Rodrigo LealRecentemente, foi inaugurado um terminal de gás natural no estado do Pará, na região amazônica. Instalado em um navio o gás natural é armazenado em estado líquido a alta pressão, sendo posteriormente distribuído no estado gasoso.
É inevitável comparar o gás natural, com o conhecido gás de cozinha GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), onde só temos vantagens, pois o gás natural, também conhecido quimicamente por Metano (CH4), é extraído diretamente da terra (poço), filtrado e liberado ao consumo. Já o GLP passa por um processo de destilação fracionada, com um custo mais elevado de produção.
O gás natural é uma molécula mais leve que o ar, quando vaza rapidamente dissipa, ao contrário do GLP, que é composto por duas moléculas pesadas, que são Butano (C4h10) e Propano (C3H8). Quando ocorre o vazamento de GLP, ele fica concentrado no ar, podendo provocar explosão. Outro fator a destacar é que o gás natural não é tóxico.
A queima do gás natural é mais limpa, pois a molécula só possui um átomo de carbono. Isso é muito importante, quando se considera o uso deste combustível em automóveis ou usinas termoelétricas.
O norte do país, especificamente a região amazônica, ainda se utiliza de muitas usinas termoelétricas movidas a Diesel combustível para fornecer energia elétrica para as pequenas cidades da região. Além de ser prejudicial ao meio ambiente, pois muitos hidrocarbonetos e outros poluentes são jogados no ar, o custo de queimar um combustível como esse é muito alto.
Segundo as informações publicadas no site biodiselsbr,90% da energia elétrica produzida na Amazônia vem de usinas termoelétricas movidas a Diesel, onde temos grandes emissões de CO2.
Mas ainda temos um segundo desafio, pois não basta retirar o gás natural do poço, é preciso também levar até o consumidor final, através das indústrias e usinas termoelétricas da região.
Para o gás natural ser distribuído, em uma determinada região, é preciso gasodutos, que são tubulações que levam o combustível. Construir uma rede de distribuição de gás é um trabalho com custo elevado e leva tempo. O terminal de gás inaugurado no Pará é a primeira etapa para que, aos poucos, a energia elétrica produzida na região amazônica seja limpa e as indústrias locais tenham um combustível limpo como opção. A distribuição começa no primeiro trimestre de 2024, segundo informações do Governo do Pará. Acredito que ainda haverá um longo trabalho pela frente.
E no quesito produção de energia elétrica limpa, custo e suporte as empresas da região, o gás natural ainda é a melhor opção. Este é um caminho sem volta, rumo a consciência ecológica.
*Flávio Rodrigues da Silva é especialista em Programa Brasileiro de Motores e Combustíveis (PUC PR), especialista no Programa de Formação Pedagógica de Docentes da Educação Profissional em Nível Médio, e pesquisador Membro do Grupo de Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade da Uninter. É tutor do curso de Tecnologia em Mecatrônica Automotiva no Centro Universitário Internacional Uninter.
