07/03/2024 às 11h23min - Atualizada em 08/03/2024 às 00h01min

Equilibrando carreira e bem-estar: Desmistificando a Mulher Maravilha

Para tanto, é preciso encontrar nichos restauradores, que são espaços na agenda onde é possível permitir o foco humanizado a partir das emoções

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Por Shirley Fernandes (*)

Tudo o que tem a ver com equilíbrio é um grande desafio para todos nós, e quando falamos em carreira e vida pessoal para o mundo feminino, é ainda maior. Diante desta aparentemente simples, mas na realidade complexa equação de nós mulheres mantermos a nossa gestão de tempo, operacionalizando todas as nossas tarefas e ainda investir na carreira para nos sentirmos realizadas e no fluxo da felicidade, é que me motivou a escrever este texto trazendo a minha experiência de ser mulher, de ouvir muitas mulheres e de alguns estudos que fiz referentes a esta nossa busca pela realização, pela felicidade.

Historicamente, as mulheres sempre tiveram um papel de gênero limitado e reduzido a tarefas que não tinham valor em uma visão da esfera social, eram rotuladas com suas tarefas e seu poder de escolha era mínimo. Graças a um imenso trabalho social e mudança de mentalidade da sociedade e uma evolução humana olhando para equidade e diversidade, é que estamos hoje com a mulher tendo voz e ocupando cada vez mais diversos espaços de destaque. Esse movimento, segundo estudos, trouxe grandes ganhos, pois sempre que aumentamos o poder de escolha, estimulamos o ser humano a olhar mais para si, a recrutar suas forças, a sentir suas emoções e abre o leque para que cada um de nós enxergue o nosso real propósito aqui na terra.

Mas um ponto de atenção aqui é que a mulher, por representar fortaleza e resiliência – além de possuir um alto nível de ‘antifragilidade’ – acaba, muitas vezes recebendo o que chamo de “a capa da Mulher Maravilha”. Não é bem assim.

E é neste viés que quero deixar aqui algumas reflexões que, se não nos atentarmos, inevitavelmente comprometeremos nossos resultados devido à sobrecarga. Precisamos encontrar os nossos nichos restauradores, que são espaços na nossa agenda onde podemos nos dar a permissão de sermos humanas, de sentirmos as nossas emoções, momentos que amamos, que nos fazem bem. É o que o especialista canadense Brian Little, psicólogo, professor da Universidade de Harvard e pesquisador sugere em muitos de seus estudos.

Com a demanda a cada dia mais alta para os entregáveis da mulher, equilibrar a vida é um grande desafio. Eu me enxergo neste lugar, sou mãe, filha, esposa, empresária, palestrante, escritora, faço trabalhos sociais, tenho uma demanda grande diária e meu desafio está em equilibrar todos esses pontos. Como disse no início do texto, não é uma tarefa fácil, temos que desmistificar a Mulher Maravilha e sermos a nossa mulher interna, olharmos para ela e validarmos onde queremos estar e como queremos estar, e daí direcionarmos nossos esforços para isso de forma mais intencional. Não temos como investir o mesmo tempo em tudo, por isso enxergarmos o nosso propósito de vida e, em cima dele, traçarmos a nossa gestão do tempo. Dessa forma, inevitavelmente, chegaremos a este equilíbrio e aumentaremos significativamente o nosso nível de felicidade.

De acordo com estudos realizados e apresentados pelo professor da felicidade da Universidade de Harvard, Tal Ben-Shahar, quando aumentamos mesmo que gradativamente o nosso nível de satisfação pela vida, inovamos mais, somos mais criativas, nossa performance aumenta, o corpo fica mais saudável com o sistema imunológico mais protegido e até as nossas conexões e relacionamentos tornam-se melhores. Hoje me inspira ver os homens cooperando por esta equidade. Eu atuo há mais de 20 anos no segmento de tecnologia, onde predominantemente é constituído por homens e ter a liberdade de ser eu no grupo onde pertenço é fundamental. Somos um grupo onde a liderança feminina é presente, atuante e muito respeitada. Que possamos imaginar e lutar por mais empresas com este viés.

Veja, há uma fatia considerável de mulheres nesta busca constante de espaços e, em muitos casos, pagando um preço muito alto e com grande sacrifício, o que, claro, traz um cansaço gigante.  Por isso eu digo, permita-se! Essa é a mensagem que quero deixar aqui para finalizar. Permita-se ser ainda mais você, em ter seus nichos restauradores, de não vestir a capa imposta por outros. Permita-se ser essa mulher incrível que quando conectada com o seu propósito trará ainda mais resultados dentro de um fluxo onde todos contribuem e crescem. A capa da Mulher Maravilha é um peso que nos desequilibra, é um arquétipo criado que temos a escolha de não adquirir. O mundo corporativo precisa de mulheres que tenham este equilíbrio alinhado com a sua realização pessoal e carreira.

(*) Shirley Fernandes é fundadora e sócia-diretora da N1 IT, empresa do Grupo especializada em consultoria de serviços na nuvem.
 
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