15/11/2023 às 01h27min - Atualizada em 22/11/2023 às 01h27min

Como é o Qashqai, o SUV que a Nissan deve produzir no Brasil e que já é vendido no Chile

Futuro próximo

O presidente e CEO da Nissan Motor Co, Makoto Uchida, viajou literalmente meio mundo para anunciar no Brasil o investimento de R$ 2,8 bilhões (aproximadamente US$ 550 milhões) na fábrica em Resende, no Rio de Janeiro. Essa verba se destina a dois projetos, um anunciado e outro sigiloso. O revelado é a produção da segunda geração do SUV compacto Kicks, para suceder o atualmente produzido no Brasil. Em relação ao sigiloso, o executivo se limitou a divulgar que se trata de um SUV. Não é difícil inferir, no entanto, que se trata do Qashqai. O modelo é o único SUV médio-compacto da marca vendido no Ocidente – é fabricado na Inglaterra   e chegaria para disputar espaço no segmento onde já estão Jeep Compass, Volkswagen Taos e ainda os rivais japoneses Toyota Corolla Cross e Honda ZR-V.
O nicho de atuação do Nissan Qashqai é o segmento de SUVs que mais novidades vem apresentando nos últimos anos. Atualmente, o modelo está na terceira geração, lançada globalmente em fevereiro de 2021 em meio ao turbilhão da pandemia, e deve receber uma reestilização de meia-vida para a linha 2025 – que seria a ocasião ideal para o lançamento no Brasil. Ele deve também estrear o novo motor turbo, também anunciado para ser feito em Resende. O mais cotado é o KH5T, um propulsor 1.5 turbo, que acompanha o sistema ePower, no qual o motor atua como gerador para alimentar as baterias de um ou dois motores elétricos. As potências atualmente vão de de 134 a 190 cv com torques de 24 a 34 kgfm, aproximadamente. A motorização convencional oferecida seria com o propulsor HR13DDT, produzido pela Renault no Paraná sob o nome de H5Ht, conhecido comercialmente como TCe 1.3 turbo, de 170 cv e 27,5 kgfm, que equipa as versões de topo do Duster e da Oroch.
O Qashqai avaliado no Chile tem exatamente esta última motorização, e por lá é gerenciada tanto por um câmbio manual de seis marchas – que no Brasil não tem mais mercado – quanto pelo câmbio CVT XTronic. Vale ressaltar que o modelo é o primeiro da marca a ser construído sobre a plataforma CMF-C, da Renault Nissan Alliance, e como todas as novas estruturas, é mais rígida, leve e funcional para todos os tipos de usos. Pela mesma razão, utiliza materiais mais leves e técnicas avançadas de estampagem e soldagem para aumentar a resistência e reduzir o peso.
Segundo a marca, estrutura e carroceria são, no total, 60 quilos mais leve e 41% mais rígida que a do modelo anterior, mesmo sendo um pouco maior que seu antecessor. O tamanho é compatível com os rivais do segmento. Ele tem 4,43 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,63 m de altura e 2,67 m de entre-eixos – medidas intermediárias entre o Kicks e o X-Trail. A altura livre para o solo é de 20 cm e o porta-malas comporta 430 litros.
Esta nova plataforma permite que o Qashqai seja equipado com suspensão independente nas quatro rodas com arquitetura McPherson na frente e Multilink na traseira, como os melhores do segmento. Ele ainda estreia um novo conjunto de freios a disco ventilados nas quatro rodas. Quando se trata de design, a Nissan manteve sua política de evoluir a linha aos poucos, sem quaisquer disrupções. Ou seja: o Qashqai mantém as proporções e linhas gerais da geração anterior, mas ganhou traços mais musculosos e modernos com a inclusão de elementos visuais que já aparecem nos demais modelos da marca e de vincos retos, que parecem ter sido moldados com uma espátula.
Por enquanto, ele parece mais largo e equilibrado graças à tradicional grade ampliada V-Motion com acabamento cromado acetinado e também por suas novas dimensões – ganhou cerca de 3 cm no comprimento e na largura e 2 cm no entre-eixos. Os faróis full led trazem as clássicas luzes diurnas em forma de bumerangue, de série em toda a gama, e as lanternas traseiras mantiveram os piscas integrados. A silhueta tem muito do antigo Qashqai, mas com uma postura mais atlética e dinâmica graças a um porta-malas mais afiado e uma linha de cintura ascendente que cruza toda a lateral. E há também um pilar C escurecido, para gerar a sensação de teto flutuante. Não é inovador em design, mas parece moderno e atlético, características que atraem públicos mais amplos em todo o mundo.
Por dentro, o cockpit é extremamente confortável e fácil de manipular. Além disso, tem uma qualidade percebida muito maior, com mais requinte e um melhor aproveitamento dos materiais. O design do painel é moderno, visualmente limpo e mais funcional. A tela flutuante na versão de topo avaliada é de 9 polegadas, enquanto o cluster é separado e totalmente digital, com 12 polegadas. Uma terceira tela é um head-up display que funciona bem e traz as informações de interesse mais imediato para o motorista – como velocidade e dados do GPS.
A central multimídia oferece boa conectividade através dos aplicativos Apple CarPlay sem fio e Android Auto via cabo, que se conectam facilmente. O sistema é rápido parte dos controles é feita através de botões físicos – o que torna a manipulação mais segura, pois não exige que o usuário olhe diretamente para eles durante o uso. O console é limpo, com uma pequena alavanca, freio de estacionamento elétrico e muitos espaços para colocar telefones. Ficou faltando o carregador sem fio.
Também foram melhorados os bancos traseiros, que têm mais espaço para as pernas, espaço para a cabeça e, sobretudo, largura, o que permite a acomodação de três pessoas sofrendo bem menos do que acontecia na geração anterior. Um último ponto de evolução é o robusto pacote de assistência à condução, disponível desde as versões iniciais, mas que fica mais completo na versão de topo, Exclusive. Estão presentes monitoramento de fixa, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma, sensores de ponto cego e de obstáculos dianteiros e traseiros, câmera 360 etc.

