29/11/2023 às 14h47min - Atualizada em 29/11/2023 às 20h03min

Câncer de próstata: uma doença genética ou do envelhecimento?

Coordenador científico da Oncologia D’Or, Daniel Herchenhorn, explica que a idade avançada e alterações genéticas hereditárias aumentam o risco da enfermidade, que hoje pode ser tratada por um amplo arsenal terapêutico.

Nora Ferreira
www.oncologiador.com.br
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CÂNCER DE PRÓSTATA: UMA DOENÇA GENÉTICA OU DO ENVELHECIMENTO?

Coordenador científico da Oncologia D’Or, Daniel Herchenhorn, explica que a idade avançada e alterações genéticas hereditárias aumentam o risco da enfermidade, que hoje pode ser tratada por um amplo arsenal terapêutico.

O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais comum nos homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA)1, 74 mil casos da doença serão diagnosticados este ano, em especial em pessoas com 50 anos ou mais. Quanto mais velho for o indivíduo, maior será o risco de apresentar este tipo de câncer, mesmo de forma assintomática. Mas a doença tem uma importante base genética. Pessoas com histórico familiar de câncer, principalmente parentes de primeiro grau, têm maior propensão à enfermidade. Entre 5% a 10% dos casos desses tumores têm origem hereditária, muito em função de alterações no gene BRCA,  o mesmo dos cânceres de mama e de ovário. Homens negros e indivíduos obesos também constituem os grupos de risco.
A maioria dos tumores na próstata cresce de forma lenta. Apenas uma minoria se desenvolve de maneira acelerada, às vezes, até em homens com menos de 50 anos.  “Durante a progressão da doença vão-se acumulando alterações genéticas que lembram as mutações hereditárias”, afirma o médico Daniel Herchenhorn, coordenador científico da Oncologia D’Or, professor de Oncologia na University of California San Diego e doutor em Oncologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Neste contexto, a testagem genética vem assumindo cada vez mais um papel de destaque tanto para a descoberta de fatores hereditários como para o tratamento do tumor. Como o câncer de próstata é uma doença heterogênea, o exame detecta o biomarcador, possibilitando a realização de tratamentos personalizados e eficazes.  
Prevenção e diagnóstico precoce
A próstata1 é uma glândula que produz parte do sêmen. Ela se localiza na frente do reto, abaixo da bexiga, envolvendo a parte superior da uretra. Na fase inicial, o tumor cresce sem sintomas. Os sinais que aparecem se confundem com aqueles causados pelo aumento da próstata decorrente da idade, como dificuldade ou urgência para urinar.  Em muitos casos, quando surgem os sintomas, o câncer está em estágio avançado, com pouca ou nenhuma possibilidade de cura.  No mundo2, cerca de 20% dos casos ainda são diagnosticados na fase avançada.
Se identificado de forma precoce, o câncer de próstata permite até 90% de cura. Por isso, os especialistas recomendam aos homens, a partir dos 50 anos, fazer uma consulta anual ao urologista, com o exame de toque retal e dosagem sanguínea do  PSA, sigla em inglês para Antígeno Prostático Específico. Os integrantes dos grupos de risco devem começar o acompanhamento antes dos 50 anos.

De acordo com o coordenador científico da Oncologia D’Or, Daniel Herchenhorn, especialistas de todo mundo discutem qual a idade limite para a prevenção.  “Acima dos 75 anos podemos acabar diagnosticando câncer de próstata em boa parte dos homens e nem sempre há necessidade de tratamento, dada a lentidão de crescimento de muitos tumores”, observa.


