19/04/2024 às 07h56min - Atualizada em 19/04/2024 às 22h08min

Encontro reunirá mulheres de diferentes biomas em Xapuri

Realizado pelo Comitê Chico Mendes, o encontro propõe a construção de uma Aliança dos Biomas para conectar saberes e experiências, visibilizar as vozes e os protagonismos femininos nos territórios.

Henrique Aragão
https://midianinja.org
Mídia Ninja

Crédito: Divulgação

Legenda: De Rio Branco a Xapuri para o Bioma de Mulheres: união de ribeirinhas, indígenas, quilombolas, parteiras e tantas outras, conectadas para compartilhar soluções, saberes e desafios.


Começou na sexta-feira, 19, e vai até o domingo, 21, o Encontro Bioma de Mulheres, que reunirá lideranças de diferentes biomas do Brasil em Xapuri, Acre. 


São ribeirinhas, indígenas, quilombolas, agricultoras familiares, extrativistas, quebradeiras de coco, parteiras, professoras, profissionais de saúde, mães de santo, policiais, cacicas, midiativistas, pescadoras, marisqueiras, artesãs, benzedeiras, erveiras e curandeiras da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Mulheres que estão produzindo soluções constantes, a partir do uso de conhecimentos tradicionais, diante dos muitos problemas que impactam seus territórios. 


O encontro propõe a construção de uma Aliança dos Biomas, rede de feminismos para fortalecer as relações interbiomas, conectando saberes e experiências, visibilizando as vozes e os protagonismos das lideranças em prol do fortalecimento das comunidades e da proteção dos territórios.

 

Para Angela Mendes, presidenta do Comitê Chico Mendes-realizador da iniciativa-o encontro propõe um Empate, método de luta pacífica criado por seringueiros acreanos entre 1970 e 1990 para impedir que latifundiários desmatassem áreas de floresta. “Queremos empatar o que o sistema nos propõe, que é o individualismo. Por isso, queremos criar uma estratégia ancestral feminina de empate, com diversidade de territorialidades, histórias e conhecimentos presentes”, conta ela.

 

A iniciativa é realizada em parceria com UFAC, Fundape, Fundo Casa, Sema (Secretaria do Meio Ambiente) do Estado do Acre, Memorial Chico Mendes e Ministério das Mulheres do Governo Federal.



 

Contexto

 

Desde os primeiros empates de derrubada, nos difíceis anos 1970–1980, mulheres e homens construíram, na mesma luta e com o mesmo espírito de resistência, a jornada do movimento extrativista da Amazônia. Foi uma mulher, a seringueira Valdiza Alencar, que ousou sair da floresta para, no ano de 1975, ir a Rio Branco em busca de apoio para fundar o primeiro sindicato de Brasiléia. Foi outra mulher, a seringueira Marlene Mendes, que, com sua brilhante ideia de colocar as crianças do Seringal para cantar o Hino Nacional na linha de frente do Empate, parou a polícia no Cachoeira, o último empate de que participou Chico Mendes, em maio de 1988. 

 

Margarida Maria Alves foi liderança sindicalista paraibana, defensora dos Direitos Humanos e uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país. Assassinada a mando de latifundiários,  inspirou a Marcha das Margaridas e hoje é símbolo da luta pela igualdade de direitos das mulheres. 

 

Essas histórias são apenas exemplos de mulheres que mudaram o curso da história do país, e que outras mulheres lutam para que seus legados vivam e sejam espalhados para as próximas gerações. É preciso continuar contando sobre seus legados, assim como é imprescindível contar as histórias de outras mulheres e celebrá-las em  vida. 

 

Existem muitas mulheres-líderes-heroínas, e é preciso falar sobre elas para que as mulheres possam se fortalecer, expandir e inspirar outras mulheres. Hoje vivemos a escassez de visibilidade de referências femininas de lideranças dos territórios, e é preciso fertilizar o imaginário popular dessas referências.

 

Protagonismo feminino valorizado

 

Uma pesquisa realizada pela FGV sobre liderança feminina constatou que o "ambiente profissional corporativo brasileiro, em geral, está pautado em processos e formatos criados e estabelecidos quando às mulheres era conferido apenas o espaço doméstico.” Essa constatação nos leva a reflexões no cenário político, acadêmico, da floresta, do campo, das águas. A ideia de cargos de poder, de tomada de decisão e de influência social tem um imaginário criado e moldado para homens. O próprio conceito de liderança está atrelado à visão do homem, do grande líder. É preciso um esforço coletivo para que alternativas sejam discutidas, criadas e viabilizadas. 