Primeiras impressões
Pequenos e grandes acertos
A maior novidade do Qashqai é o novo e moderno motor HR13DDT. Este quatro-cilindros a gasolina de 1.3 litro, com exatos 1.332 cm³, tem injeção direta, turbocompressor e recebeu mais de 50 novos componentes para atender ao padrão de emissões Euro 6d. Como novidade, ele é associado a um sistema híbrido leve de 12 v, com um motor elétrico que se converte em para cumprir a função de partida e adicionar torque diretamente na transmissão em momentos de aceleração.
No Chile, ele está configurado para render 155 cv e 26,5 kgfm – um pouco menos que os 170 cv e 27,5 kgfm que oferece na versão da Renault. Ele trabalha associado com um câmbio manual de 6 marchas, que não será oferecido no Brasil, e também com o câmbio CVT XTronic. No país andino, ele tem opções de tração 2WD e 4WD, mas no Brasil deve ser oferecido apenas com tração dianteira.
O motor é muito bom, e também é assistido por um pequeno gerador elétrico. A força adicional desse sistema é de apenas 4,9 cv e 1,94 kgfm e é tão discreta que fica difícil dizer se essa assistência é decisiva ou não, porque não é realmente sentida. Por outro lado, a ajuda certamente ajuda a reduzir as emissões, importante em processos de homologação. O que fica claro é o fato de o trem de força ser bom. Ele empurra bastante quando exigido e tem força mais do que suficiente para mover o carro. Não é forçado, trabalha em velocidade normal embora talvez pudesse ser mais incisivo nas recuperações a partir de 100 km/h.
O problema nessas exigências é que pode consumir muito. É um motor pequeno, mas nessas situações o turbo causa uma sede semelhante a de motores bem maiores. Na cidade ele ficou em torno de 8,5 km/l – talvez chegasse a 9 km/l se conduzido mais suavemente  , enquanto na estrada ficou em cerca de 13 km/l. Qashqai nunca foi um veículo eficiente, e agora, embora tenha melhorado em diversos aspectos, não se tornou um dos líderes nesse quesito.
O câmbio é bom e ponto de nem sempre ficar evidente que é um CVT. É rápido na progressão, mantém a suavidade e tem uma operação linear, com o bônus adicional de que nunca, ou raramente, ultrapassa o giro que o tornaria escandaloso. Ele sabe ler as solicitações e administra de forma inteligente. Dá para perceber que é um carro mais leve e rígido, o que resulta em maior agilidade de condução, sendo fácil de dirigir, muito seguro, muito confortável, e com pouca inclinação e rolamento em curvas.
A suspensão independente funciona muito bem e mantém o carro colado ao chão, com um pouco de desenvoltura quando exigida, mas é bem calibrada para ser confortável no uso misto, com bom amortecimento quando necessário. Talvez nesta versão o problema sejam os pneus, que têm um perfil muito baixo com o aro de 20 polegadas, e transmitem muito da rugosidade do pavimento. A cabine até é bem isolada, mas os pneus vão na contramão do conforto.
Um último ponto é a melhora na posição de condução, que tem melhor visibilidade graças a duas mudanças de design: a coluna dianteira ficou mais estreita e afastada do motorista e o retrovisor externo foi deslocado para as portas e ficou mais próximo. O SUV da Nissan tem pequenas falhas, como o consumo, a falta de carregador sem fio e os pneus de perfil muito baixo que rouba o conforto. Por outro lado, trouxe grandes e pequenos acertos, com mudanças bem pensadas que recompensam quem usa o Qashqai.

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