24/10/2023 às 00h18min - Atualizada em 24/10/2023 às 00h18min

Peugeot 2008 apostar na relação custo/benefício e reduz o preço para ganha sobrevida para 2024

Lei da compensação

Um automóvel é um objeto de moda. E é a própria indústria que incentiva esse tipo de abordagem. Afinal, se há o que está na moda, há o que saiu de moda. A partir daí, vem um estímulo para que os consumidores desejem, no caso, trocar de carro. Para consolidar a ideia do automóvel como objeto de moda, o meio mais simples é o visual. Por isso, os carros ficam arredondados, ou mais orgânicos, depois mais retos, ou geométricos, e em diversos graus, a combinação dos dois conceitos. É nesse aspecto que fica flagrante o envelhecimento do Peugeot 2008. O modelo tem 10 anos de mercado, pouco mais de oito no Brasil. Não seria um tempo exagerado, mas em um segmento feroz como o de SUVs, isso faz dele o projeto mais antigo do segmento.
Não é só uma questão de idade, já que o Jeep Renegade foi lançado quase ao mesmo tempo. A diferença é que o design do 2008 se apoia em elementos de moda – ele é o muito arredondado e tem lanternas típicas da época. Além disso, o modelo não passou por renovações significativas, nem em conteúdo, nem em motorização – ao contrário do Renegade. Por isso mesmo, para a linha 2024, a Peugeot resolveu alterar um dos fatores mais importantes da equação montada pelos consumidores e reduziu os preços e rearrumou a gama. Com isso, cada versão conta apenas com um motor específico: 1.6 16V na Allure e Roadtrip e THP na Style e Griffe. Os preços caíram até R$ 4 mil, sendo que a maior diferença é exatamente na versão Roadtrip, que passa a fazer a função da antiga Style 1.6 16V e custa R$ 114.990.
A versão é animada pelo conhecido motor EC5 VTI flex de 113/120 cv e 15,4/15,7 kgfm, com gasolina/etanol, gerenciado por câmbio automático de seis marchas. É um motor bastante antigo que, mesmo tento passado por algumas modernizações, não consegue acompanhar os propulsores mais modernos nem em desempenho, nem em consumo. De relevante, o modelo traz de série airbags frontais e laterais, ar-condicionado digital com duas zonas, luz diurna em led, trio elétrico, controle de cruzeiro, sistema multimídia com tela touch de 7 polegadas e conexão via cabo com aplicativos Android Auto e Apple CarPlay, bancos revestidos parcialmente em couro, barras no teto, molduras nas caixas de roda e rodas de liga leve aro 16 – uma diferença é que na antiga Style ela é em preto e na linha 2024 passa a ser diamantada. Esta versão tem ainda faróis de neblina, volante em couro, câmara de ré (sem o sensor traseiro) e alarme.
O poder de atração do preço mais baixo ainda não fez efeito, embora tenha sido implementada há quase três meses. O modelo continua com vendas bastante pequenas e até o fechamento desta edição não havia acumulado este ano nem 1.500 unidades – a média é de 152 unidades mensais. A fábrica da Stellantis em Rezende, no Rio de Janeiro, originalmente PSA, é a última no mundo a produzir esta primeira geração do modelo – na China e na Europa, esta geração saiu de linha em 2019. E para dificultar um pouco mais o desempenho comercial do modelo, ele está sendo envelhecido pela convivência nas concessionárias com o e2008, versão 100% elétrica do 2008 de segunda geração.
 
