente do curso de Diversidade, Equidade e Inclusão em Organizações, ambos da Trevisan Escola de Negócios, listam pelo menos três pontos.

 

1 – Geração de empregos e relação com as comunidades cariocas

O show de Madonna em Copacabana promete não apenas impulsionar a economia da cidade com os R$ 293 milhões anunciados pela prefeitura do Rio de Janeiro, mas também criar uma série de oportunidades de emprego, tanto formais quanto informais, nas comunidades locais. Além dos trabalhos diretos na organização do evento, como segurança, produção e logística, entre outros há uma gama de empregos informais que surgem em torno do espetáculo, como vendedores ambulantes, artistas de rua e prestadores de serviços temporários. A demanda por serviços de hospedagem, bares, restaurantes e transporte também abrirá oportunidades de trabalho, beneficiando diretamente os moradores locais. Essas vagas não apenas fornecem meios de subsistência imediatos, mas também contribuem para o fortalecimento da economia local e para a inclusão social dentro das comunidades cariocas.

“É bom lembrar que o show The Eras Tour, de Taylor Swift, no Rio e em São Paulo, movimentou aproximadamente R$ 400 milhões, montante maior que o de muitos países (levantamento feito pela SPTuris). E a cantora Beyoncé, segundo analistas locais, provocou inflação na Suécia após a estreia de sua turnê mundial em Estocolmo, em razão do aumento de diárias de hotéis e alguns produtos”, ressalta Vasconcellos.

Para ele, as empresas podem aprender algumas lições valiosas com o impacto econômico gerado pelo show da cantora em Copacabana. Primeiramente, é fundamental reconhecer a importância de eventos de grande porte na promoção do turismo e no impulsionamento da economia local. Isso ressalta a necessidade de as empresas estarem atentas às oportunidades de parcerias e patrocínios em eventos culturais e de entretenimento, visando não apenas o retorno financeiro direto, mas também o fortalecimento da imagem da marca e o envolvimento com a comunidade. “Os profissionais que se dedicam ao relacionamento com investidores ficam de olho em empresas dos setores envolvidos, por conta de oportunidade de investimentos, que geram emprego e renda”.

A capacidade de mobilização e adaptação das empresas para atender às demandas temporárias e sazonais associadas a esses eventos é crucial, destacando a importância da flexibilidade e da agilidade operacional. Por fim, o impacto positivo do show de Madonna reforça a importância de investimentos em infraestrutura e capacitação de mão de obra local, visando maximizar os benefícios econômicos de eventos similares no futuro.

 

2 – Governança e melhora da imagem do Rio

A realização da “Celebration Tour” na praia de Copacabana oferece uma oportunidade única para o Rio de Janeiro melhorar sua reputação perante a mídia nacional e internacional. A realização bem-sucedida de grandes eventos na cidade, como o desfile das Escolas de Samba na Sapucaí, festivais como o Rock in Rio ou o Rio Web Summit, por exemplo, evidencia sua capacidade de organizar e gerenciar com competência eventos de escala internacional.

“Ao garantir a segurança, a infraestrutura adequada e uma experiência positiva para o público presente do show de Madonna, o Rio tem a chance de mostrar ao mundo, mais uma vez, sua habilidade em sediar eventos de grande escala. O sucesso no dia 4 de maio pode servir como um catalisador para atrair outros grandes eventos nacionais, gerando não apenas benefícios econômicos imediatos, mas também consolidando sua posição como um destino confiável para o turismo internacional”, completa.

Claro que tudo isso depende de uma boa governança entre as partes envolvidas na realização desse projeto: a produção que trouxe o show para o Brasil, a Prefeitura do Rio de Janeiro, os patrocinadores e todas as outras empresas envolvidas.

 

3 - Empoderamento feminino e etarismo

Madonna sempre usou sua voz e a influência de sua música para levar uma mensagem de empoderamento feminino. Ao longo de sua carreira, desafiou normas de gênero e quebrou barreiras culturais. Sua performance no Rio de Janeiro reforça a importância de celebrar a independência e a autenticidade de todas as mulheres.

Empresas podem aprender a importância de promover uma cultura onde as mulheres sintam-se capacitadas a ocupar espaços de liderança, expressar suas opiniões e serem valorizadas por suas contribuições, sem medo de julgamentos ou discriminação de gênero.

“Em um país que exclui economicamente pessoas em virtude de preconceito e estereótipos negativos relacionados à idade (etarismo), ter uma mulher de 65 anos em um palco é uma excelente oportunidade de reflexão sobre como os processos de atração e contratação precisam ser mais inclusivos. O aumento da longevidade é uma grande conquista coletiva da humanidade e Madonna no palco nos lembra que precisamos celebrar isso”, afirma Débora.


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