A inadimplência em condomínios no Brasil, tema de crescente preocupação para administradoras e síndicos, pode ter um cenário de mudança em 2024. Influenciada por diversos fatores econômicos e sociais, essa questão afeta diretamente a saúde financeira dos condomínios, impactando na capacidade de realizar manutenções e investimentos necessários para a qualidade de vida dos moradores. Em 2023, um estudo da uCondo apontou que a inadimplência em 4 mil condomínios atingiu o índice de 24,04%, marcando um aumento progressivo desde 2020.
Entre os principais motivos para o aumento da inadimplência estão a perda de renda das famílias e o aumento da taxa Selic entre 2021 e 2022, que saltou de 2% para 13,75%. Este cenário tornou as cotas condominiais menos prioritárias para muitas famílias, em comparação a outras dívidas com juros mais elevados.
Gustavo Ferreira, CEO da Fesan - Administradora de Condomínios em São Paulo, oferece insights valiosos sobre o assunto. Segundo ele, "a gestão condominial proativa e a comunicação transparente com os moradores são fundamentais para enfrentar a inadimplência. É importante oferecer alternativas de negociação e utilizar ferramentas de gestão financeira que permitam um controle mais eficiente das taxas do condomínio".
Para enfrentar esse desafio, existem estratégias recomendadas, como a implementação de uma boa gestão do fluxo de caixa e o monitoramento constante da inadimplência para adotar medidas preventivas. A conformidade legal e a contratação de seguros são também apontadas como práticas essenciais para proteger o condomínio contra riscos financeiros.
Soluções inovadoras têm surgido para auxiliar nesse cenário. A APSA, por exemplo, lançou um serviço em parceria com a Cielo que permite o pagamento de cotas condominiais via cartão de crédito, aliviando a pressão financeira sobre os moradores. Este tipo de iniciativa destaca a importância de adaptar as opções de pagamento às necessidades dos condôminos, facilitando a regularização de débitos.
O cenário para 2024 sugere um possível alívio na inadimplência, impulsionado pela perspectiva de melhorias no cenário financeiro nacional, como a projeção de crescimento da carteira de crédito e a queda das taxas de juros. Essas mudanças podem facilitar o acesso ao crédito para os devedores, possibilitando a regularização de suas dívidas.
A inadimplência em condomínios exige uma abordagem multifacetada que combine estratégias financeiras, legais e de comunicação. Administradoras, síndicos e moradores devem trabalhar juntos para encontrar soluções que garantam a sustentabilidade financeira dos condomínios, melhorando assim a qualidade de vida de todos os envolvidos.