08/04/2024 às 11h27min - Atualizada em 09/04/2024 às 04h02min

Área desmatada no Maranhão aumenta 85% em 4 anos e pressiona terras indígenas

Segundo dados do MapBiomas Alerta, a área desmatada do estado aumentou de 9.905,86 hectares, em 2019, para 18.342,57 hectares, em 2022. Embora as florestas maranhenses ainda ocupem uma grande porção do território estadual, essa cobertura nativa diminuiu 5,53% nos últimos 10 anos.

Assessoria de Imprensa
Tiago Miotto/Cimi

Por Ana Gabriela Freire, Jullie Pereira and Thays Lavor 

Esses dados chamam a atenção para as políticas ainda frágeis de fiscalização ambiental, assim como para a relação intrínseca que se dá entre o avanço da agropecuária e o desmatamento na região, que põe em risco áreas protegidas dentro da Amazônia Legal, fomenta os conflitos por terra e contribui, por exemplo, para aumento de emissões de gases de efeito estufa no país. 

A presença de madeireiros e fazendeiros no entorno de terras indígenas coloca os povos em frequente risco. Durante a seca, quando geralmente os focos de calor e fogo crescem, isso se torna ainda pior, porque o uso de fogo para pastagem pode atingir os territórios. Foi o que denunciou Laércio Guajajara sobre as queimadas que ocorreram em setembro de 2023. Ele é um dos sobreviventes da emboscada que fizeram contra Paulo Paulino, líder assassinado em 2019, e faz parte do grupo de guerreiros, que monitora e protege o território.  

“Foram dias de sufoco na região da Arariboia, por causa do fogo. Qualquer coisinha o fogo já se espalha rápido, em área que tem pastagem é mais rápido ainda, é difícil de controlar, queimaram muitas caças no fogo”, disse. 

O relatório Violência Contra Povos Indígenas, publicado em 2023, elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) mostra que, dos cinco assassinatos de indígenas que ocorreram em 2022, três foram na TI Araribóia. “Eu chamo isso de guerra fria, porque estão matando meus amigos e ninguém faz nada”, afirmou Laércio Guajajara, em entrevista à InfoAmazonia.  

Os dados mais recentes do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima, colocam o Maranhão em oitavo lugar no ranking nacional em emissões e quarto entre os estados da Amazônia Legal em 2022 — uma posição em evolução, tendo em vista que, em 2019, o estado estava em quinto. 

O setor de mudança de uso da terra, diretamente associado ao desmatamento, é responsável por 66% destas emissões, com exatos 64.528.399 milhões de toneladas de CO2e. Estudos do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) evidenciam que 90% da área desmatada na Amazônia é ocupada por pastagens. O que pode ser percebido no Maranhão, onde esse espaço aumentou 9% de 2019 para 2022, passando de 4.710.927 hectares (ha) para 5.145.719 ha, conforme os dados de cobertura e uso da terra do Mapbiomas

Segundo a Embrapa, embora a área de expansão da agropecuária no estado ocorra principalmente no Cerrado, existem fatias importantes no bioma amazônico que avançam desde a década de 1980. Além disso, os municípios maranhenses localizados na porção amazônica, a oeste do estado, são os principais emissores do setor. 

O estado integra o Matopiba (sigla para Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), uma das fronteiras agrícolas do país, caracterizada pela expansão orientada das atividades de agropecuária e de importante pressão de desmatamento. O relatório mais recente do MapBiomas sobre desmatamento no Brasil  indica que o Matopiba concentrou 26,3% da área desmatada no Brasil em 2022. Foram 4.975 alertas e 541.803 ha desmatados – um aumento de 37% da área desmatada em relação a 2021. 

É fato que, conforme o setor avança, as florestas diminuem. Embora as florestas maranhenses ainda ocupem uma grande porção do território estadual, percebe-se que sua queda ao longo dos anos tem sido permanente, com uma diminuição de 5,53% da área nativa de 2013 a 2022. 

Diante do cenário exposto pela reportagem, o docente do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Celso Henrique Leite Silva Júnior, chama a atenção para questões relacionadas à deterioração ocorrida em áreas dentro da Amazônia Legal, mas que muitas vezes são ignoradas. 

“A degradação das florestas pelo fogo na região amazônica do Maranhão é uma importante e ainda negligenciada fonte de emissão de carbono. O fogo atinge grandes áreas de floresta, e além da emissão direta de carbono pela combustão da biomassa morta no chão, o fogo causa a morte de árvores que durante a sua decomposição contribuem também para as emissões”, explica.

Para ler a reportagem completa, clique aqui

Crédito: InfoAmazonia. 


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