05/03/2024 às 13h49min - Atualizada em 06/03/2024 às 00h01min

Em 2023, Brasil blindou cerca de 30 mil veículos, novo recorde no país

Para Abrablin, entidade que representa o setor, medo da violência urbana fez com que a proteção tivesse intensa procura

Denis Victor Dana
Crédito: Divulgação Concept Be Safe
Números divulgados pela Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) revelam como segue crescente o medo do brasileiro diante da violência urbana, acompanhado da sensação de insegurança. Em 2023, o país registrou a blindagem de 29.296 veículos, um novo salto de 13% em comparação ao ano anterior, quando foram blindados 25.916 carros. Trata-se do mais novo recorde de blindagens, desde 1995, quando a entidade passou a divulgar os dados. Hoje, a frota blindada estimada no Brasil é de quase 340 mil carros.

“O levantamento revela que São Paulo concentra a maior parcela das blindagens. Vale lembrar que, no ano passado, os casos de grupos de criminosos que aproveitavam o trânsito carregado das ruas para quebrarem os vidros e cometerem delitos foram bastante repercutidos na mídia nacional, o que assustou e ampliou o medo de muitos motoristas que decidiram investir nesse tipo de proteção. Mas, outros episódios de violência urbana, mesmo longe das capitais, também impulsionaram o setor, fazendo com que pelo terceiro ano consecutivo”, destaca Marcelo Silva, presidente da Abrablin.

Do número total de blindagens registradas em 2023, o estado de São Paulo respondeu por quase 85%, com mais de 23 mil veículos blindados no período. O Rio de Janeiro aparece em segundo nesse ranking de blindados, com 6,6% do mercado (1.852 veículos blindados), seguido pelos estados de Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Sul, que correspondem, respectivamente aos números de 982 (3,5% do mercado), 641 (2,3%) e 428 veículos protegidos (1,5%).
“É preciso observar que, apesar de o estado paulista historicamente aparecer como líder desse ranking, temos a presença da blindagem como recurso de proteção no Nordeste e no Sul, o que mostra como a sensação de insegurança infelizmente não é um problema local”, alerta Silva.

De acordo com a Abrablin, a blindagem mais praticada no país foi a de nível III-A, que garante proteção contra todos os tipos de armas curtas (pistolas e revolveres).

Híbridos e elétricos blindados
Um fato que também marca o segmento é a presença cada vez maior dos carros híbridos e elétricos nas blindadoras. Em São Paulo, por exemplo, a Concept Be Safe, grupo que incorporou a Concept Blindagens, registrou aumento no número de blindagens praticadas em 2023 também ao redor de 15%. Veículos elétricos e híbridos representaram cerca de 25% do total de carros que estacionaram da empresa em busca da proteção.

“Percebemos essa tendência de maior participação desse tipo de veículo, ainda da linha premium, que demanda tecnologia de ponta e, então, maior necessidade de corpo de engenharia especializado para a realização de cada projeto”, diz Fabio Rovêdo de Mello, diretor de novos negócios da Concept Be Safe.

Trabalho requer mão de obra especializada
Para receber a blindagem, o automóvel passa por um processo complexo de desmontagem que necessita de mao de obra especializada, especialmente em razão das tecnologias cada vez mais inseridas pela indústria automotiva.

“Depois da definição do nível de blindagem, os materiais da proteção são preparados, cortados segundo as dimensões do veículo, de forma que toda a superfície do veículo seja protegida. O carro é totalmente desmontado para que seja feita a instalação dos materiais balísticos. Na sequência, o revestimento interior é recolocado no veículo para que o acabamento mantenha a aparência original”, descreve o presidente da Abrablin.

Os vidros originais são substituídos por vidros especiais, compostos por diversas lâminas de vidros e polímeros, com o número de camadas que variam de acordo com o nível de proteção.

Na lataria, cada blindadora tem um projeto específico. “Atualmente, o que predomina é o uso do painel balístico, um tecido especial entrelaçado formado por várias camadas, com o aço sendo utilizado em áreas muito estreitas, onde o tecido especial pode oferecer alguma vulnerabilidade, como nas colunas das portas, parabrisas e vigia”, diz Silva.

Todo o material usado na blindagem é controlado pelo Exército Brasileiro. As empresas que atuam com este tipo de produto, então, devem ter o Certificado de Registro (CR) junto ao Exército para que possam atuar na legalidade. As empresas que fabricam produtos balísticos também precisam submetê-los a testes balísticos aplicados pelo Centro de Avaliação do Exército (CAEx). Após o teste, o Exército emite um Relatório Técnico Experimental (ReTEx) aprovando o material. As fabricantes podem vender os produtos apenas para blindadoras registradas e estas somente podem usar materiais que tenham o ReTEx.

A blindadora ainda precisa de uma autorização específica da Região Militar (RM) onde a empresa está registrada para cada veículo que for blindar, com o intuito de evitar que carros blindados sejam utilizados por pessoas não idôneas. “Trata-se de cuidados essenciais e que precisam ser observados pelos proprietários de carros que tenham interesse em buscar na blindagem o objetivo de reforçar a sua proteção e a preservação de vidas”, conclui o presidente da Abrablin.
 
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