 

Saiba quem está no encontro

 

Amazônica

 

Ágatha Rodrigues Correia da Silva - estudante - Rio Branco (AC)

 

Aldilene Barros do Nascimento - liderança comunitária do Cazumbá Iracema - Sena Madureira (AC)

 

Angela Mendes - ativista e diretora-presidenta do Comitê Chico Mendes - Xapuri (AC)

 

Angelica Mendes - Analista de Conservação da WWF  - Rio Branco (AC)

 

Catarina Moreira de Souza  - Extrativista da Resex Chico Mendes - Brasiléia (AC) 

 

Célia Magalhães dos Reis - Floresta Nacional do Macauã - Sena Madureira (AC)

 

Cristina Silva - ativista e pedagoga amazônica - Rio Branco (AC)

 

Daniele Pinheiro da Silva - Asareaj- Associação de Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá - Marechal Thaumaturgo (AC)

 

Dalva Miranda da Silva - professora da Escola Família Agroextrativista do Carvão -  Mazagão (AP) 

 

Denise Oliveira - produtora cultural - Rio Branco (AC)

 

Dina Carla - gestora de projetos inteligentes - Comitê Quilombola de Santa Rita e Itapecuru Mirim (MA) 

 

Francisca Bezerra - presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia (AC)

 

Geovania Machado Aires - quebradeira de coco - Penalva (MA)

 

Jayce Brasil - afroeducadora e ativista do MNU (Movimento Negro Unificado) - Rio Branco (AC)

 

Jaira da Silva - presidenta da Coopergrãos - Brasiléia (AC)

 

Júlia Feitosa - Ativista de Direitos Humanos - Rio Branco (AC)

 

Juliana Teixeira do Nascimento - colaboradora da Coopaeb (Cooperativa Agroextrativista de Brasiléia) - Assis Brasil (AC)

 

Karla Martins - atriz, produtora de audiovisual e ativista 

 

Leide Aquino - liderança comunitária do Seringal Dois Irmãos / Resex Chico Mendes - Xapuri (AC)

 

Leilizane Felix da Silva - dirigente  da Associação Asarej do Alto Juruá  - Marechal Thaumaturgo (AC)

 

Letícia Santiago de Moraes - vice-presidenta do Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS)- Curralinho (PA)

 

Maria Cariongo - quilombola - Santa Rita (MA)

 

Maria Renilda - presidenta da Associação Feminina Força da Mulher Rural - Santana da Costa (AC)

 

Nice Machado - quebradeira de coco e Conselho Nacional de Populações 

Extrativistas (CNS)  -  Penalva (MA)

 

Pajé Roxita - Soure - Arquipélago do Marajó (PA)

 

Regina Rodrigues de Freitas, do projeto Assentamento Quixadá -  Brasiléia (AC)



 

Caatinga 

 

Alicia Santana Salvador - Extrativista - Aracaju (SE)

 

Patricia da Silva, professora Drª em Psicologia da UFAC - Aracaju (SE)

 

Tatiane Faustino da Silva - Camponesa e professora - Afogados da Ingazeira (PE)
 

Thaís Araújo Barbosa - Agricultora Agroecológica - Quixeramobim (CE)

 

Cerrado 

 

Ana Mumbuca - Quilombola - Palmas (TO)

 

Marielle Ramires - Cerrado / Amazônia / Pantanal - Cuiabá (MT)

 

Marlene Lemes Rocha - Agricultora do Assentamento Campanário - Belo Horizonte (MG) 

 

Severiá Maria Idioriê - Professora indígena - Cerrado/Amazônia - Canarana (MT)

 

Mata Atlântica

 

Ana Carolina Delgado de Oliveira - antropóloga - Rio de Janeiro (RJ) 

 

Tatiana Faustino - Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia de Pernambuco - Pernambuco (@tati_faustino.silva)

 

Eliana Yunes - contadora de histórias, professora da PUC Rio de Janeiro e colaboradora da Cátedra Unesco de Leitura no Brasil - Nova Friburgo (RJ)

 

Eliete Paraguassu da Conceição - marisqueira, pescadora, quilombola da Ilha de Maré - Salvador (BA) - região de Manguezal

 

Gisele Sakamoto - estrategista - São Paulo (SP) 

 

Pantanal

 

Edinalda Pereira do Nasciment - Rede CTP - Barão de Melgaço (MT) / Pantanal/ Amazônia / Cerrado

Pampa

 

Iracema Nascimento - Liderança espiritual Kaingang e Cacica da comunidade Gãh Ré (Porto Alegre/ RS)

 

Collungn Vêi - Tchá Téiê - Liderança espiritual do povo Xokleng -  Porto Alegre (RS) 


Roberta Martini Coimbra - Agricultora - Piratini (RS)


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