12/01/2024 às 17h37min - Atualizada em 15/01/2024 às 20h02min

Preconceito atrasa o avanço no uso de cannabis e tem agravado dores emocionais

Apenas 2% dos médicos brasileiros fazem prescrição do medicamento

Mariane Ribeiro dos Santos
Daisy Serena

Vários estudos nacionais e internacionais mostram que os derivados de Cannabis têm potencial para tratar inúmeras doenças como epilepsia, espectro autista, diabetes, além de transtornos psiquiátricos. Ainda assim, apenas 2% dos médicos brasileiros fazem essa prescrição. “A questão central é o preconceito social em relação ao uso da maconha, pois a criminalização, tem dificultado o avanço dessa medicina, gerando sofrimento para pacientes que poderiam ser beneficiados com a Cannabis, uma dor que agrava o quadro clínico que ele já tem”, diz Letícia Laranjeira, psicóloga especializada no uso medicinal e terapêutico da Cannabis. 

Para ajudar a combater o preconceito e auxiliar pacientes que precisam ou já fazem uso da Cannabis, em 2020, Letícia criou uma rede de profissionais com foco principal na educação da sociedade. “Quando negamos os benefícios terapêuticos da Cannabis ou quando somos preconceituosos e proibitivos, produzimos um sofrimento mental. Precisamos repensar nossa relação com essa planta que faz parte da nossa história já que foi uma das primeiras plantas cultivadas pelo homem desde que deixamos de ser caçadores”, diz Letícia. 

Segundo Letícia, ao contrário do imaginário popular, a Cannabis é uma medicação que requer acompanhamento cotidiano, exatamente, como acontece com a medicação em doenças crônicas como diabetes, hipertensão, câncer, isso só para citar algumas.  “Temos buscado promover espaços de acolhimento acerca do uso da Cannabis, ajudando na desconstrução do preconceito e na promoção da qualidade de vida e bem estar. Fazemos escuta ativa e temos usado a internet para chegar a milhares de pessoas, inclusive nas regiões mais remotas”. 

Pacientes que fazem uso dessa medicação são orientados a buscar outros profissionais para o acompanhamento, o que chamado de Terapia Transdisciplinar, ou seja, além do médico que prescreve, o ideal é ter um psicólogo para fazer o acompanhamento e auxiliando esse paciente na autogestão da própria vida. “Isso ajuda-o a enfrentar o preconceito fazendo com que ele não desista do tratamento”, explica Letícia. 

Além do uso, Letícia ainda defende a liberdade para que usuários dessa terapia possam fazer o cultivo da planta. “É importante que tenhamos liberdade para decidir qual variedade será cultivada, existem milhares de cruzas e cada espécie tem um conjunto de componentes”. Estudiosos apontam que o extrato integral da Cannabis demonstra maior eficiência se comparado ao que o mercado tem liberado com o uso isolado. “Se não defendermos a produção artesanal, vamos direcionar o acesso apenas às grandes indústrias e reduzir o poder da planta como um todo. Eles pegam todas as moléculas lindas e extraem apenas um componente”, analisa. 

Desde a criação, em 2020, o coletivo tem reunido pacientes do Brasil inteiro, levando informação sobre essa terapia milenar que pode ser a alternativa para qualidade de vida de tantas pessoas com doenças severas paras as quais ainda não há alternativas adequadas. “Essa é uma luta coletiva”, finaliza Letícia. 


 

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