08/03/2024 às 12h17min - Atualizada em 10/03/2024 às 00h10min

Dia das Mulheres: empreendedorismo feminino x supremacia masculina 

*Relly Amaral Ribeiro 

Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

Como falar de conquistas quando todos os dias em quase todos os jornais têm uma ou mais notícias de feminicídio ou agressão às mulheres? Eu poderia abordar aqui o 8 de março de forma histórica ou narrando as diversas conquistas sociais, profissionais e de direitos que as mulheres tiveram nas últimas décadas. Mas não consigo. Me pergunto se na mesma medida que direitos e espaços são conquistados pelas mulheres, também aumenta a resistência e desagrado a esse feito.  

O ódio contra as mulheres é um fenômeno complexo que pode ter origens diversas e multifacetadas, porém existem alguns mecanismos mentais e psicológicos que podem contribuir para isso, na subjetividade de parte dos homens: socialização e normas de gênero negativas desde a infância; traumas passados; insegurança e baixa autoestima; problemas psicológicos e de saúde mental; e ideologias extremistas, são algumas delas. 

Atualmente, alguns grupos extremistas de supremacia masculina têm, infelizmente, crescido em número e capilaridade, disseminando conceitos que contribuem para o ódio e intransigência ao feminino. Os mais conhecidos, como RedPills, Incels (Involuntary Celibates) e MGTOW (Men Going Their Own Way), promovem ideias e estratégias que visam "dominar", "controlar" e até agredir mulheres, baseadas em ideologias que reforçam estereótipos de gênero prejudiciais e promovem a ideia de que os homens devem exercer poder e serem superiores às mulheres, em todas as áreas. Grupos que difamam e perseguem judeus e negros, por exemplo, são impedidos - socialmente, legalmente e pelos filtros das plataformas digitais - na disseminação de seu discurso de ódio. Mas esses não. Ainda são socialmente aceitos e ganham cada vez mais seguidores.    

Na contramão desses movimentos depreciativos, temos o impacto positivo da mulher no mercado de trabalho e na sustentabilidade. O chamado Pink Money (Dinheiro Rosa) é um termo frequentemente associado ao mercado LGBTQ+, também aplicado de maneira mais ampla para destacar o poder econômico das mulheres, especialmente em iniciativas de empreendedorismo feminino. Essa abordagem econômica reconhece o poder econômico das mulheres e destaca o impacto positivo que o empreendedorismo feminino e a inclusão das mulheres no mercado de trabalho podem ter na economia mundial. Seja desempenhando um papel significativo como consumidoras, empreendedoras ou CEOs, investir nesse potencial pode gerar benefícios econômicos e sociais relevantes.  

Pesquisas revelam que iniciativas de empreendedorismo feminino têm o potencial de impulsionar o crescimento econômico, a sustentabilidade ambiental e social, reduzir a pobreza, promover a igualdade de gênero e criar empregos em todo o mundo, além de trazer inovação e competitividade, já que a diversidade de gênero nos negócios é frequentemente associada a melhores resultados financeiros e desempenho empresarial. 

Em resumo, o empreendedorismo feminino e as iniciativas de inclusão das mulheres no mercado de trabalho têm o potencial de gerar benefícios econômicos e sociais significativos, fortalecendo a economia mundial e promovendo a igualdade de gênero e o desenvolvimento sustentável. É estratégico investir em políticas e programas que apoiem e capacitem as mulheres empreendedoras, reconhecendo seu papel vital no crescimento e na prosperidade econômica global - que é o que realmente importa, e não a perca de privilégios.  

Durante muito tempo os homens tiveram a hegemonia em quase todas as áreas. Agora as mulheres também têm o seu espaço, e cada vez mais e mais. Não somente porque elas querem, mas porque a sociedade quer, porque é vantajoso. Resistir a isso somente demonstra um espírito pequeno, mente limitada e moral retrógrada. Enquanto isso, esperamos que extremistas e abusadores sejam devidamente impedidos e responsabilizados por seus atos pela legislação e autoridades. 

*Relly Amaral Ribeiro é mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina, professora e tutora dos cursos de pós-graduação em serviço social do Centro Universitário Internacional Uninter 


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