Manejo do paciente

Uma vez identificadas alterações nos exames, o médico pode prescrever a ressonância multiparamétrica da próstata, um exame extremamente sensível capaz de identificar lesões minúsculas. Quando necessário, realiza-se em seguida uma biópsia de fusão nas lesões suspeitas mostradas na ressonância magnética.
Idealmente, pacientes devem ser manejados por equipes multi-disciplinares, que tenham uro-oncologistas, urologistas, rádio-oncologistas especializados, para a melhor tomada de decisões. Essa equipe é importante porque o manejo do paciente deve ser definido a partir de uma série de fatores: se a doença está confinada à próstata e órgãos adjacentes ou se espalhou pelo organismo e se o tumor apresenta risco alto, moderado ou baixo.
O coordenador científico da Oncologia D’Or explica que muitos pacientes, principalmente com tumores de baixo risco, podem ser manejados sem a necessidade de um tratamento imediato. “É o que chamamos de vigilância ativa. O paciente é diagnosticado e acompanhado cuidadosamente por uma equipe multidisciplinar”, esclarece.
A edição de abril da revista científica norte-americana New England Journal of Medicine trouxe um estudo3 da Universidade de Oxford, na Inglaterra, resultante do acompanhamento por  15 anos de 1.610 homens diagnosticados com câncer de próstata. Eles foram divididos em três grupos: 545 foram monitorados, 553 submetidos à prostatectomia e 545 receberam radioterapia. Ao final do estudo, 4,5% morreram por câncer de próstata e 21,7% por outras causas. No grupo de monitoramento ativo, 24,4% estavam vivos sem qualquer tratamento para câncer de próstata no final do acompanhamento.
Tratamento
Nos últimos anos, o arsenal terapêutico para o câncer de próstata cresceu muito, tornando-se menos tóxico e mais individualizado. Os tratamentos localizados são recomendados para o estágio inicial da doença, quando ela ainda se encontra na próstata e, no máximo, nos linfonodos adjacentes. Já os tratamentos sistêmicos são indicados para os estágios avançados, quando há metástase, ou associados a radioterapia.
No âmbito dos tratamentos localizados estão a radioterapia e a cirurgia. Ambas passaram por grande evolução, graças a tecnologia que permite realizar radioterapia em menor tempo e com mais precisão, além de cirurgias robóticas, em que o paciente permanece menos de 48 horas internado e com pós-operatório muito mais tranquilo.
Para pacientes com câncer de próstata metastático, o tratamento mais recente é o PSMA-Lutécio 177. O lutécio é uma substância radioativa que, assim como um míssil teleguiado, é levado às células com PSMA, uma molécula que apresenta a expressão aumentada na superfície das células cancerígenas. A substância radioativa danifica o DNA da célula e provoca sua morte. O tratamento demanda quatro a seis aplicações, sendo que a quimioterapia são no mínimo seis aplicações. Por ser direcionado às células cancerígenas, é melhor tolerado que a quimioterapia.
 Referências
  1. Estimativa 2023 : incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro. INCA, 2022.
  2. Armstrong AJ et al. M. Prediction of survival following first-line chemotherapy in men with castration-resistant metastatic prostate cancer. Clin Cancer Res. 2010;16(1):203-11
  3. Fifteen-Year Outcomes after Monitoring, Surgery, or Radiotherapy for Prostate. Freddie C. Hamdy. Cancer N Engl J Med 2023; 388:1547-1558.
Sobre a Oncologia D'Or

Criada em 2011, a Oncologia D'Or é o projeto de oncologia da Rede D'Or formada por clínicas especializadas no diagnóstico e tratamento oncológico e hematológico, com padrão de qualidade internacional e que, atualmente, está presente em dez estados brasileiros e Distrito Federal. O trabalho da Oncologia D'Or tem por objetivo proporcionar, não apenas serviços integrados e assistência ao paciente com câncer com elevados padrões de excelência médica, mas um ambiente de suporte humanizado e acolhimento.

A área de atuação da Oncologia D'Or conta com uma rede de mais de 55 clínicas, tem em seu corpo clínico mais de 500 médicos especialistas nas áreas de oncologia, radioterapia e hematologia e equipes multidisciplinares que trabalham em estreita parceria com o corpo clínico da maioria dos mais de 75 hospitais da Rede D'Or. Além disso, a presença das clínicas da Oncologia D'Or em mais de 20 hospitais da Rede, abrange a área de atuação em toda a linha de cuidados, seguindo os moldes mais avançados de assistência integrada, proporcionando maior agilidade no diagnóstico, mais conforto e eficiência para o tratamento completo dos pacientes.


 

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