06/12/2023 às 11h06min - Atualizada em 07/12/2023 às 00h02min

A importância do bem-estar emocional de mães atípicas.

Confira a entrevista com a psicanalista integrativa Raquel Melo.

Samantha di Khali Comunica
Divulgação
Confira a entrevista  com a psicanalista integrativa Raquel Melo
Um trabalho diário onde a rotina, as terapias e os cuidados especiais fazem com que a mãe de uma criança atípica não consiga se dedicar a sua profissão ou ter uma vida social.
Já ouvi relatos onde muitas perderam seus cônjuges após o diagnóstico do filho, em outros casos, por falta de tempo para si, costumam esquecer temporariamente do autocuidado, além do peso da responsabilidade é constante a preocupação com o bem-estar do filho, percebem ou vivem o preconceito de uma sociedade mal-informada.
 A saúde mental é um importante fator que possibilita o ajuste necessário para lidar com as emoções positivas e negativas. Investir em estratégias que possibilitem o equilíbrio das funções mentais é essencial para um convívio social mais saudável, principalmente tratando-se do público de mães e cuidadoras atípicas, pois mesmo necessitando de ajuda, muitas vezes não são acolhidas ou “vistas”.
Jornalista: Inicialmente, considerando especialmente o público mães atípicas, gostaria que comentasse sobre a importância do cuidado da saúde mental e emocional.
Raquel Melo: A rotina do dia a dia, as obrigações da vida moderna, as responsabilidades assumidas, as incertezas sobre o futuro, a falta de tempo em poder exercer uma profissão ou um trabalho remunerado, bem como as circunstâncias pessoais e familiares são fatores estressores na vida de qualquer ser humano.
No caso de mães e até mesmo de uma avó cuidadora, tais agentes são potencializados pela crença – às vezes inconsciente – de que é dever absoluto dar conta de tudo que a ela é exigido ou o medo de que possa fraquejar ou fracassar. Essa combinação de fatores, no mais das vezes, deflagra um processo que coloca em risco a saúde mental e emocional.
Feitas tais considerações, observa-se que o cuidado a essas pessoas não está sendo feito de maneira adequada, acredito que o tratamento terapêutico deve ser estendido a mãe ou cuidadora atípica, já que o processo de evolução e qualidade de vida do assistido depende muito dela. A saúde emocional e acompanhamento psicológico é um desafio de notória importância, pois é através desta plenitude que é possível buscar o equilíbrio satisfatório nas relações pessoais, sociais, profissionais e, principalmente, consigo mesmo. Um “eu” não apaziguado ou equilibrado acaba por causar inadequações de comportamento que resultarão em prejuízos àquele que sofre do mal e a todos a sua volta.
Além disso, quero ressaltar o quão grave esse fator pode ser, todo estresse e emoções mal resolvidas e não tratados de forma adequada provavelmente resultarão em ansiedade, depressão, manias, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), dentre tantas outras patologias que tratadas nas áreas da psicologia e da psiquiatria.
Por fim, acredito ser oportuno mencionar, em tom de crítica, que nossa sociedade não está preparada para incluir adequadamente, sem preconceito e atendendo todos os direitos das crianças e de seus cuidadores atípicos.
Crianças autistas ou deficientes visuais que tem dificuldades no desenvolvimento cognitivo, motor, linguístico ou emocional trazem consigo mães e cuidadoras sobrecarregadas e muitas com um estresse altíssimo, essas, de modo quase que geral, não são compreendidas pela sociedade, nem mesmo pelos seus parceiros.
Vivemos em uma época onde os diagnósticos estão sendo feitos de uma maneira mais rápida e adequada, como nunca houve antes, então torço por políticas públicas onde o atípico terá seu devido tratamento juntamente com seus familiares. Aceitar que o ser humano é a soma do físico, do mental, do seu ambiente e das pessoas que o cercam é um passo importante rumo ao desenvolvimento da saúde plena.
Jornalista: Você acredita que as mães atípicas estão mais conscientes sobre essa atenção ao bem-estar emocional? Por quê?
Raquel Melo: Responder sim ou não a esta pergunta seria algo simplista. Eu diria que se por um lado existem mães atípicas que estão na busca pelo desenvolvimento emocional pois entenderam que isso é a chave para uma vida mais saudável, plena e feliz, não se pode esquecer da grande parcela que, infelizmente, não sabe que precisa ou até mesmo reluta em aceitar que o aspecto emocional é relevante em suas vidas.
Aquela palavra “guerreira”, que vemos nos comentários dos posts quando o assunto é autismo ou suas consequências, pessoas se referindo aos familiares atípicos, só sugere o quanto nossa sociedade precisa ser educada sobre este assunto, pois existe a empatia, mas falta a sutileza em perceber a real dificuldade de cada um, principalmente em bem lidar com suas emoções.
Acredito que todos estão na busca do bem-estar emocional, todavia, para chegar ao final do caminho é indispensável reconhecer a importância que ele tem em nossas vidas. Entender que, zelar pela saúde mental trará melhoras na qualidade de vida e irá prevenir doenças futuras, é decisivo.
Conversar com a família, oferecer ajuda e falar sobre o assunto denota, antes de tudo, respeito. Propor-se a ajudar ou fazer algo são atitudes que demostram interesse, cuidado e humanismo.
Em alguns momentos propor-se a ouvir é importantíssimo: a escuta é uma excelente aliada.
Igualmente importante é ser sincero e, também, calar-se quando não souber o que dizer.
Enfim, o fato de o cuidador saber que terá um momento, um olhar terapêutico para suas questões e que em breve poderá contar com uma sociedade mais adaptativa é algo muito valioso e tem importância significativa no processo de enfrentamento e até da cura emocional.
Jornalista: Comente sobre os principais aspectos que devem ser observados pelos extremos (jovens e idosos) para uma melhor qualidade de vida.
Raquel Melo: Nesse quesito além da terapia preventiva para o equilíbrio emocional e saúde mental, o que trago não é uma novidade: o uso da tecnologia com moderação, desenvolver uma pequena leitura diária e praticar atividades que façam bem ao corpo e à mente.
Ainda no tocante a essa pergunta acho adequado contar uma história. Certa vez, uma menina, de 8 ou 9 anos, passeava com a mãe e viu sua vizinha, uma senhora bastante idosa, com os cabelos brancos, perfumada, maquiada... Vaidosa, falava muito bem, esbanjava seus conselhos e vitalidade. Vendo que a idosa era muito querida pela vizinhança e bastante ativa a menina disse:
- Quando eu for velhinha quero ser lúcida, saudável e querida igual a dona Maria.
A mãe, sabiamente, respondeu:
- Se quer ser como ela, comece hoje a cuidar de si e todos os dias tenha um momento único dedicado somente a você.

