23/10/2023 às 14h09min - Atualizada em 23/10/2023 às 16h10min

Como conservar a saúde num mundo poluído

por florence rei, química e bióloga

Florence Rei, química e bióloga
www.florencerei.com
Criador: Lilkin | Crédito: Getty Images/iStockphoto

Isso pode parecer conversa de ambientalista ou globalista querendo “defender” o meio ambiente dos abusos humanos! Embora a poluição ambiental tenha tudo a ver com a maneira como vivemos e exploramos a mãe natureza, o foco hoje é aprender a viver nesse ambiente criado por nós mesmos, mas que agora nos cobra muito caro os maus-tratos sofridos nos últimos 30 ou 40 anos.

É a Terceira Lei de Newton – Para toda ação na natureza existe uma reação igual e oposta. E a população humana tem testemunhado um aumento sem precedentes nos casos de cânceres, doenças do coração, doenças autoimunes, já consideradas epidêmicas, diabetes e o autismo, com um crescimento exponencial de 787% em apenas 25 anos.

Embora muitos queiram atribuir o aumento das doenças a uma melhor e mais moderna tecnologia diagnóstica, o argumento é fraco e não consegue provar o que pretende. A verdade é que o mundo adoeceu, e junto com ele os seres humanos também adoeceram. Agora o melhor é procurar entender como chegamos até aqui, e o que podemos fazer do ponto de vista pessoal, na tentativa de resguardamos a saúde e retardarmos o envelhecimento. 

O conhecimento nos traz o poder de escolha, daí a importância de aprendermos a lidar com a quase imensurável contaminação e exposição aos tóxicos que foram introduzidos no meio-ambiente. Quanto mais entramos em contato com estas substâncias tóxicas e assimilamos internamente esses produtos químicos, maior as chances de provocarmos o que chamamos de estresse oxidativo (explicação adiante) em nosso corpo, e o consequente processo inflamatório, resultando em doenças e envelhecimento precoce.

Podemos dizer e ilustrar o que é o estresse oxidativo comparando com o que acontece com uma banana ou maçã quando tiramos a casca da fruta ou cortamos a maçã e deixamos em contato com o ar por alguns minutos. A parte exposta da fruta começa a ficar marrom, ou seja, começa a oxidar. O mesmo que acontece com um prego quando exposto à chuva, ou seja, ele começa a enferrujar. Pois bem, nós também enferrujamos toda vez que entramos em contato com uma toxina.

Devido à industrialização, hoje é simplesmente impossível escapar aos efeitos do mundo poluído em que vivemos, não importa onde você more. Com o ar que respiramos, a água que bebemos, os alimentos que ingerimos, a carne que consumimos e a maneira como estruturamos a vida em sociedades, as toxinas permearam todos os setores da nossa existência. 

Quando essas toxinas entram em nosso corpo, elas começam a causar danos imediatos. Não importa se estamos falando em metais pesados, como por exemplo o mercúrio, pesticidas ou aditivos químicos. Toda toxina cria o mesmo dano fisiológico – o estresse oxidativo, afirma o médico Rashid A. Buttar. É claro que o corpo possui as próprias defesas que combatem os radicais livres criados pelo estresse oxidativo. São as famosas substâncias antioxidantes como, por exemplo, a glutationa. E nós também podemos ajudar no combate aos radicais livres consumindo substâncias antioxidantes como a vitamina C, as frutas vermelhas etc. No entanto, se o contato com os agentes causadores do estresse oxidativo não for resolvido, teremos, cada vez mais, que aumentar o consumo de agentes antioxidantes, mas a “estratégia” também tem um limite, e quando esta para de funcionar, as doenças crônicas encontram um caminho, ou seja, se estabelecem. 

