22/11/2023 às 17h29min - Atualizada em 23/11/2023 às 00h19min

E se você cumprisse só 15% das suas metas no trabalho? É isso que estamos fazendo com o planeta

Carine Roos, CEO e fundadora da Newa

Carine Roos
Carine Roos_CEO e fundadora da Newa. Crédito: Israel Pinheiro

No mundo corporativo, estamos acostumados a ter metas e cumpri-las não só por que muitas vezes estão atreladas à bônus, mas acima de tudo pelo comprometimento que mostramos com nosso trabalho. Pois, infelizmente, o mesmo não está acontecendo com a chamada Agenda 30, que engloba os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprovados em 2015, na cúpula de Paris, para serem cumpridos por 193 países-membros das Nações Unidas até o ano de 2030.

Há apenas sete anos do fim do prazo, um estudo preparatório para a Reunião Geral da ONU, que aconteceu mostrou que apenas 15% - sim, só 15% - serão cumpridos no prazo. Quase metade (48%) das metas estão em estágio fraco ou insuficiente, enquanto o progresso estagnou ou retrocedeu em 37%. Vale lembrar aqui uma fala do ex-secretário geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, “não existe plano B, porque não existe planeta B”.  Até o fim da década, estima-se que a fome alcance mais de 600 milhões de pessoas; 575 milhões viverão em extrema pobreza; e 84 milhões de crianças estarão fora da escola. 

O plano inicial limitou o aquecimento global a 1,5 grau até o fim do século para os níveis do período pré-industrial. Na tendência atual, no entanto, esse número pode atingir alarmantes 2,8 graus. Os efeitos já estão sendo sentidos por todos. Essa é uma das primaveras mais quentes da última década no Brasil. A região que será mais afetada por essa alteração climática é Manaus, capital da Amazônia, onde a temperatura irá ultrapassar 1,3 graus Celsius da média para a estação. 

Além disso, pela primeira vez, em 121 anos de medição, o nível das águas do Rio Negro chegou à casa dos 12 metros, a maior seca de todos os tempos. Isso sem contar os ciclones constantes que atingem agora com frequência o sul do País. O fenômeno natural, o El Niño, tem sido apontado como o grande culpado. Mas, ele é influenciado diretamente pelas transformações climáticas recentes, multiplicadas pela industrialização desenfreada. Não temos mais tempo para medidas paliativas. É hora de agirmos!

A Newa, assim como outras consultorias especializadas em DE&I e saúde emocional, é um exemplo de empresa que tem como missão apoiar as organizações que estão empenhadas também em gerir suas organizações seguindo os objetivos definidos pela ONU. Como socióloga e mestre em gênero, venho atuando fortemente em alguns deles como: Igualdade de gênero; Trabalho decente e crescimento econômico; Redução das desigualdades e Paz, justiça e instituições eficazes.

Para se ter uma ideia, na área que venho me aprofundando com meus estudos na LSE, o relatório mostra que o mundo não está no bom caminho para alcançar a igualdade de gênero até 2030, aliás, está bem longe disso. Estamos falando em séculos. Seguindo o ritmo atual, estima-se que serão necessários até 286 anos para fechar as lacunas de proteção jurídica e eliminar leis discriminatórias, 140 anos para que as mulheres sejam representadas igualmente em cargos de poder e liderança no mercado de trabalho e 47 anos para alcançar a representação igualitária nos parlamentos nacionais.

A pandemia foi um grande divisor de águas, no tocante aos ODS de saúde e bem estar, exacerbando as desigualdades existentes na saúde, levantando questões profundas de saúde mental e ameaçando o progresso rumo à cobertura universal de vacinas, seja pelos movimentos negacionistas ou ainda pela dificuldade de acesso. Um ponto que me chamou a atenção é que quase 800 mulheres ainda morrem todos os dias por causas evitáveis relacionadas com a gravidez e parto.

No que tange à ODS 8 - trabalho decente e crescimento econômico – os desafios são enormes. Os efeitos persistentes da COVID-19, crises de custo de vida, tensões comerciais, incerteza monetária, caminhos políticos, o aumento das dívidas nos países em desenvolvimento e a guerra na Ucrânia e agora em Israel,  tem atrasado significativamente o crescimento econômico global. Existe uma previsão de desaceleração já este ano do PIB Global, colocando em risco não apenas o emprego e a renda, mas também, os poucos avanços em termos de remuneração equitativa para as mulheres e de trabalho digno para os jovens.

E do lado empresarial? Como as lideranças estão analisando este cenário e o que as empresas podem efetivamente contribuir para a mudança urgente? O pessimismo também reina nas corporações. O número de CEOs que acreditam que o mundo alcançará os objetivos até 2030 é quase metade hoje (49%) dos que afirmaram ser possível um ano atrás (92%). É o que mostra o 12º Estudo de CEOs do Pacto Global da ONU com a Accenture que ouviu mais de 2.600 CEOs de 128 países, 18 indústrias e mais de 130 entrevistas em profundidade – a maior amostra de executivos, incluindo o maior grupo do sul do globo, desde que a pesquisa começou em 2007.

Cada vez mais preocupados com os movimentos bruscos, 98% dos líderes concordam que sustentabilidade é assunto primordial em seus cargos, um sentimento que cresceu 15% em comparação aos últimos 10 anos do estudo.

Ainda que 96% deles entenda o papel dos ODS na agenda de sustentabilidade, e que 81% afirmam que suas empresas estão fazendo o suficiente para contribuir para os ODS, quase metade deles (43%) dizem que seus esforços de sustentabilidade foram dificultados pelo ambiente geopolítico. Eles advertem ainda sobre o impacto de contratempos convergentes para negócios e a sociedade: multilateralismo hesitante, instabilidade socioeconômica, interrupções na cadeia de suprimentos e os efeitos imediatos das mudanças climáticas.

O que sabemos, é que não há uma “bala de prata” e que empresas e governos devem concentrar esforços em ações que podem ter um impacto maior na sociedade, planeta e negócios. Devemos agir juntos e rápido!

*Sobre Carine Roos: mestre em Gênero pela London School of Economics and Political Science - LSE, a executiva é pós graduada na Faculdade Isaraelista Albert Einstein em Cultivando Equilíbrio Emocional nas organizações e atua como especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão há 10 anos. Liderando a Newa, empresa de impacto social que prepara organizações para um futuro mais inclusivo por meio de sensibilizações, workshops, treinamentos e consultoria de diversidade. Carine tem como missão preparar líderes para que a Diversidade e a Inclusão sejam uma realidade imediata nas organizações.


 

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