No cenário em constante evolução do mercado imobiliário, a tecnologia blockchain emerge como um catalisador de mudanças, redefinindo as práticas tradicionais. A tokenização de propriedades e a atuação das Proptechs, por exemplo, prometem não apenas descentralizar, mas democratizar o acesso ao setor. Para explorar a fundo esse movimento, Matheus Medeiros, CEO da Futokens, compartilhou insights sobre as inovações em curso.
Usos comuns da blockchain no setor Atualmente, a blockchain é mais utilizada em duas situações na compra e venda de imóveis. A primeira delas, segundo Matheus, é o pagamento em criptomoedas, possibilitado pela tecnologia blockchain. O uso dessas moedas facilita o processo de pagamento e custódia do dinheiro, proporcionando transações mais rápidas e seguras.
Além disso, existe hoje um processo de registro de imóveis feito em blockchain. “Nesse caso, a blockchain funciona quase como um cartório. É possível verificar se o imóvel está regular, se há pendências fiscais, se possui as devidas licenças. A vantagem é que, além de mais barato, o processo se torna mais seguro também. A partir do momento que um documento está na blockchain, não tem como ele ser grilado, por exemplo”.
Tokenização de imóveis Imagine dividir uma propriedade em frações acessíveis, permitindo que os investidores adquiram participações proporcionais sem comprometer o valor total. Isso é possível com a tokenização de imóveis, viabilizada pela tecnologia blockchain. O processo se assemelha ao que já acontece com os financiamentos imobiliários. No entanto, há uma vantagem: os tokens têm valores mais acessíveis, possibilitando investir em propriedades sem a necessidade de endividamento.
Com a tokenização, a ideia é que mais pessoas possam desfrutar de benefícios, como participação na renda do aluguel e descontos na locação, representando uma verdadeira democratização do acesso ao mercado imobiliário.
Proptechs e a revolução na gestão imobiliária Outro exemplo do uso de blockchain no setor imobiliário são as Proptechs, empresas que se destacam pela inovação na compra, venda e gestão de imóveis. “Essas empresas oferecem soluções dentro da legalidade, trazendo variedade de produtos. No aluguel de espaços virtuais, por exemplo, a pessoa utiliza o endereço fiscal daquele espaço, principalmente para questões de impostos.”
“Outra possibilidade é utilizar uma holding patrimonial para registrar um carro elétrico em lugares como o Rio Grande do Sul, onde eles estão com isenção de IPVA para esses carros. Isso é algo que antes não era possível fazer”, explica Matheus.
Perspectiva de crescimento e desafios futuros Matheus Medeiros compartilha sua visão sobre o crescimento do uso da blockchain no setor imobiliário: “A perspectiva é de aumento, especialmente com o avanço da informatização do governo. Acredito que se tornará cada vez mais comum, até mesmo contestação de IPTU via blockchain, e uma descentralização crescente também”.
No entanto, o CEO da Futokens destaca desafios, como a dificuldade em relação a imóveis antigos. “Nos imóveis mais recentes, que vêm sendo construídos nos últimos 20 anos, é muito mais possível fazer esse processo de regularização via blockchain. Os mais antigos são um pouco mais complexos, então talvez você não consiga utilizar essa tecnologia”.
Outro desafio é a falta de popularização. “Muita gente acha que é muito difícil. Lembrando que, realmente, não é qualquer pessoa que vai conseguir fazer isso. Existem empresas especializadas, e isso, na verdade, é mais uma vantagem do que desvantagem. Porque, ao invés de fazer tudo sozinho, em um cartório e pagando honorários, você faz isso com a IUSTO, por exemplo, que é uma empresa que venho acompanhando e que realiza esses processos em blockchain”, conclui o CEO.
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