06/02/2024 às 23h11min - Atualizada em 09/02/2024 às 00h10min

Álcool e medicamentos no Carnaval: cuidados essenciais para uma folia segura

Por José Patrocínio de Andrade Filho

Redação
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À medida que os blocos de frevo tomam as ruas e os ensaios de maracatu se intensificam, o carnaval se aproxima, trazendo consigo uma atmosfera de festa e diversão. No entanto, essa celebração muitas vezes está associada ao consumo de bebidas alcoólicas, levantando questionamentos sobre a segurança da combinação de álcool com medicamentos. Como farmacêutico e presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), regional Paraíba, Alagoas e Pernambuco, minha contribuição é esclarecer as principais dúvidas e alertar sobre os cuidados necessários durante essa folia.

A interação entre álcool e medicamentos é um tema complexo, influenciado por diversos fatores, incluindo a composição do medicamento, as características individuais do paciente e a quantidade de álcool consumida. Nesse contexto, a orientação geral é evitar essa combinação, uma medida preventiva diante das potenciais complicações.

O órgão mais afetado por essa mistura é o fígado, encarregado de metabolizar tanto o álcool quanto os medicamentos. O consumo excessivo de álcool sobrecarrega esse órgão, comprometendo sua capacidade de processamento eficiente dos medicamentos. Além disso, o álcool exerce impacto significativo sobre o sistema nervoso central e as funções cognitivas e comportamentais podem ser substancialmente alteradas.

A modificação no metabolismo provocada pelo álcool pode resultar em alterações no tempo de eliminação do medicamento, acelerando ou retardando o processo e, assim, comprometendo o tratamento. Essa situação é particularmente preocupante quando se trata de medicamentos para problemas neurológicos e psiquiátricos, pois o álcool tende a potencializar os efeitos dessas substâncias.

No que diz respeito aos antidepressivos, observa-se que o álcool inicialmente intensifica seus efeitos, proporcionando uma sensação de estimulação. No entanto, após o término do efeito do álcool, os sintomas da depressão podem ressurgir. A combinação de ansiolíticos com álcool resulta em um efeito sedativo acentuado e prejudica a capacidade de realizar atividades que demandam atenção, como operar máquinas.

A mistura de antibióticos e álcool requer especial atenção pois pode ocasionar desde vômitos e taquicardia até toxicidade hepática grave. O metronidazol é um exemplo de substância que pode desencadear tais reações. Quanto a analgésicos e antitérmicos, a presença de álcool pode potencializar seus efeitos, acelerando a eliminação do medicamento e reduzindo sua eficácia. Em casos mais graves, a combinação de álcool com paracetamol pode resultar em danos ao fígado, uma vez que ambos são metabolizados nesse órgão. A junção com ácido acetilsalicílico pode, em situações extremas, levar a hemorragia estomacal devido à irritação da mucosa estomacal.

Diante desses riscos, o recomendado é seguir uma regra simples: não misturar álcool com nenhum tipo de medicamento. Durante o carnaval, um período de intensa celebração, é crucial priorizar a saúde e adotar práticas que garantam uma festa alegre e livre de complicações médicas. Aproveitem o carnaval com responsabilidade e cuidado, preservando o bem-estar e a segurança de todos.

Por José Patrocínio de Andrade Filho
 

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