Ponto a ponto
Desempenho – O pequeno SUV da Peugeot trabalha com o antigo motor EC5 1.6 16V, que acusa a idade na hora de movimentar o carro. Os números de ficha técnica são até razoáveis – 113/120 cv e 15,4 kgfm, com gasolina e etanol –, mas é insuficiente para dar dinâmica aos mais de 1.200 kg do modelo. E ainda por cima é anestesiado pelo câmbio de seis marchas, da japonesa Aisin. O zero a 100 km/h é feito em demorados 14 segundos. Ele tem três modos de condução, que altera de forma sensível o comportamento. No modo Eco, o 2008 fica sem força qualquer ímpeto, modo normal ganha um pouco de ímpeto, mas ainda é moroso. No modo Sport, o motor passa a esticar muito as marchas, grita bastante, mas não oferece um comportamento mais impetuoso. No caso da unidade de teste, estava abastecido com etanol e não chegou nem perto do consumo apontado pelo InMetro, de 7,6 km/l na cidade. Ficou sempre próximo dos 6 km/l. Nota 5.
Estabilidade – Mesmo com 20 cm de distância livre do solo, o 2008 tem uma suspensão no estilo europeu, bem firme, para manter um bom controle sobre a carroceria. O SUV não rola nas curvas e também consegue filtrar boa parte das irregularidades do pavimento. Nas retas, mesmo em velocidades altas, mantém o rumo sem exigir correções de trajetória. Nota 8.
Interatividade – O painel no conceito i-cockpit, em que os instrumentos são visualizados por cima do volante, é bastante funcional. Os instrumentos elevados ficam na linha de visão do motorista e o volante de diâmetro reduzido dá um ar esportivo ao 2008, que não é sustentado pelo motor desta versão. A tela “touch” de 7 polegadas, de série em todas as versões, fica também em posição elevada e facilita o acesso aos recursos de mídia, telefone ou GPS, mas também sofre com a idade de projeto. Ela só faz espelhamento quando conectada ao celular por cabo. Os bancos têm abas ressaltadas, mas têm uma ergonomia sofrível. A impressão o encosto tenta expulsar o condutor. O modelo conta com câmera de ré, mas não com sensor de obstáculo na traseira. Nota 7.
Consumo – No Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro, o modelo 1.6 16V com câmbio automático obteve nota C tanto na categoria de SUVs compactos quanto na classificação geral. As médias auferidas pela instituição foram 7,6/11 km/l na cidade e 8,6/12,4 km/h na estrada. Para os padrões atuais, é um tanto gastador. Nota 6.
Conforto – A suspensão é firme, mas filtra com eficiência os desníveis do piso. Os bancos dianteiros têm abas pronunciadas, mas não acomodam bem o corpo dos ocupantes. Caso não se acione o modo Sport no câmbio, o isolamento acústico é bom e preserva o conforto dos passageiros. Há um bom espaço para pernas e cabeça, mas a estrutura compacta do modelo se faz sentir na largura. Três ocupantes no banco traseiro vão acabar passando aperto. Nota 7.
Tecnologia – Quando lançado no Brasil, em 2015, dois anos depois da Europa, o 2008 usufruía de imagem de tecnologia e modernidade. Mas a Peugeot vem esticando a vida dessa primeira geração do modelo e essa defasagem é percebido sem esforço. Atualmente, é o SUV mais antigo atualmente no mercado. Além dos itens obrigatórios, com ABS, ESP e airbags frontais, traz airbags de cortina, ar-condicionado digital duplo e câmera de ré. O sistema multimídia tem tela pequena para os padrões atuais, com 7 polegadas, e só tem plena conectividade com o uso de cabo. Nota 6.
Habitabilidade – Apesar da boa altura do SUV da Peugeot tem um rebaixo entre a porta e o teto que volta e meia vitima a cabeça de quem entra no habitáculo. Já por dentro, ele tem um bom espaço. A não ser pelo porta-malas, que é modesto para o segmento, com 355 litros – até o teto e com a fileira traseira rebatida, acolhe mais de 1.100 litros. Em torno dos passageiros e motorista, há nichos e porta-trecos, como à frente da alavanca de câmbio, sob o console central e na base das portas. Ali é possível abrigar adequadamente objetos de uso cotidiano, como celular, óculos, envelopes, etc. Nota 8.
Acabamento – O bom acabamento, que costuma caracterizar os modelos Peugeot, não se perdeu com o envelhecimento do 2008. Os materiais aparentam qualidade e são combinados com bom gosto. Na versão testada – que é equivalente à atual Roadtrip, os bancos são revestidos parcialmente em couro e o ambiente é valorizado por detalhes em alumínio, em cromado e molduras em preto brilhoso e nos instrumentos. Nota 8.
Design – O 2008 era muito ousado na época do lançamento e talvez por isso não tenha envelhecido bem. Toda a linha já tem uma nova linguagem visual e nas concessionárias ele convive com o e2008, que traz as linhas da segunda geração do SUV compacto, lançada em 2019 na Europa. As linhas arredondadas e orgânicas já podem ser consideradas conservadoras atualmente. Nota 6.
Custo/benefício – O preço passou a ser um argumento de venda para o Peugeot 2008 com a motorização 1.6 16V ‑a marca chegou a reduzir de R$ 4 mil a R$ 5 mil tem preço inicial de R$ 109.990 e na versão equivalente à testada, a Roadtrip, começa em R$ 114.990. Isso coloca o 2008 nivelado com os SUVs mais baratos do mercado. Nota 8.
Total – O Peugeot 2008 somou 69 pontos em 100 possíveis.
 
