07/11/2023 às 01h54min - Atualizada em 07/11/2023 às 01h54min

Honda ZR-V aposta na dirigibilidade de sedã para brigar com Compass e Corolla Cross

Fusão de conceitos

O novo Honda ZR-V é meio que um estranho no ninho. Trata-se de um crossover com um desenho totalmente diferente dos outros modelos da marca e com uma proposta bastante incomum para o segmento, que é a de oferecer dinâmica e postura mais própria de sedã que de SUV, apesar de manter características como espaço interno, boa altura livre para o solo e carroceria encorpada. O ZR-V é produzido no México e chega apenas na versão Touring pelo prelo de R$ 214.500. Esse valor empurra o modelo para o confronto com as versões de topo de rivais do segmento de SUVs médio-compactos, como Jeep Compass Limited, Corolla Cross XRX Hybrid e Volkswagen Taos Highline.
A não ser pelo Compass, que é mais alinhado com o perfil aventureiro da Jeep, os demais concorrentes brigam pelo mesmo consumidor, que buscam um carro de passeio com uma pose imponente. Só que além da pose, o ZR-V oferece também uma posição de condução e um comportamento dinâmico que realmente remete a um sedã. A plataforma, inclusive, é a mesma do Civic e é por acreditar que seu novo carro será uma alternativa palatável aos antigos consumidores do sedã médio que a Honda aposta em chegar a uma média de 1 mil unidades mensais. Caso se confirme, a Honda vai brigar com o Taos pelo 3º lugar do segmento, com aproximadamente 10% do total.
As medidas do ZR-V seguem o padrão dos SUVs médio-compacto ou C-. Ele tem 4,57 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,61 m de altura e 2,66 metros de entre-eixos. O porta-malas tem capacidade para 389 litros e a altura livre para o solo é de 17,8 cm. Sob o capô, o SUV traz um motor aspirado com 2.0 litros e quatro cilindros, com injeção multiponto. Ele rende 161 cv e 19,1 kgfm e é gerenciado por um câmbio CVT com sete marchas pré-programadas.
O interior segue o mesmo conceito estético do Civic, marcado pela grade inteiriça no console frontal, onde ficam as saídas de ar-condicionado digital de duas zonas. Projetado a partir deste console, aparece a tela flutuante de 9 polegadas da central multimídia. Já o painel traz uma tela digital de 7 polegadas ao lado do velocímetro analógico. No centro, há um console central de duas alturas e logo à frente um tapete para carregamento sem fio de celulares.
Na parte de segurança, o ZR-V traz oito airbags – frontais, laterais, de cortina e de joelhos – e o pacote de recursos ADAS chamado Honda Sense, semelhante ao presente no Honda HR-V, com alerta de colisão com frenagem autônoma, controle de cruzeiro adaptativo com stop ‘n go e monitoramento de faixa, entre outros. Ele traz ainda chave presencial, revestimento em couro sintético – claro ou escuro, dependendo da cor externa do veículo – e sensores de obstáculos dianteiros e traseiros e câmera de ré. São equipamentos que o nivela com os rivais, mas a expectativa da Honda é o ZR-V agrade mesmo por unir elementos de sedãs e de crossover sem abrir mão da dinâmica nem da habitabilidade.
 

Ponto a ponto

Desempenho ‑ O motor 2.0 litros aspirado oferece uma dinâmica consistente, que prioriza a suavidade de funcionamento. Nas acelerações e retomadas, a liberação da potência de 161 cv e do torque de 19,1 kgfm é progressiva e conta com reações precisas do câmbio CVT, com sete marchas emuladas. A aceleração de zero a 100 km/h em 10,9 segundos e a máxima de 195 km/h são compatíveis com a proposta mais elegante do crossover. Nota 8.
 
Estabilidade – O ZR-V traz um conceito de suspensão mais refinado, com McPherson na frente e eixo de torção atrás. A ideia é mesmo conjugar conforto e equilíbrio, o que é facilitado pelo fato de a estrutura, que a é a mesma do Civic 11, ter uma alta rigidez torcional. Mesmo sendo um SUV, o modelo da Honda, com 1,61 metro, não é tão alto, o que favorece o controle da carroceria, tanto em relação à rolagem nas curvas quanto pela firmeza nas retas, sem flutuação ou exigência de correções. Nota 9.
 
