02/04/2024 às 10h30min - Atualizada em 02/04/2024 às 20h01min

Nascimento de bicudos em reserva particular no Norte de Minas marca avanço na preservação da espécie de pássaros

Projeto Bicudo, uma das iniciativas mantidas pela Usina Coruripe, avança na reintrodução ambiental da espécie ameaçada de extinção

Interface Comunicação
Foto: Divulgação

No coração da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro, situada no município de Januária, no Norte de Minas, um evento notável celebra os frutos do esforço dedicado à conservação da biodiversidade: o nascimento dos primeiros bicudos (Sporophila maximiliani), espécie que corre o risco de extinção e, há décadas, não era vista solta no Brasil. Seis exemplares nasceram nas instalações do criadouro da unidade de conservação, mantida pela Usina Coruripe, marcando um passo significativo no projeto de reintrodução da espécie na natureza.

 

Os recém-nascidos agora iniciam uma jornada de crescimento e adaptação, preparando-se para serem soltos no próximo período reprodutivo, estimado para cerca de 12 meses. "Há dez anos, estamos trabalhando para chegar a este momento. Agora, estamos amadurecendo a questão da reintrodução desses animais na natureza", explica o gerente de Sustentabilidade da Usina Coruripe, Bertholdino Apolônio Junior.

 

O desafio da reprodução, enfrentado com a criação de um criadouro conservacionista dentro da reserva, é apenas o primeiro passo. O verdadeiro teste virá durante o processo de reintrodução e soltura na natureza, já que esses pássaros são alvos frequentes de predadores. "É um processo contínuo, visando aumentar o número de filhotes para ampliar as oportunidades de soltura", aponta Bertholdino. Mesmo depois de soltos, os espécimes continuarão sendo monitorados pela equipe do Projeto Bicudo.

 

Depois de décadas de caça ilegal, o pássaro —que se destaca na natureza pela sonoridade e potência do canto— esteve na relação de animais extintos em Minas Gerais e há quase 30 anos não era avistado na região. Em contrapartida, a população em cativeiro deve chegar, segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), a 180 mil bicudos em gaiolas espalhadas em todo o país. A RPPN Porto Cajueiro faz parte do corredor Sertão Veredas-Peruaçu, uma das áreas prioritárias para conservação do Cerrado, e está dentro da área de distribuição original do bicudo.

 

O gerente de Sustentabilidade da Coruripe destaca, ainda, a importância do projeto no desenvolvimento de procedimentos e diretrizes para a reintrodução de espécies de pássaros na natureza. "Não existia estudo sobre a reintrodução de passarinhos na natureza. O grande mérito do projeto é criar um procedimento e um roteiro para a soltura. Reintrodução não é um processo fácil, e muito menos simples; nosso trabalho vai servir de base para outros projetos similares", ressalta.

 

O processo de reintrodução não se limita aos aspectos técnicos, mas também inclui ações de sensibilização com a comunidade local sobre a importância da preservação da biodiversidade. "A ideia é conscientizar as pessoas de que é melhor ouvir o canto do bicudo na natureza do que em uma gaiola", comenta. Símbolo da luta pela conservação da biodiversidade, o bicudo se tornou testemunho vivo da importância das unidades de conservação. "A gente até brinca que é o mineirinho voltando para a natureza. Este é apenas um passo a mais para a preservação não só dos bicudos, mas de todo o ecossistema local", afirma Bertholdino.

 

Além da Coruripe fazem parte do Projeto Bicudo o Instituto Ariramba de Conservação da Natureza, a CEPF/IEB, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Clube dos Criadores de Bicudos de Canto do Brasil, Universidade Estadual do Maranhão, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de São Carlos, Angá e Semad/IEF. O projeto também faz parte da iniciativa Parcerias Sustentáveis, criada para possibilitar que empresas parceiras participem de projetos desenvolvidos ou apoiados pela Usina Coruripe. Até o momento, o projeto conta com seis grandes empresas: Ubyfol, FMC, Bayer, Corteva, Coplana e Mosaic.

 

Outras iniciativas na RPPN

Atuando em diversas frentes –principalmente na manutenção e proteção da diversidade biológica, promoção de estudos e de iniciativas de conscientização da população –, a RPPN Porto Cajueiro possui uma área de 6,2 mil hectares dentro de uma propriedade de 9,9 mil hectares, sendo o bioma cerrado predominante.

 

A Coruripe mantém um projeto de monitoramento permanente de mamíferos, que auxilia no desenvolvimento de estratégias e ações de proteção, conservação e manejo das espécies. Há, também, a coleta de informações para inventariar espécies da anurofauna em áreas do rio Carinhanha, a fim de apontar medidas efetivas de conservação da fauna de anfíbios.


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