Todas as doenças, não importa que seja o câncer, doença do coração, doenças crônicas ou neurológicas, resultam dos danos causados às células pelos radicais livres. E estes são gerados pelo estresse oxidativo causado, principalmente, pelas toxinas as quais somos expostos e entramos em contato diariamente. Afirma Rashid A. Buttar e experts da medicina natural.

Algumas exposições são possíveis de serem contornadas, enquanto outras são mais difíceis de serem minimizadas, como, por exemplo, o ar que respiramos.  Mas vamos observar e explorar, pelo menos, àquelas substâncias e vias que ainda temos algum controle sobre elas: é o caso da água que bebemos e tomamos banho. É muito importante ter um filtro no chuveiro que você usa, somente assim conseguirá evitar o contato e absorção pela pele de substâncias que causam imenso mal à saúde, como o cloro, o flúor e metais pesados como o chumbo, o mercúrio e até mesmo o arsênico. Essas e outras substâncias podem penetrar através da pele e alcançar à parte interna do corpo, e o processo de “enferrujamento” interno tem início. A água que tomamos é a mesma coisa, é preciso estar muito atento à água que bebemos, e ter um bom sistema de filtragem em casa é imprescindível.

Outra via de contaminação importantíssima são os alimentos que ingerimos. De acordo com o Pediatra e Cirurgião Americano C. Everett Koop, praticamente, todas as doenças humanas podem ser associadas a alguma coisa que colocamos dentro do nosso corpo. O sistema gastrointestinal é o portão de entrada da saúde, pois é ele quem assimila os nutrientes e elimina o que não tem proveito, afirma Rashid Buttar. Por isso é essencial dar ao corpo o que há de mais puro, nutritivo e livre de contaminantes, ou seja, a seleção de alimentos deve ser prioridade no dia-dia. Ah... mas é exatamente aqui que começam os nossos mais graves problemas!

Primeiro não compreendemos ou entendemos muito bem o alcance que tem na nossa saúde os alimentos e líquidos que ingerimos. Por exemplo, quando falo em cuidados com a água que tomamos não quero dizer que esta pode ou deve ser substituída por sucos ou Coca-Cola. Ambos vêm carregados de açúcar e não há nada pior para a saúde do que a ingestão de açúcar. A quantidade de insulina e energia necessárias para neutralizar até mesmo uma colher de chá de açúcar é surpreendente! Hoje a ciência está absolutamente ciente do papel que o açúcar desempenha nas doenças crônicas. No entanto, fomos treinados e acostumados a comer TUDO com açúcar. Produtos industrializados têm açúcares disfarçados com diversos nomes, dando a ilusão de que não estamos consumindo muito açúcar. 

Deixe um pouco de lado todas as dietas mágicas existentes e simplifique a vida, aconselha o saudoso médico Rashid Buttar. A primeira coisa importante a ser lembrada é evitar alimentos que tenham conservantes. Aprenda e habitue-se a ler rótulos, e caso você não reconheça dois ou mais ingredientes listados, NÃO compre o alimento. Sim, se você quer ter saúde e preservar a aparência jovem é preciso muito critério num mundo abarrotado de produtos químicos. 

A segunda dica a ser frisada é lembrar que a maneira mais natural de se alimentar é escolher uma dieta alta em proteína e baixa em carboidratos. Por quê? Porque consumimos muito mais carboidratos do que necessitamos. Carboidratos, quando processados, viram açúcar e como expliquei anteriormente o açúcar é um veneno para a saúde. A famosa médica ginecologista e obstetra Christiane Northrup chegou mesmo a comparar o açúcar à cocaína. Eu sei... acabei com a alegria de muitos. Mas não desanime, vamos em frente!

Deus nos fez de tal forma que precisamos de combustíveis (sim, os carboidratos), precisamos de proteínas – blocos de construção da vida, e gordura para guardarmos energia. O problema é que ingerimos muito mais combustíveis do que precisamos, seja na forma de vegetais crus, pães de grãos integrais, bolos, balas e doces. Sim, tudo vira açúcar! Como não corremos maratonas todos os dias e não consumimos todo o açúcar ingerido, este precisa de mais insulina para ser metabolizado, o que traz diversos problemas à saúde, como diabetes e doenças do coração, além de se transformar em gordura e ser armazenado nos lugares que você não deseja (barriga, quadril, coxas etc.).

