19/02/2024 às 15h49min - Atualizada em 20/02/2024 às 00h02min

Síndrome de Asperger e Transtorno do Espectro Autista: entenda as diferenças

O Dia Internacional da Síndrome de Asperger, 18 de fevereiro, visa conscientizar a população para a manifestação, que hoje é chamada de TEA nível 1

Maristela Girotto
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A síndrome de Asperger, atualmente, é classificada como  Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1 de suporte, que é a forma mais leve de autismo, conforme designação dada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5 revisado) há alguns anos. Independentemente de como é chamada, a síndrome causa sofrimento aos pacientes e é necessário conhecê-la melhor.
De acordo com o neuropediatra Hélio Van Der Linden, do Instituto de Neurologia de Goiânia, pertencente à Kora Saúde, as características clínicas da síndrome de Asperger são idênticas às do Espectro Autista, só que de maneira menos intensa.
“É por isso que se passou a chamar de forma leve de autismo, mas esse termo ‘leve’ não deve ser muito usado, porque, mesmo em formas menos graves de autismo, as pessoas podem sofrer bastante, com sintomas que podem levar, muitas vezes, a uma queda na qualidade de vida”, explica o neuropediatra.
O médico afirma que essas características podem acabar se transformando em ansiedade e depressão. “Existe um índice maior do suicídio nessa população, porque, pelo fato de terem uma forma menos grave de autismo, eles têm plenas condições de entenderem o que se passa ao redor. Eles podem sofrer com bullying e por se sentirem inadequados frente às situações”, destaca o dr. Van Der Linden.

Características
Segundo o neuropediatra, habitualmente, os pacientes com a síndrome de Asperger:
  • não têm rebaixamento da inteligência e, algumas vezes, podem até ter inteligência acima da média;
  • podem falar de forma absolutamente normal ou ter pequenas alterações na fala, muito sutis às vezes;
  • podem ter uma alteração chamada de prosódia, que é a musicalidade da fala.
Apesar de a intensidade dos sintomas serem menos severos, ter a síndrome de Asperger – ou o TEA nível 1 – não significa sofrer menos ou ter mais qualidade de vida.
“Eu acho que a grande diferença é essa. Esses pacientes são capazes de serem independentes, de concluírem os estudos, de trabalharem, de constituírem uma família. Só que, ainda assim, de uma maneira peculiar”, acrescenta o médico.
Entre as características peculiares, o dr. Van Der Linden cita que essas pessoas costumam ser mais sistemáticas, têm dificuldade de manter interações sociais mais elaboradas e podem ser bastante antissociais.
Além disso, o neuropediatra do Instituto de Neurologia de Goiânia informa que é possível também que as pessoas com síndrome de Asperger tenham, por exemplo, sensibilidade sensorial, ao barulho e a cheiros e podem ser mais desorganizadas do ponto de vista do motor.
“Os pacientes podem ter dificuldades motoras, serem mais desajeitados, desorganizados, e isso faz parte da síndrome do espectro autista de uma maneira geral”, acrescenta o médico.

Síndrome de Asperger ou autismo?
Atualmente, a designação síndrome de Asperger não é mais utilizada por dois motivos: primeiro, por causa da nova classificação do DSM5 e do DSM5 revisado, que ele aboliu denominações como síndrome de Asperger, ‘autismo de alto funcionamento’ e ‘transtornos desintegrativos da Infância’, entre outros.
“Hoje, foi colocado tudo num termo amplo, que é Transtorno do Espectro Autista, com as subdivisões de nível 1, nível 2 e nível 3 de suporte, sendo o 3 o mais severo”, explica o dr Van Der Linden.
Apesar da mudança na designação da síndrome, o neuropediatra disse que há quem defenda que a síndrome de Asperger apresente características tão peculiares de autismo que deveria estar realmente separado do Espectro Autista.
O segundo ponto para a mudança na designação, de acordo com o médico, foi que, há alguns anos, estudos confirmaram que Hans Asperger [veja mais sobre ele no final] teria colaborado com práticas abomináveis do regime nazista.

Mito
Um dos principais mitos relacionados à síndrome, na opinião do neuropediatra,  é achar que todo toda pessoa com síndrome de Asperger é um gênio em alguma coisa.
“Existe uma parcela de pacientes, dentro do Espectro Autista, que pode ter algumas habilidades espetaculares, realmente prodigiosas. Isso pode acontecer com 7% a 10% dos casos de autismo”, informa o dr. Van Der Linden. Ele cita, como exemplos, as pessoas que têm ouvidos absolutos, que conseguem memorizar livros inteiros, que conseguem fazer cálculos matemáticos maravilhosos, que podem tocar algum instrumento sem ter tido treinamento.
No entanto, o médico adverte que isso não é comum.

O maior desafio
“Eu falo para as famílias que, geralmente, o paciente de nível 2 ou nível 3, ele não sofre, porque, devido ao comprometimento mais severo, eles podem sofrer bullying, mas não percebem. Então, quem sofre mais é a família. Agora, no nível 1, é o contrário. O paciente sofre mais, porque, embora haja aqueles que não têm nenhum interesse na socialização, eles se bastam e são muito felizes com isso, há os que querem interagir melhor, mas não têm habilidades sociais para isso”, explica o neuropediatra.

Quem foi Asperger
Os primeiros diagnósticos de autismo foram realizados pelo psiquiatra infantil austro-americano Leo Kanner, em 1943. Porém, o psiquiatra e pesquisador austríaco Johann "Hans" Friedrich Karl Asperger foi um dos responsáveis por descrever casos de autismo que não cumpriam os critérios rígidos de Kanner.
Com isso, Asperger foi o responsável pela ampliação dos critérios diagnósticos, e  passou-se a considerar com síndrome de Asperger aquelas pessoas que têm diagnóstico de autismo, ou seja, têm as manifestações relacionadas a déficit na interação social, comunicação e problemas de interesse restrito, repetitivo, estereotipado, mas de uma maneira mais leve.

Sobre a Kora Saúde
Um dos maiores grupos hospitalares do país, a Kora Saúde possui 17 hospitais espalhados pelo Brasil e está presente no Espírito Santo (Rede Meridional nas regiões de Cariacica, Vitória, Serra, Praia da Costa, em Vila Velha, e São Mateus); Ceará (Rede OTO, todos em Fortaleza); Tocantins (Medical Palmas e Santa Thereza na cidade de Palmas); Mato Grosso (Hospital São Mateus em Cuiabá); Goiás (Instituto de Neurologia de Goiânia e Hospital Encore); e Distrito Federal (Hospital Anchieta e Hospital São Francisco). O grupo possui mais de 2 mil leitos no país e 11 mil colaboradores. A Kora Saúde oferece um sistema de gestão inovador, parque tecnológico de ponta e alta qualidade hospitalar, com o compromisso de praticar medicina de excelência em todas as localidades onde está presente.



 
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