Interatividade ‑ A Honda usou os mesmos conceitos básicos usados no Civic 11 na hora de pensar o ZR-V. A generosa tela da central multimídia de 9 polegadas fica alinhada com o topo do volante, bem na linha de visão do condutor. O sistema conta com espelhamento e carregamento sem fio para celulares, o pacote Honda Sensing de sistemas avançados de assistência ao condutor, ADAS, incluindo controle de cruzeiro adaptativo com recurso stop ‘n go. O SUV tem ainda ar-condicionado digital duplo, banco do motorista com ajuste elétrico, painel digital de 7 polegadas, sensores dianteiros e traseiros, câmera de ré, chave presencial. Nota 8.
 
Consumo – O ZR-V Touring bebe somente gasolina e apresenta números de consumo apenas coerentes com peso, tamanho e motorização. Na avaliação do InMetro, a média fica em 10,2 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada, com nota C tanto na categoria quanto no geral. Nota 6.
 
Conforto – Este é um dos pontos altos do ZR-V. A suspensão absorve com muita eficiência as irregularidades e proporciona uma rodagem suave e confortável. Mas o que realmente diferencia o novo crossover da Honda é a posição de conduzir. Os bancos dianteiros têm estrutura no encosto que apoia as costas em diversos pontos para distribuir melhor o peso do ocupante. Com isso, o motorista se sente abraçado, numa posição mais encaixada, como se estivesse realmente em um sedã – com a vantagem de ter uma visão periférica melhorada pela altura do veículo. O habitáculo é amplo e o entre-eixos de 2,66 metros oferece bom espaço para as pernas de quem vai atrás. O isolamento acústico é bem eficiente (o para-brisa, inclusive, é acústico) e o som do motor só é percebido quando se trafega em giros mais altos. Nota 10.
 
Tecnologia – Plataforma nova do Civic é leve e rígida, e o ZR-V traz o pacote ADAS padrão da Honda, com controle de cruzeiro adaptativo com stop ‘n go, alerta de colisão com frenagem autônoma, monitor da faixa da direita etc. Tem ainda ar-condicionado duplo, chave presencial, controle de descida, central multimídia com conexão sem fio, faróis full led e oito airbags etc. Já o motor 2.0 aspirado segue um conceito mais tradicional e não se destaca nem em desempenho, nem em consumo, mas se vale de uma dinâmica suave e progressiva. Nota 7.
 
Habitabilidade –O habitáculo do ZR-V tem uma altura menor se comparado a outros SUVs/crossovers do segmento, as a posição oferecida aos ocupantes dos bancos dianteiros é muito superior. O interior, com console central de duas alturas, oferece diversos nichos para organizar os objetos. O espaço no banco de traz é bem generoso para dois passageiros, com apoio de braços, entradas USB. O porta-malas não é dos maiores para o segmento, mas o acesso a seus 389 litros é muito bom pela amplitude da tampa traseira. Como no HR-V, os limpadores de para-brisa ficam ocultos quando não estão em uso, para uma integração maior com a estrada. Nota 9.
 
Acabamento – A Honda tem um bom padrão de acabamento, que é mantido no ZR-V. O interior, inclusive, traz diversos elementos do Civic 11, como a saída de ar que se estende por todo o console frontal a partir do painel. Os materiais também são de qualidade, com superfícies macias em todos os pontos de toque e com revestimento em couro – na unidade testada, em cinza claro. O habitáculo tem uma certa sofisticação e se destaca por ter proporções mais próximas às de sedã. Nota 8.
 
Design ‑ O visual do ZR-V foge da chamada family-face padrão da Honda. O desenho é mais arredondado, a grade tem estilo boca, as linhas são suaves e os relevos, musculosos. limpas, modernas e esportivas, sem tentar passar a ideia de robustez, comum em modelos que se definem como SUVs, mas que são mesmo crossovers. De perfil, a frente alongada acentua esta elegância e a traseira, as lanternas têm um formato de cutelo, são discretas. A Honda abriu mão de qualquer ousadia, mas criou um design equilibrado e agradável. Nota 8.
 
