07/12/2023 às 11h31min - Atualizada em 08/12/2023 às 00h02min

Evolução que emociona

Se em dezembro de 1873 foi realizada a 1ª cirurgia de remoção total da laringe sem opção de recuperação da voz, 150 anos depois a mesma opção de tratamento permite ao paciente voltar a falar.

CIleide Zanotti
Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP)
O que, em 1873, parecia impossível e mesmo assim foi realizado, agora, em 2023, é feito com muita habilidade por cirurgiões de cabeça e pescoço em todo o mundo e com um salto evolutivo inimaginável para os cirurgiões que, há 150 anos, ousaram em fazer o que parecia impossível: retirar toda a laringe de um paciente para tratar um câncer.

Após 150 anos da primeira laringectomia total, realizada por Theodor Billroth, em dezembro de 1873, na Áustria, o que certamente era considerado impossível naquela época, atualmente é real: mesmo sem a laringe, o paciente volta a falar.
Parece até que a frase do poeta e romancista francês Jean Cocteau, nascido em 1889, foi feita para os profissionais envolvidos nos avanços da medicina e da tecnologia na área médica: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.

De acordo com a Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), Fátima Matos, a evolução das técnicas cirúrgicas, da tecnologia na área da saúde e da fonoaudiologia estão proporcionando uma evolução impressionantemente rápida e eficaz.

“O tratamento cirúrgico do câncer de laringe é mutilador e, nos casos mais complexos e avançados, chega a ser necessário retirar toda a laringe, onde estão as pregas vocais e, consequentemente, deixando o paciente sem voz. É, e sempre foi, uma cirurgia complexa, com a recuperação exigindo um trabalho multiprofissional com psicólogos, fonoaudiólogos, enfim, uma equipe de suporte eficiente. E atualmente o paciente, além de curado da doença, consegue recuperar a fala. E esse é um avanço fantástico!”

O ex-Presidente da SBCCP e Chefe de Clínica do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Dr. Marco Aurélio Kulcsar, acrescenta que o avanço nessa área da saúde é tão grande que pacientes laringectomizados totais participam do Coral Amigos da Voz, se apresentando em datas comemorativas. “É a melhor e mais emocionante prova dessa evolução”, conclui ele.

Formado em 2011, o Coral Amigos da Voz se apresenta em eventos previamente agendados pelo Icesp.

SAIBA MAIS
O que é laringectomia total?
A laringectomia total é a remoção de toda a laringe, por meio de cirurgia, para tratar um câncer que se desenvolveu no local e está em fase avançada que inviabiliza tratamentos conservadores.       
Nos casos de diagnóstico e, consequentemente, tratamento precoce, é possível tratar da doença sem a remoção total da laringe.

O que é laringe?

A laringe é uma estrutura localizada na garganta, muito importante na produção da fala, além de impedir a aspiração de alimentos para os pulmões durante a alimentação.

Ela é dividida em glote, supraglote e subglote. E é na glote onde estão localizadas as pregas vocais, que vibram com a passagem do ar e produzem os sons, permitindo a fala.

Quando a laringe é afetada por um câncer, a capacidade de fala pode ser comprometida.



Evolução na reabilitação pós-laringectomia total

A laringectomia total leva a perda da fala e modificação na respiração, que passa a ser realizada pela exteriorização da traqueia no pescoço (traqueostoma).  Nesses casos, é necessário ensinar ao paciente novas formas de realizar essas funções.

O fonoaudiólogo é o profissional que analisará cada caso e, junto com a equipe multiprofissional, indicará as novas formas de comunicação (seja por meio de técnicas ou aparelhos) e de respirar pelo traqueostoma (orifício no pescoço por onde a pessoa passa a respirar) após a laringectomia total.

As técnicas que ajudam os pacientes na reabilitação vocal são:
 
  • Prótese fonatória: o cirurgião de cabeça e pescoço fará um orifício entre o esôfago e a traqueia para inserir uma prótese com válvula para permitir que o ar expirado passe pela garganta e produza vibrações para a emissão da fala, criando um som próximo à voz normal.
 
  • Laringe eletrônica: também chamada de eletrolaringe, é um aparelho eletrônico externo com uma membrana vibratória que, quando pressionado no pescoço, transfere o som para a boca e possibilita a emissão da voz. Nesse caso, a voz terá um som mecanizado.
 
  • Voz esofágica: é uma técnica em que o paciente aprende a movimentar o ar no esôfago e na garganta, produzindo sons que serão usados para a emissão da fala. Quando aprendida, não necessita de aparelhos ou próteses para possibilitar a comunicação. A voz esofágica é rouca e a comunicação é com frases mais curtas. Essa técnica é indicada após análise multiprofissional, cabendo ao fonoaudiólogo treinar o paciente para usar a voz esofágica.
                  

 

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