Então eu concluo que assim é a vida, colhemos o que plantamos. Comece hoje! Sempre é tempo de fazer diferente, de aperfeiçoar-se e de colher os bons frutos.
Em relação as terapias, eu recomendaria ainda enfrentarem e vencerem o preconceito existente que ainda está equivocadamente implantado em nossa sociedade. Quem faz terapia faz um ato de amor a si e as pessoas que o cercam. Hoje vemos muitas pessoas com pânico, ansiedade, depressão e falta de autoestima, sabemos que todos esses males poderiam ser evitados se a terapia fosse feita de maneira preventiva, para que os problemas de infância, as emoções e decepções da vida fossem bem elaboradas dentro de cada um.  Esse cuidado para o cuidador é essencial para que o mesmo se mantenha saudável e feliz.
Além disso, a mães atípicas devem estar atentas a sinais como irritabilidade, desânimo, apatia, tristeza, falta de prazer em atividades que anteriormente lhe eram atrativo e, caso observar tais sinais, procurar ajuda é fundamental, pois, com um diagnóstico precoce de ansiedade, depressão, síndrome do pânico ou de alguma outra patologia na esfera emocional, poderá tratar de quem provavelmente só cuida do outro e esqueceu-se de si.
Por fim, faço questão de repetir: as pessoas devem vencer o preconceito e aceitar suas limitações e sofrimentos; devem procurar redes de apoio, conversar sobre seus medos e suas angústias, procurar auxílio; podem e merecem trilhar um caminho na busca pelo bem-estar físico e emocional.
Raquel Melo
É psicanalista integrativa, palestrante, professora, estudiosa da filosofia egípcia e da psicologia. Além de Bacharel em Comunicação Social e mãe de autista.
Atendimentos online através de mensagem por WhatsApp 19 99277-7777 para pessoas de todo o Brasil, com tratamentos alternativos para síndrome do pânico, depressão, luto, baixa autoestima, procrastinação, fim de relacionamentos, apoio psicanalítico para pais de autistas (crianças atípicas).

 

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