06/10/2023 às 14h58min - Atualizada em 07/10/2023 às 00h02min

Forma de ensinar meninas deve mudar para garantir às mulheres espaço nas profissões do futuro

Para Deborah De Mari, fundadora da plataforma educacional “Força Meninas”, a abordagem STEAM é um caminho para ampliar a mobilidade econômica das garotas brasileiras

Bruno Ricardo
Reprodução Instagram Fundação Arcelor Mittal
As mulheres serão excluídas das profissões do futuro se a forma de ensinar ciência e matemática às meninas não mudar. O mundo digitalizado em que vivemos exigirá profissões cada vez mais ligadas à engenharia e tecnologia e, hoje, as mulheres já estão à margem desse mercado. Segundo dados da UNESCO, a representação de mulheres na liderança nos setores de Ciência e Tecnologia está entre 0% e 2%. É uma situação que a empreendedora social, pesquisadora e jornalista Déborah De Mari chama de “abismo de oportunidades”. Para ela, a situação tende a piorar e a mudança deve começar na sala de aula, “especialmente no Ensino Fundamental”.
“Nas olimpíadas do conhecimento, como a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática), o número de meninas participantes até o 6º ano é muito maior do que o de meninas que persistem na competição do 6º ao 9º ano, diz Déborah. Segundo ela, isso acontece porque quando chegam à adolescência, o processo de socialização (incluindo a escola) reforça estereótipos femininos tradicionais. O apoio às meninas que se destacam em matemática nem sempre é presente e a atenção às estudantes de alto desempenho é diferente daquela dedicada aos meninos, exemplifica a pesquisadora. 
“Isso impacta a forma como as meninas se relacionam com o estudo e em suas escolhas de carreira”, diz Deborah, que é fundadora da plataforma educacional “Força Meninas” e que ouviu 1.382 estudantes de escolas públicas de nove estados no Brasil na pesquisa “Meninas Curiosas, Mulheres de Futuro”, lançada em fevereiro deste ano. Segundo a pesquisa, a grande maioria das meninas hoje sonha com as mesmas carreiras que as meninas de 30 anos atrás sonhavam.
“Apesar de todas as mudanças que aconteceram no mundo, as aspirações das meninas demonstram que elas não estão conectadas às novas demandas do mercado de trabalho”, diz Déborah, prejudicando suas perspectivas profissionais. “Enquanto as mulheres já são 59,8% dos formandos universitários no Brasil, as meninas entre 15 e 22 correspondem a 52% dos que não estudam e nem trabalham”, afirma Deborah. 
Para mudar essa realidade, Déborah defende a adoção da abordagem STEAM, acrônimo em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, áreas que Déborah identifica como cruciais para o futuro. A abordagem STEAM promove a educação por meio de projetos desenvolvidos coletivamente em sala de aula pelos alunos e professores, trabalhando transversalmente os temas dessas áreas. Dessa forma, as garotas podem ser estimuladas a se envolverem em campos de interesse aos quais, pelo sistema atual, não são atraídas. “Um terço das meninas deixa de estudar porque não tem interesse no aprendizado que recebe.”
“A abordagem STEAM é uma oportunidade para resgatar o talento das meninas brasileiras, trazendo-as para dentro do contexto econômico atual e aumentando suas chances de mobilidade financeira”, diz ela. “Desenvolvendo projetos, entendendo a relação das áreas do conhecimento com seus interesses e seu cotidiano, e sendo protagonistas das soluções dos trabalhos, as meninas podem absorver e expressar melhor seu potencial”, raciocina Déborah. É a questão do exemplo prático. “Se eu posso ver, eu posso fazer”, resume.
"Como incentivadores nessas áreas, os professores têm papel fundamental para conseguirmos realizar uma mudança sistêmica como a inserção de mais mulheres nas áreas de Ciências, Matemática, Engenharia e Tecnologia", conclui Deborah De Mari.

O Prêmio Liga STEAM 
A abordagem STEAM vem sendo promovida de forma sistemática há dois anos pela Liga STEAM, projeto criado em 2022 pela Fundação ArcelorMittal que, em 2023, ganhou a adesão da Fundação Banco do Brasil. O projeto tem gestão pedagógica da Tríade Educacional, referência na abordagem STEAM no país. A gestão técnica é da AVSI Brasil. 
Em 2023, o Liga STEAM selecionou 50 projetos de Educação Infantil, 50 projetos de Ensino Fundamental e 50 projetos de Ensino Médio de 83 cidades de 18 estados e do Distrito Federal, totalizando 150 iniciativas, que seguirão para a próxima fase da competição. Serão premiados projetos coordenados por professores da rede pública e desenvolvidos por seus alunos para resolver questões relevantes em suas comunidades. 
A próxima etapa do Prêmio Liga STEAM 2023 será a implementação dos projetos nas escolas. Em novembro, serão divulgados os finalistas nas três categorias e os vencedores serão conhecidos em dezembro. As escolas vencedoras do Ensino Fundamental, a partir do 3º ano, e as do Ensino Médio serão premiadas com um laboratório de robótica. A escola vencedora de Educação Infantil (a partir de 4 anos) até o 2º ano do Ensino Fundamental receberá uma brinquedoteca. Para os segundos e terceiros lugares das três categorias, os prêmios são em dinheiro, a serem revertidos em equipamentos e benfeitorias para as escolas.

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