Custo/benefício – O ZR-V Touring chega por R$ 214.500 para brigar na faixa mais alta do segmento C-, ou SUVs médio-compactos, que tem preços em torno dos R$ 210 mil, como Compass Limited, Corolla Cross XRX Hybrid e Taos Highline. Ele é razoavelmente completo, tem bom acabamento e motorização adequada, mas deve mesmo se valer dos consumidores saudosos do Civic para alcançar as mil unidades mensais pretendidas. Nota 7.
 
Total ‑ O Honda ZR-V somou 78 pontos em 100 possíveis.
 

Primeiras impressões

Mundos integrados
Desde que os utilitários – sejam picapes ou SUVs – invadiram o mercado de carros de passeio, o mantra das fabricantes a cada lançamento era que o modelo teria uma maneabilidade de sedã. É fato que foram se aproximando, principalmente em relação a estabilidade e conforto, mas até agora poucos apresentaram um SUV/crossover que cumprisse a promessa como o Honda ZR-V.  No momento que o condutor se instala atrás do volante, fica evidente a ergonomia típica de um sedã. Esta sensação, segundo a marca, se dá pelo alinhamento da altura do quadril com a do calcanhar. Num SUV, a posição é mais ereta, enquanto non ZR-V é mais encaixada. Além disso, os bancos com o encosto estruturado para apoiar as contas em vários pontos, para distribuir o peso, gera um conforto adicional. Ou seja: traz vários elementos de um GT clássico, com a vantagem de ter bons assentos na parte traseira.
                O adjetivo clássico fica por conta da motorização. Embora eficiente para animar o ZR-V, o motor 2.0 de 161 cv e 191,1 kgfm é comportado demais. Ele prioriza a linearidade das acelerações e o conforto de rodagem, sem qualquer despejo brusco de potência. Essa progressividade, bem controlada pelo câmbio CVT, inspira a condutor a assumir também uma postura mais tranquila, para desfrutar a suavidade e a elegância do crossover.
Esse comportamento é adequado para o uso urbano, mas em ambiente rodoviário pode frustrar um pouco quem gosta de uma direção mais agressiva. Na estrada, o CVT alonga demais a relação final e mantém o motor em rotações medianas. A Honda não teve qualquer intenção de injetar esportividade no ZR-V, apesar de apresentar reações até animadoras quando o motor é chamado às falas – como em uma retomada para uma ultrapassagem. De qualquer forma, há o paddle shift atrás o volante, para que se possa interagir de forma mais determinada com o carro.
A dinâmica é outro ponto de destaque do ZR-V. O chassi, o mesmo do Civic 11, mostra muita solidez e consistência, mesmo quanto é forçado em curvas de raio curto. A suspensão absorve com muita eficiência as irregularidades. Além disso, adiciona um controle de rolagem lateral e estabilidade direcional acima da média para o segmento. O novo crossover da Honda faz uma aposta que contempla quem que realmente unir a dirigibilidade de um sedã sem abrir mão completamente do espaço e da habilidade de um SUV.
 

Ficha técnica

Honda ZR-V Touring

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.996 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote variável na admissão e no escape. Acelerador eletrônico e injeção multiponto de combustível.
Transmissão: Transmissão continuamente variável (CVT) acoplada por conversor de torque com sete marchas pré-programadas e paddle shifts no volante. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração.
Direção: Elétrica com monitoramento de faixa com assistente de esterçamento.
Potência máxima: 161 cv a 6.500 rpm com gasolina.
Torque máximo: 19,1 kgfm a 4.200 rpm com gasolina.
Diâmetro e curso: 86,0 mm X 85,9 mm. Taxa de compressão: 10,8:1.
Suspensão: Independente nas quatro rodas com McPherson na dianteira e Multilink na traseira. Controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. Oferece ABS com EBD, assistente de partida em rampa, controle de descida e sistema de frenagem autônoma.
Pneus: 215/60 R17, com monitoramento de pressão. Estepe temporário 135/90 R17.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,57 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,61 metro de altura e 2,66 metros de entre-eixos. Altura livre para o solo de 17,8 cm. Oferece oito airbags – duplos frontais, laterais, de cortina e de joelhos de série.
Peso: 1.446 kg.
Capacidade do porta-malas: 389 litros, com 1.306 litros com os bancos traseiros rebatidos.
Tanque de combustível: 53 litros.
Produção: Celaya, México.
Preço da versão Touring: R$ 214.500.

LANÇAMENTO DO HONDA ZR-V NO BRASIL por Eduardo Rocha | Auto Press

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