Pesquisa aponta que Brasil teve forte queda de admissões no mercado de trabalho em 2023

A geração líquida de mais de quase 1 milhão e meio de empregos formais em 2023 no Brasil não foi suficiente para provocar um saldo positivo de admissões no mercado de trabalho do país em relação ao vivenciado em 2022, quando foi anotada a abertura de mais de dois milhões de postos de trabalho. Uma queda de aproximadamente 30%.

Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a base do trabalho de pesquisa realizado pelos professores Luciano Nakabashi e Rudinei Toneto Junior, e pelos alunos bolsistas Gabrielle Bispo de Oliveira e Ruan Cursino Thomé, todos da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), entidade vinculada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP).

A avaliação da equipe mostra que a queda de admissões no mercado formal de trabalho no Brasil em 2023 ocorreu em todas as regiões, com variação dos percentuais de ocorrência. A Região Sul foi a que registrou o maior queda nas contratações (56,35%), enquanto a Região Nordeste foi a que menos teve redução nesse movimento (17,72%). No Estado de São Paulo, a queda foi de 34,4%, numa diferença de 200 mil novos postos de trabalho criados em relação ao ano de 2022.

No recorte por setores econômicos, a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi a menos afetada pela pandemia do coronavírus e, como consequência, a criação de empregos entre 2020 e 2023 não apresentou diferenças relevantes. Por outro lado, os pesquisadores da Fundace pontuam que a construção civil experimentou um 2023 mais fraco de contratações em relação aos anos anteriores. A indústria aparece seguindo a tendência de aumentar demissões nos meses de novembro e dezembro, com visível registro de ter vivido em 2023 um ano mais fraco em admissões se comparado aos anos imediatamente anteriores.

Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas é outro setor atingido pela queda na geração de postos de trabalho em 2023. Antes disso, entre março e junho de 2020, a queda foi mais acentuada, por impacto direto da pandemia. E o setor de serviços, maior empregador no Brasil, não só seguiu o mesmo movimento, como foi o mais afetado pelos efeitos da pandemia, que tiveram período de duração mais longo nessa área. Em 2023, as contratações também foram menores do que em 2021 e 2022, especialmente a partir de maio.

Impacto regional
Na comparação anual feita pelos pesquisadores, de 2022 e 2023, a Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP) anotou redução na geração de postos de trabalho formais, com queda percentual de 17,9%. No município de Ribeirão Preto, o saldo acumulado no ano passado é de 6.178 vagas abertas, contra as 11.615 de 2022. Retração de 46,81%. Esse resultado é pior em relação às médias do Estado de São Paulo e do Brasil.

As cidades de Barrinha, Cássia dos Coqueiros, Guariba, Guatapará, Jaboticabal, Morro Agudo, Pradópolis e Tambaú tiveram elevação no saldo de empregos em 2023 em relação a 2022. Os demais municípios que compõem a RMRP (Região Metropolitana de Ribeirão Preto) apresentaram queda no saldo de novos empregos, com destaque negativo para Dumont, Cravinhos, Sales de Oliveira, Jardinópolis, Monte Alto, Santa Cruz da Esperança e Taquaral. Para os pesquisadores da Fundace, além do efeito cascata da pandemia, alguns recortes do ambiente macroeconômico, com ênfase nos juros elevados, também contribuíram com o resultado revelado pelo trabalho.

FONTES
Professor Luciano Nakabashi
Professor Rudinei Toneto Junior
Bolsista Gabrielle Bispo de Oliveira
Bolsista Ruan Cursino Thomé

Sobre a Fundace
A Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) é uma entidade sem fins lucrativos criada em 1995, vinculada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP). Seu objetivo é promover pesquisas e desenvolvimento nas áreas de Administração, Contabilidade e Economia, buscando contribuir para o crescimento econômico e social do país.

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