Dia da Gastronomia Coreana; conheça a história e curiosidades

O calendário da cidade de São Paulo homenageia a gastronomia coreana pela primeira vez nesta segunda, dia 23

Giulia Alve

A cidade de São Paulo ganhou uma nova data comemorativa em seu calendário. O dia 23 de outubro passa a ser o marco oficial da celebração do Dia da Gastronomia Coreana. O projeto de lei foi criado pela vereadora Sandra Tadeu (União Brasil – SP) e sancionado no início do mês.

Diferente das culinárias japonesa, chinesa e tailandesa, a cozinha coreana começou a ser mais procurada pelos brasileiros nos últimos anos, devido a ascensão do movimento cultural Hallyu, ou “onda coreana” em tradução livre. No Brasil, o produto da Hallyu mais popular é o K-Pop e, além da música, séries (K-Drama) e culinária (K-Food), também destacam-se o K-Beauty e K-Fashion, produtos de beleza e moda coreana, respectivamente.

Características da culinária coreana

A partir da culinária de todo país é possível aprender um pouco de sua história, tradição e costumes, e com a Coreia do Sul não seria diferente. O arroz, ingrediente básico da cozinha coreana, era também usado como pagamento de impostos antes de se tornar o produto mais presente nos pratos do país. Outros ingredientes fundamentais são verduras, legumes e carnes, especialmente de frango e suína.

Se no Brasil há entradas ou porções populares como batata frita e torresmo antes do prato principal, na Coreia a tradição são os banchan, ou acompanhamentos. A prática de introduzir guarnições nas refeições se consolidou na época da Dinastia Goryeo (918-1392) e da Dinastia Joseon (1392-1897).

Os tipos e quantidades de banchan foram aumentando conforme o passar do tempo e servir uma grande variedade deles em uma refeição é uma forma de mostrar a prosperidade do país e da família, além da generosidade e preocupação com os convidados, sendo uma parte integral das celebrações na cultura coreana.

Os acompanhamentos mais populares são arroz, kimchi (acelga fermentada), japchae (macarrão de batata doce com legumes), jeon (panqueca, geralmente de cebolinha), nabo, broto de feijão e alho em conserva.

Arroz com frango apimentado no estilo coreano e os banchan de kimchi e japchae (Créditos Giulia Alves)

A pimenta também é um ingrediente que não pode ficar de fora da culinária do país. O condimento foi inserido na cozinha coreana por volta do século XVI e seu consumo se tornou cada vez mais popular devido às suas propriedades de alívio do estresse – uma das reações do corpo humano ao digeri-la é liberar endorfina, o hormônio do bem-estar e melhora de humor. A forma mais popular de pimenta usada nos pratos é a gochujang, uma pasta cuja base de preparo é o condimento e ela pode ser vista em pratos como o topokki (bolinho de arroz) e frango frito.

Curiosidades

A história deste país asiático foi escrita por diversas invasões e períodos intensos de guerra, como a seguida da Segunda Guerra Mundial que resultou na divisão do território em Coreia do Sul e Coreia do Norte.

Períodos como esses fizeram a sociedade coreana aprender a valorizar a comida, criando uma espécie de regra de etiqueta não se desperdiçar comida. Seja em casa ou em restaurantes, não é bem vista a atitude de deixar comida sobrando no prato.

O povo coreano dá tanto valor à comida que esta também é uma forma de mostrar gratidão e reconhecimento. Na Coreia é muito comum que um bom gesto seja retribuído com comida ou que alguém mostre seu carinho e afeto pelo outro ao presenteá-lo com pratos da culinária ou idas a restaurantes.

Falando nos restaurantes, jantares de negócio ou como “happy hour” são práticas frequentes no país, mas a conta não costuma ser dividida entre os participantes, a tradição é de que o mais velho pague para todos.

Pratos tradicionais

Kimchi
Apesar de ser um banchan, o kimchi também é um prato tradicional da culinária coreana, estando presente em todas as refeições, inclusive, no café da manhã. O kimchi mais popular é feito de acelga, gengibre e pimenta, mas existem mais de 300 tipos com variados legumes, verduras e temperos.

Bibimbap
Servido geralmente em uma panela de pedra quente, o Bibimbap leva arroz, legumes cozidos, carne (geralmente bovina), ovo frito e gochujang. Os legumes podem incluir espinafre, cenoura, broto de feijão, abobrinha e cogumelos dispostos sobre o arroz. O prato deve ser consumido misturando todos os ingredientes, fazendo uma espécie de “mexidão”.

Bulgogi
O bulgogi é uma carne bovina marinada em uma mistura de molho de soja, açúcar, alho, gengibre e cebola. Geralmente, é feito em chapa, sendo muito popular em restaurantes de churrasco coreano, onde o próprio cliente grelha a carne na mesa. É frequentemente servido com arroz, folhas de alface e pasta de soja.

Uma das formas de comer bulgogi é também com legumes como cenoura e nabo (Créditos Giulia Alves)

Topokki
Este é um dos pratos mais populares entre os brasileiros. Feito de tok (bolinhos de arroz), é cozido em um molho espesso e condimentado feito com gochujang, açúcar, alho e outros temperos, resultando em um sabor doce e levemente apimentado. Além dos bolinhos de arroz, o prato costuma levar também massa de peixe, ovo, cebolinha e repolho. Uma das variações é o cheese topokki, em que é acrescentado queijo.

Onde encontrar

Como citado no início do texto, a culinária da Coreia tem sido cada vez mais procurada pelos brasileiros e um dos lugares com maior oferta desta gastronomia é o bairro do Bom Retiro, popularmente conhecido por abrigar a colônia coreana.

Repleta de restaurantes familiares que começaram a abrir suas portas em meados da década de 70, os fãs da Hallyu encontram na região a famosa Feira do Bom Retiro, inaugurada em fevereiro de 2022 e que tem chamado a atenção nas redes sociais em vídeos que viralizam ao mostrar influencers consumindo as comidas mais tradicionais da culinária coreana no evento e mostrando suas reações.

A Feira do Bom Retiro se tornou ponto de encontro de fãs de cultura coreana (Créditos Giulia Alves)
Além dos pratos vistos anteriormente, os visitantes também encontram aperitivos do street food coreano, uma das modalidades da gastronomia focada em pratos de rua como o hot dog e o espeto de massa de peixe.

A Feira também é uma oportunidade de conhecer mais sobre a cultura da Coreia através de apresentações de canto, dança e instrumentos tradicionais, além de workshops de culinária e dobradura que acontecem periodicamente.

O evento é realizado todo sábado, das 10h às 17h, na Rua Cônego Martins, próximo da famosa Rua José Paulino e tem entrada gratuita.

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