16/01/2024 às 17h50min - Atualizada em 17/01/2024 às 08h09min

Assassinato da família de ambientalistas de São Félix Do Xingu completa dois anos sem nenhuma resposta do estado do Pará

Os executores e os mandantes dos crimes foram beneficiados pela inoperância da polícia e pela conivência das autoridades de Segurança Pública do Estado do Pará

REPAM - Brasil
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Após dois anos da morte da família de ambientalistas na área rural de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, nada foi solucionado. Ninguém foi preso pela chacina.   

A família de José Gomes já residia no local há mais de 20 anos, desenvolvia trabalhos de preservação da floresta e mantinha um projeto de reprodução de quelônios - tartarugas, cágados e jabutis. Eram conhecidos e reconhecidos pelo trabalho ambiental que faziam. A terra ocupada por eles está em área de jurisdição do ITERPA e inserida na APA Triunfo do Xingu, uma área de preservação com mais de 1,5 milhão de hectares.  

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará não disse nada sobre as investigações e a identificação dos responsáveis pelos crimes. O inquérito instaurado pela Polícia Civil foi devolvido para o Ministério Público no final do ano passado, sem identificar qualquer responsável pelas mortes. Os executores e os mandantes dos crimes foram beneficiados pela inoperância da polícia e pela conivência das autoridades de Segurança Pública do Estado do Pará.  

A forma como a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública se comportaram em relação aos crimes, desde o início das supostas investigações, não poderia produzir um resultado diferente. As investigações iniciaram na delegacia de São Félix. Depois, foram temporariamente coordenadas por um delegado de polícia de Marabá. Por último, foram conduzidas por um delegado de polícia lotado em Belém. Ou seja, a autoridade policial responsável pela investigação está lotada em uma delegacia da capital, localizada a mais de mil quilômetros do local onde ocorreram as mortes.  

Fortes indícios apontam que as mortes estariam relacionadas a interesses de grandes proprietários de terras, localizadas nas imediações da área ocupada pela família de Zé do Lago. O inquérito tramitou durante esses dois anos sob segredo de justiça.  Apenas na região sul e sudeste do Estado, nas últimas quatro décadas, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) já registrou 43 chacinas de trabalhadores rurais, com 236 mortos. Em apenas quatro delas houve julgamento de algum responsável, e apenas dois condenados chegaram a ser presos. Ao que tudo indica, se depender apenas das autoridades do Estado do Pará, a chacina de São Félix do Xingu, a exemplo de tantas outras, será mais um caso no qual a impunidade prevalecerá.  

A Comissão Pastoral da Terra-Regional Pará e Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos-SDDH lançam nota pública após dois anos da Chacina de São Félix do Xingu que vitimou José Gomes (Zé do Lago), Márcia Nunes e Joane Nunes, pai, mãe e filha, respectivamente. O massacre ocorreu em 9 de janeiro de 2022, na propriedade da família. As organizações cobram respostas às investigações, onde até o momento o Estado do Pará e órgãos da segurança pública não se pronunciaram sobre a identificação dos responsáveis pelo crime.  
 

Sobre a REPAM –Brasil    

A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil constitui um serviço da Igreja no Brasil para os povos da Amazônia. É um esforço da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), das Igrejas Particulares (dioceses e prelazias), paróquias, comunidades, organizações sociais, cooperadores nacionais e internacionais para a defesa dos direitos humanos de mulheres e homens, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, extrativistas, pescadores, e tantas outras expressões e trajetórias de vida emersas na Amazônia.   

 

 

 


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