22/03/2024 às 17h12min - Atualizada em 22/03/2024 às 20h10min

Dia da Terra e a busca pela harmonia com a natureza 

*Maria Eneida Fantin

Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

O Dia Mundial da Mãe Terra, ou simplesmente Dia da Terra foi criado no ano 1970 quando o ativista ambiental e senador dos EUA Gaylord Nelson, promoveu a primeira manifestação a favor da criação de uma agenda ambiental. Em 2009 a Assembleia Geral das Nações Unidas definiu que a data estabelecida o Dia da Terra seria 22 de Abril. Em termos históricos, cabe lembrar que na década de 1970 teve início a organização de eventos mundiais que problematizaram as questões socioambientais do planeta, convocando a humanidade para atitudes e providências coletivas em favor da vida e da natureza. Assim, há 54 anos o Dia da Terra chamava a atenção para a questão da poluição no planeta.   

Porém, quais são as pautas desse evento anual? Quem participa? Como ele repercute e impacta a realidade?   

Atualmente as pautas dos movimentos que defendem o meio ambiente envolvem problemas complexos e, talvez, o principal deles seja as mudanças climáticas. Estudos apontam que para manter o aquecimento do planeta em 1,5 grau acima dos níveis pré-industriais será preciso reduzir pela metade a emissão de carbono na atmosfera até 2030 e 99% até 2050. Junto a esse grande desafio, há ainda outras pautas de envergadura como a perda da biodiversidade, a contaminação do ar, do solo e das águas.   

Assim, o Dia Mundial da Mãe Terra se configura como mais uma frente de luta em defesa da natureza, do planeta, da vida, que no contexto da Década da ONU para a Restauração de Ecossistemas (2021-2030) pode contribuir para atingirmos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030. Por isso há que se valorizar essa ação e reconhecer seu valor.   

Porém a repercussão do Dia Mundial da Mãe Terra é pequena. O envolvimento de instâncias decisórias do poder político e econômico é pequeno. O conhecimento e engajamento popular nesse evento é pequeno. Ou seja, o efeito final desejado está longe de ser alcançado. Além disso, observamos que as ações propostas pelo evento no ano de 2023 remetem tão somente a atitudes subjetivas, como economizar energia doméstica, usar transporte não poluente, comer mais vegetais, evitar desperdícios, reduzir, reusar, reciclar..., consumir produtos ecologicamente corretos, entre outros.   

As ações individuais são importantes, mas enquanto os principais poluidores e exploradores da natureza não forem chamados para suas responsabilidades pouco vai mudar.  

Por todo esse contexto, acreditamos que eventos como o Dia Mundial da Terra devem ser vinculados a programas amplos de educação ambiental, mas também precisam envolver o setor produtivo, especialmente as indústrias e o agronegócio, tanto com incentivos quanto com penalidades concretas, de modo a diminuir as agressões à natureza. Diminuir parece ser uma meta realista, uma vez que viver em harmonia com a natureza pressupõe inaugurar outro modo de produção, outra forma de viver em sociedade, outras relações humanas, das quais estamos ainda muito longe, até mesmo nas utopias.  

*Maria Eneida Fantin é Mestre em Tecnologia. Docente dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Geografia da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter. 


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