01/04/2024 às 14h21min - Atualizada em 01/04/2024 às 16h06min

Professora de escola pública reúne curandeiras e cientistas para ensinar estudantes a identificarem plantas tradicionais e seus usos

Além de estimular entre os estudantes o reconhecimento de plantas nativas comestíveis não convencionais, o projeto Rosa Aventureira, inspirado na personagem de desenho animado Dora, também busca resgatar saberes ancestrais

Amotara Agência de Notícias
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Resumo: 

- Professora de Ensino Médio Integral no Maranhão estimula resgate de ancestralidade e ensino sobre plantas nativas para alunos e comunidade.
- Centro Educa Mais Professor Ribamar Torres incentiva o protagonismo juvenil e o aprendizado na prática por meio de projeto sobre ecologia.
- Estudantes maranhenses exploram vegetação nativa, coletam sementes e plantas alimentícias e ajudam na produção de alimentos artesanais.

Uma professora do Centro Educa Mais Professor Ribamar Torres, escola pública de Ensino Médio Integral em Pastos Bons (MA), tem transformado a educação de jovens e levado informação à comunidade por meio de atividades pedagógicas diversificadas. Dentre as iniciativas desenvolvidas por Rosa Maria, que estimulam o protagonismo juvenil e o aprendizado na prática, os estudantes são incentivados a observarem a natureza local e realizarem a identificação de plantas nativas, com auxílio de curandeiras e também cientistas convidados.  

A partir do projeto, chamado "Rosa Aventureira" - uma referência ao desenho Dora Aventureira, em que a protagonista é uma criança explorando regiões de florestas -, os estudantes fizeram um levantamento da mata ciliar de olhos d'água visitados, com saídas a campo e ajuda de botânicos que encontraram nas redes sociais. Por meio de fichas de catalogação e coleta de plantas, conseguiram identificar 115 plantas, sendo 20 delas exóticas. Nesta mesma ação, os estudantes também puderam conhecer a importância da fauna para o equilíbrio ecológico, como anfíbios e répteis, especialmente cobras, sapos, rãs e perereca. 

"Os discentes são convidados a saírem em campo para pesquisar e trabalhar diferentes dinâmicas pedagógicas, focando na importância da vegetação nativa e sobre seu uso medicinal, assim como compreender a questão do equilíbrio ecológico e de como essas plantas se conectam com espécies de animais, com nascentes de água e com a vida humana", explica a professora Rosa.  

Outra ação realizada em conjunto é o “Fruturos do Cerrado Maranhense”, em que os jovens aprendem sobre plantas alimentícias não convencionais (PANC’s), etnobotânica, etnomatemática e artesanato com fibras naturais oriundas da vegetação nativa. Para isso, coletam sementes nativas para a produção artesanal de alimentos nutritivos, como pães, bolos, sorvete e geleias.  

"Nossa intenção é fornecer um alimento com valor nutricional agregado que pudesse servir de alternativa para a dieta de populações em situação de insegurança alimentar e/ou ser também utilizada na merenda escolar e ainda colaborar com a preservação do bioma cerrado", conta o Gestor Pedagógico, Alberto Ferreira. 

Resgate de saberes ancestrais 

Para agregar conhecimento cultural aos estudantes, a educadora conta que foram convidados agentes do território para compartilhar seus saberes em atividades formativas, tanto em oficinas, como em rodas de conversa. "Vieram raizeiros, benzedeiras, artesãos e outras pessoas da comunidade para ministrar uma aula/oficina sobre etnobotânica e artesanato com fibras das palmeiras nativas. As merendeiras da escola também têm se interessado na produção de alimentos com esses frutos. É uma oportunidade de todos aprenderem novas temáticas e, ao mesmo passo, reconhecerem a cultura local", complementa Rosa. 

Aprendizado na prática  

Graças ao projeto, cada jovem pode exercer uma função e agregar habilidades distintas. São eles que fazem tudo, desde coletar e catalogar o material botânico, fazer exsicatas (amostras de planta prensada e seca), até mesmo escrever poemas sobre o cerrado e desenvolver a escrita científica para apresentação em congressos.  

"Aqueles que gostam de falar em público apresentam as gravações; outros que sabem editar ficam responsáveis por isso; outros fazem a lista das espécies catalogadas; tem o grupo que auxilia no mapa; têm aqueles que fazem o design dos rótulos, quem gosta de cozinhar ajuda nessa parte de desenvolvimento e adaptação de receitas com as PANC’s, entre outros exemplos", salienta Rosa.  

Protagonismo juvenil e projeto de vida 

Para a estudante Ana Beatriz, a participação no projeto e as experiências diversificadas da escola inspiraram a construção do seu projeto de vida. "Eu acredito que o Ensino Médio Integral nos prepara tanto para o mercado de trabalho, quanto para uma possível faculdade e essas iniciativas são excelentes exemplos. Por essa razão, quero fazer licenciatura em biologia e especialização em botânica, e assim, desenvolver aulas e atividades inovadores e diferentes como meus professores têm feito", reforça Ana. 

Tempo Integral 

Atualmente, os Centros Educa Mais envolvem cerca de 57 escolas para mais de 17 mil alunos no Maranhão. O estado também conta com 34 IEMAs - Institutos Estaduais de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - que somam cerca de 13,7 mil matrículas. 

O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica interdimensional moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes. 


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