Impressões ao dirigir
O peso da idade
Na nova estrutura de preços do 2008, as versões de entrada Allure e Roadtrip, foram as que tiveram o mais desconto. E o motivo é bem simples: a Peugeot quer alavancar as vendas a partir da relação custo/benefício. Afinal, o 2008 é um SUV com um bom porte, estável, espaçoso e bem acabado. Mas tem dois pontos que jogam contra: mesmo que seja um automóvel bonito, tem um design datado, e o motor EC5 VTi ‑ que já presta serviços há mais de 25 anos. Este mesmo motor equipa o novo 208, mas vai perder a vez com a chegada do propulsor GSE 1.0 Turbo, o mesmo do Fiat Pulse.
O fato é que o propulsor com seus 113/120 cv e 15,4/15,7 kgfm não oferece um desempenho adequado ao modelo, que pesa mais de 1.200 kg. Com a evolução das normas de emissões, o EC5 foi sendo estrangulado e perdendo força ao longo dos anos. A relação peso/potência fica em torno de comportados 10 kg/cv e o câmbio automático de seis velocidades consegue anestesiar ainda mais as reações do modelo. A não ser que se use permanentemente o modo Sport, mas aí a vida fica um pouco mais selvagem: as marchas são esticadas, os ruídos do motor invadem o habitáculo e a voracidade no consumo se torna insustentável.
No mais, o SUV da Peugeot mantém as mesmas qualidades que apresentou quando chegou no Brasil. Uma delas é o i-cockpit, que na época que foi apresentado – inaugurado pelo hatch 208 ‑ era espantosamente inovador. Hoje, o conceito básico foi absorvido em parte pela indústria, com a elevação das telas do sistema multimídia. Por outro lado, o habitáculo é estreito e o porta-malas de 355 litros é pequeno para a categoria. De qualquer forma, tem a versatilidade de poder rebater o banco traseiro e praticamente triplicar esta capacidade.
Outra dessas qualidades que o 2008 manteve é padrão de acabamento. Não se trata só dos materiais – até porque a indústria em geral usa componentes bem semelhantes ‑, mas pelo cuidado e bom gosto na distribuição dos elementos. Por outro lado, os bancos dianteiros seguem um conceito antigo, que busca segurar o corpo do ocupante a partir das abas laterais. A concepção mais moderna é utilizar uma estrutura de encosto em forma de costelas, que e apoia as costas em diversos pontos.
 
Ficha técnica
Peugeot 2008 1.6 16V
Motor 1.6: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, comando simples no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 120 cv a 5.800 rpm e 113 cv a 6 mil rpm com etanol e gasolina.
Torque máximo: 15,4 kgfm a 4 mil rpm com gasolina e 15,7 kgfm a 4.750 com etanol.
Transmissão: Automática de seis velocidades a frente e uma a ré. Tração dianteira.
Aceleração 0-100 km/h: 12,2 s com etanol e 14 s com gasolina.
Velocidade máxima: 186 km/h com etanol.
Diâmetro e curso: 78,5 mm X 82 mm. Taxa de compressão: 12,5:1
Suspensão: Dianteira tipo pseudo McPherson, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos pressurizados a gás e barra estabilizadora. Traseira com travessa deformável, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos pressurizados a gás e barra estabilizadora.
Pneus: 205/60 R16.
Freios: A disco nas quatro rodas com ABS e EBD.
Carroceria: SUV em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,16 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,58 m de altura e 2,54 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série na versão.
Peso: 1.222 kg.
Capacidade do porta-malas: 355 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: Porto Real, Brasil.
Lançamento mundial: 2013.
Lançamento no Brasil: 2015.
Face-lift no Brasil: 2019.
Preços: Allure R$ 109.990; Roadtrip R$ 114.990; Style THP R$ 129.990; e Griffe THP R$ 134.990.

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