18/03/2024 às 18h48min - Atualizada em 19/03/2024 às 00h00min

Mês da Mulher: os desafios de empreender no mercado financeiro

Andressa Bergamo e Ana Paula Carvalho são sócias na AVG Capital. Elas comentam sobre desafios já enfrentados sendo mulheres em um mercado dominado por homens

Adriane Schultz
Divulgação

O número de mulheres empreendedoras no Brasil só tem crescido. Um levantamento do Sebrae mostrou que o percentual de empreendedoras em relação ao total de negócios no País chegou a 34,4% no Brasil no ano de 2022, o que daria 10,3 milhões de empreendedoras no total. No mercado financeiro, o número de mulheres atuando também é inferior ao de homens. De acordo com dados da consultoria Fesa Group, as mulheres dominam só 34% dos cargos de diretoria e vice-presidência em instituições financeiras no país.

E uma dessas mulheres é Andressa Bergamo, fundadora da AVG Capital, escritório de investimentos parceiro do BTG Pactual, maior banco da América Latina. Andressa é pós-graduada em Mercado Financeiro e de Capitais pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e formada em administração de empresas pela FECAP. Trabalhou por mais de oito anos em uma das maiores instituições do país, o banco Bradesco, em que atuou por dois anos no segmento Corporate e seis anos no gerenciamento de carteira do Bradesco Private. Em 2018, tomou a decisão de sair do banco e da carreira estável para empreender. No mesmo ano, fundou a AVG Capital, que foi o segundo escritório criado em parceria com o BTG Pactual, e já ganhou por três anos consecutivos a premiação de melhor NPS da rede. 

Para Andressa, o mercado de trabalho melhorou muito de uns anos pra cá no sentido de acreditar mais na mulher e no seu potencial, mas ainda existe uma lacuna na qual as mulheres precisam sempre se provar para mostrar que têm credibilidade. "Nessa longa jornada, percebi que o mais importante é termos consciência do nosso potencial, acreditarmos em nós mesmas e nunca parar. Aprender a cada dia e ensinar o outro sempre fizeram parte da minha rotina para que, além de ser respeitada, eu pudesse levar meu conhecimento para aqueles que precisam por meio do meu trabalho", diz.

Segundo a empreendedora, muitas empresas adotaram o modelo de inclusão das mulheres no mercado, mas ainda há um gargalo imenso quando o assunto é gravidez, por exemplo. "Poucas são as empresas que levam esse assunto em consideração. Vejo empresas investindo no crescimento e na carreira de mulheres, mas quando elas viram mães, precisam deixar seus empregos, pois não há espaço para as duas coisas. O número de mulheres que estão deixando a gravidez de lado ou postergando aumenta a cada ano e isso se dá em um mercado de trabalho que está aberto para elas, mas não dá suporte suficiente para mantê-las nesses momentos" explica.

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia do mesmo escritório, a AVG Capital, relata que um dos maiores desafios que viveu na carreira profissional foi passar por uma gravidez inesperada antes de ingressar em uma graduação e ter tido a primeira filha muito nova, aos 18 anos. "Com certeza, foi um desafio gigantesco. Foi um momento da minha vida que exigiu muita resiliência, muito foco no que eu estava buscando que era não parar de estudar. Foi uma experiência desafiadora, mas acho que foi o que me deu muita força também", diz.

Na carreira, outro desafio para Ana foi o de estabelecer a confiança com os clientes, sendo mulher. "Acho que, muitas vezes, a gente tem que se provar porque a gente é mulher. Então, por mais que as pessoas digam que não, isso existe sim. E muitas vezes, você sente até um certo machismo de outras mulheres. Então, o que eu sempre busquei foi ter uma postura o mais firme possível. Mostrar que eu estudei a minha vida toda e tenho competência para fazer o que eu faço", comenta.

Andressa passou por uma questão bem parecida quando, certa vez, assumiu a carteira de clientes no lugar de um homem, que se aposentou. "Essa troca foi um choque muito grande para os clientes, mas foi um momento em que eu precisei mostrar meu potencial e conhecimento para criar um ambiente em que todos se sentissem confortáveis. Sinto que, em muitos lugares, a mulher ainda é vista como frágil ou que não tem a mesma capacidade de um homem. Então, o desafio é praticamente diário", diz.

Apesar dos percalços, para Andressa, desistir não é e nunca será uma opção. "Vamos enfrentar momentos difíceis e constrangedores, muitas vezes, mas o ideal é manter o foco e disciplina com objetivos muito bem traçados. Esses momentos de incerteza nos permitem também aprender e sermos ainda mais fortes para enfrentar qualquer obstáculo. Se não houver desafios, não há conquistas", finaliza.


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