Proteínas, por que precisamos? Porque elas são os blocos construtores do corpo! Porém, e aqui é preciso muito cuidado, a fonte de proteínas precisa ser correta e limpa. Carne? Sim, podemos e devemos comer carne, mas com moderação, pois o excesso, especialmente devido ao ácido araquidônico encontrado nas carnes vermelhas, piora inflamações. O cordeiro, o peru e o frango também são boas opções para evitar o excesso de carne vermelha. Porém, aqui vai uma grande ressalva: dê preferência ao gado e frango de pasto livre e sem antibióticos. Caso contrário, a ingestão desses alimentos, no lugar de ajudar a saúde, servirá mais como uma forma de aumento de toxinas no corpo. Os peixes também são excelente fonte de proteínas, mas aqui vai mais um alerta: dê preferência aos peixes de águas profundas e selvagens, não criados em cativeiros no mar. Caso contrário podemos nos intoxicar ainda mais com o mercúrio existente nos peixes de águas rasas (o salmão selvagem e o bacalhau selvagem podem ser uma boa opção, pois são peixes de águas profundas).

Por último vem as gorduras. Sim, por incrível que pareça elas são importantes na nossa dieta! E segundo o doutor Buttar, “Não se preocupe com a quantidade de gordura, mas sim com o tipo de gordura que você consome.” Calma, vamos lá, eu explico!

Infelizmente, os alimentos comerciais contendo gorduras e óleos processados que tanto gostamos, como salgadinhos, biscoitos, massas, pães, bolos, balas, molhos de salada, maionese, cereais e barrinhas, incluindo os alimentos promovidos como sendo “livre de colesterol”, “sem gordura”, “produtos para diabetes”, “perda de peso”, “alimentos para veganos”, estes são os piores que podemos consumir. Por quê? Porque esses alimentos têm gorduras poli-insaturadas ou parcialmente hidrogenadas, contendo alguma combinação de margarina e mistura de gordura insaturada. Evite também as gorduras poli-insaturadas encontradas nos óleos de milho, algodão e o óleo de soja. A exceção aqui é o óleo de linhaça, vital para a integridade da membrana das células, funcionamento dos órgãos e produção de hormônios. 

O melhor tipo de gordura para consumo, do ponto de vista da saúde são: azeite de oliva extra virgem, manteiga orgânica, manteiga ghee, também conhecida como manteiga clarificada, óleo de côco e linhaça.

Consumir verduras e frutas orgânicas é o ideal! Eu sei, esses alimentos são mais caros. No entanto, caro mesmo é perder a saúde e gastar o salário ou a aposentadoria em médicos e remédios. Tudo isso porque vivemos numa “sopa” de poluentes e não nos damos conta de que estes são os grandes vilões e responsáveis pelo aumento e aparecimento de doenças que não ouvíamos falar no passado. Hoje elas estão tão presentes em nossas vidas que nem mesmo estranhamos. Passou a ser normal ter, por exemplo, doença autoimune, problema de coração, diabetes, pressão alta etc. Pense nisso, e escolha o melhor e o possível para você e àqueles que ama. Qualquer esforço hoje, trará benefícios incalculáveis no futuro. Saúde!

por Florence Rei, formada em Química pela Oswaldo Cruz em São Paulo, graduada pela Faculdade de Medicina OSEC em Biologia e formada em Microscopia Eletrônica. Atualmente vive na Flórida (USA) e desde 2019 vem atuando como pesquisadora independente e escritora. contato:  www.florencerei.com  / email: florence.rei.florence@gmail.com 

 


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