Conhecida como transferência de patrimônio ou transferência de riqueza intergeracional, a transferência de riqueza refere-se ao processo pelo qual a propriedade e os recursos financeiros são transferidos de uma geração para outra. Esse fenômeno ocorre de várias maneiras, como por meio de herança, doações, investimentos e outros meios de transmissão de ativos e propriedades.
Segundo relatório produzido pelo Instituto Beja com base no artigo 2024 Top trends in wealth management, escrito por Kyle Christopherson, os millennials e a geração Z estão a caminho de herdar a fortuna dos baby boomers. Nesse movimento, eles deixarão de deter apenas 3% da riqueza total para deter cerca de 60%.
A nova conjuntura sócio-econômica para entidades filantrópicas produz um efeito em que as entidades de terceiro setor terão que reconfigurar as estratégias de captação de recursos e relacionamento com este novo perfil de pessoas doadoras , pois 74% desta nova geração se consideram filantropos em contrapartida a apenas 35% dos baby boomers se autointitulam da mesma forma segundo artigo Generation Impact: How Next Gen Donors Are Revolutionizing Giving, escrito por Erin Nylen-Wysocki.
Para materializar este processo, o relatório apresenta os principais fatores que influenciam a tomada de decisão de doar e entre eles estão família, amigos e vizinhos com 33%, igreja, culto religioso ou grupo comunitário com 31% e abordagens diretas na rua, por e-mail ou por telefone com 25%. Além disso, a Geração Z é mais atenta à má reputação das empresas do que a população em geral.
Este novo perfil de pessoas doadoras tem como tendência criar caminhos próprios na filantropia, respostas rápidas às necessidades da sociedade, foco em causas ambientais e sociais e o ativismo além da doação.
Para aqueles que atuam no terceiro setor e estão atentos às transformações da sociedade e do mundo, entender o fenômeno de transferência de riqueza perpassa pela sustentabilidade da ONG ou da entidade em que atua, pois torna-se imprescindível ressaltar que esse processo pode afetar a desigualdade, influenciar o poder econômico de diferentes grupos demográficos e moldar a dinâmica econômica em uma sociedade. A compreensão desses processos é fundamental para formular políticas públicas e estratégias financeiras que abordem questões de equidade e justiça.
Pedro Mattosinho,
COO da BaseLab.