19/12/2023 às 11h26min - Atualizada em 19/12/2023 às 16h06min

Quando o posicionamento das empresas é capaz de atrair talentos

As agendas da responsabilidade social e ambiental podem reter e engajar os colaboradores de uma organização – mas é preciso um esforço genuíno para formar novas culturas corporativas

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Que o ambiente empresarial e de consumo vive uma nova dinâmica, parece algo evidente.  

Se, há não muitos anos, os fatores da eficiência e do crescimento sem maiores dilemas socioculturais guiavam uma boa parcela das organizações de diferentes segmentos, hoje, esses pressupostos se somam as preocupações ambientais, de inclusão e de transparência na relação com clientes, stakeholders e concorrentes, dentro de um contexto no qual o posicionamento e os valores de um negócio são tão ou mais importantes para o seu ganho de escala no mercado. 

Uma prova desse cenário envolve, por exemplo, o crescimento (em diversidade e número) dos fundos de investimentos ligados a pauta ESG no Brasil, segundo dados da Economatica divulgados este ano e o fato de que 86% dos consumidores do país estão dispostos a reduzir seu impacto pessoal no meio ambiente – 60% deles, aliás, podem pagar mais caro por produtos e serviços comprometidos com a sustentabilidade. 

Por sua vez, no âmbito da transparência das relações de mercado, também em virtude do boom das startups nas últimas duas décadas no Brasil, novos drivers como a centralidade no cliente e os processos de economia colaborativa – que englobam, inclusive, parcerias em projetos de inovação aberta entre empresas –, aos poucos, mudaram a face da economia contemporânea.  

Desse modo, atualmente, a preocupação genuína com os clientes e a governança no tratamento com outros players de um segmento não são apenas diferenciais competitivos, mas uma exigência para a preservação dos legados de empresas. 

Mas é importante nos atentarmos para o conceito de "preocupação genuína" que expus no parágrafo acima: negócios que simplesmente embarcam em ondas tendem a correr riscos em relação ao não-alinhamento do discurso com a prática e, nesse sentido, podem ter sua reputação comprometida. 

Nesse sentido, a adesão às pautas sociais (da inclusão à diversidade), ambientais e de governança deve fazer parte do propósito, dos valores de base da organização e, consequentemente, de seu planejamento estratégico de crescimento.  

E não são só os consumidores ou investidores que se sentem atraídos por marcas com propósito bem definido: as preocupações de uma empresa são determinantes para atrair e reter colaboradores em tempos de disputa por talentos e escassez de mão de obra especializada no mercado.  

 

Missão, posicionamento e novas jornadas de carreira 

Um estudo da Cone Communications apontou que, entre os millenials, nada menos que 64% dos profissionais não aceitariam trabalhar em uma empresa sem uma política clara de responsabilidade social, enquanto 83% afirmaram que seriam mais leais às organizações que contribuíssem com questões socioambientais. 

Os dados vão de encontro a uma pesquisa recente publicada na Harvard Business Review que apontou que uma combinação de fatores extrínsecos e intrínsecos (do salário as preocupações com sustentabilidade e impacto social) são determinantes para o desempenho dos colaboradores no mercado contemporâneo. 

O que esses dados e conclusões significam? Na minha visão, o ponto central aqui envolve, antes de tudo, o entendimento do cenário atual de uma empresa. Qual o seu impacto (positivo e negativo)? Que questões precisam ser culturalmente transformadas? Como é possível melhorar sua relação com as novas demandas que movimentam a sociedade? 

A partir desse mapeamento, aos poucos, é possível construir (ou reconstruir) missões e posicionamentos, de modo que tais valores passem a fazer parte, de modo genuíno, da estratégia dos negócios. 

Concomitantemente, é preciso estruturar equipes e jornadas de carreira que permitam tanto a contribuição efetiva dos colaboradores para a difusão de uma cultura de responsabilidade socioambiental; quanto a possibilidade de que eles desenvolvam skills essenciais para um mercado em que temas como a agenda ESG não são apenas uma questão de discurso, mas capazes de atrair investimentos e de impulsionar o crescimento de empresas e startups. 

Porque, no fim das contas, atração e engajamento – de colaboradores, consumidores, investidores e stakeholders – passa também pela atenção às mudanças que fazem parte de nossa sociedade e cultura(s). Ou, em outras palavras, só é possível atrair e fidelizar, quando mantemos os olhos abertos e nos posicionamos com clareza.       

 

*Janine Motta é comunicóloga, jornalista e profissional do marketing.  

 


Este conteúdo foi distribuído pela plataforma SALA DA NOTÍCIA e elaborado/criado pelo Assessor(a):
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