Diversidade, equidade e inclusão requerem intencionalidade

Por Fabiana Galetol, diretora executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee Brasil

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Entre os importantes pilares em diversidade e inclusão que ganharam lugar de fala nos últimos anos está o geracional. Moramos em um país onde as pessoas vivem cada vez mais e é preciso pensar em etarismo e múltiplas gerações atuando juntas e por mais tempo no mercado de trabalho. Portanto, garantir oportunidades e sentimento de pertencimento a profissionais com diferentes idades passou a ser fundamental dentro das empresas.
 
Abro um adendo aqui para contar minha experiência. Aos 20 anos, ingressei como estagiária em uma grande companhia e, com quatro anos de carreira, me tornei gerente. Eu tinha acabado de completar 25 anos de idade e passei a liderar profissionais com 25 anos de empresa! Precisei comprovar minhas habilidades e competências em vários momentos, e era claro, também para mim, que eu não sabia tudo.
 
No início, havia uma atmosfera de ansiedade quanto ao que esperavam de mim e, às vezes, eu não tinha nem a experiência de vida para contribuir com algo. Entretanto, rapidamente percebi que fazia parte de um processo complementar e podia aprender muito com os colegas de trabalho, além de ter nas mãos a possibilidade de abrir portas para diferentes pontos de vista. Permaneci 30 anos nesta companhia, onde atuei em oito diferentes funções. O ambiente inclusivo presente me proporcionou uma rica experiência em trabalhar com diversidade em todos os cargos que ocupei.
 
Em 2020, me aposentei e veio a pandemia. Eu tinha uma nova perspectiva de vida, sentia necessidade de compartilhar todo o meu repertório e devolver às pessoas. Por isso, busquei fazer mentorias e coaching, o que foi ótimo por um período. Mas, me vi ainda completamente apaixonada pelo mundo corporativo e com saudade dos desafios. Entretanto, dois detalhes me preocupavam: estávamos em isolamento social e eu já havia completado 50 anos. Aí vieram as dúvidas: será que realmente o mercado está aberto a pessoas 50+? Vou conseguir voltar e contribuir com todo o meu repertório?
 
Era um momento diferente de carreira e o que antes já contava, passou a contar ainda mais. Minha busca era menos por remuneração e mais por qualidade de vida, incluindo propósito, possibilidade de deixar um legado, compartilhar experiências, ser reconhecida e, sobretudo, me sentir pertencente. Acionei, em meu network, profissionais que atuavam em empresas que brilham os olhos em relação à diversidade e inclusão, e que reunissem iniciativas reais, não apenas um valor bem escrito no site ou apresentado em um power point. Foi assim que cheguei a Pluxee.
 
Recomecei minha carreira aos 51 anos, durante a pandemia, como diretora de RH de uma multinacional presente em 31 países, mesmo depois de ficar mais de 10 anos fora desta área e com apenas cinco anos de experiência. Contaram a meu favor a enorme vontade de voltar e atuar em um time diverso e ambiente incluso, mas, sobretudo, o amor que desenvolvi pela gestão de pessoas.
 
Em 2023, completei três anos na companhia e tenho a honra de poder contribuir com minha bagagem em um dos desafios mais importantes para a história da empresa: o rebranding da área de Sodexo Benefícios e Incentivos, que agora é Pluxee. É uma oportunidade de reinvenção, aprendizado, troca. E o melhor: a base da nova marca é diversidade, inclusão, inovação e oferecer o que mais importa para cada pessoa.
 
Por que contei tudo isso? Para justificar que é fundamental ter intencionalidade ao trabalhar os pilares de diversidade e inclusão. Dentro dessa intenção, devemos ressaltar o que há de melhor para ser potencializado e buscar ajuda para aquilo que não conseguimos resolver sozinhos. E os desafios em incluir gerações, gêneros e raças são mais comuns do que imaginamos.
 
Hoje, a população interna da Pluxee é formada por 54% de mulheres e, na liderança, dos nossos 134 gestores, 41% são mulheres. Talvez, esse fosse um pilar para o qual não precisássemos dar tanto foco, certo? Pelo contrário! Por que não o potencializar? Então, partimos para uma jornada de aceleração de mulheres e seu crescimento em cargos de liderança. Começamos com um projeto pequeno e evoluímos por meio de testes, muito aprendizado e ajustes na rota quando necessário.
 
O Programa Acelera Mulheres teve início com apenas 11 mulheres. Com duração de 9 meses, o projeto convida esse público para o autoconhecimento, sessões de mentoria e coaching e mapeamento de cargos ascendentes, a partir da prontidão dessa profissional para abraçar um novo desafio. Das primeiras 11 participantes, 7 já tiveram ascensão na carreira, não necessariamente em um cargo de liderança imediato, mas tendo acesso a possibilidades de desenvolvimento real de carreira e de senso de pertencimento.
 
Além da aceleração de futuras líderes, também escolhemos impulsionar nosso pilar referente à raça. Em todo o mercado de trabalho, a população negra está longe de ter presença justa e ideal, tanto em cargos de liderança quanto na própria representatividade dentro das organizações. Por isso, nos associamos ao projeto Mover, movimento de equidade racial com 49 outras empresas que trabalham juntas na missão de inserir 3 milhões de negros (pretos e pardos) no mercado de trabalho, além de 10 mil negros em cargos de liderança em 10 anos.
 
É um trabalho intenso e diário, com o qual construímos oportunidades não só para o nosso quadro de colaboradores. O investimento em responsabilidade social impacta todo o mercado de trabalho, levando em consideração que a sociedade brasileira é composta por 56% de negros, que têm acesso reduzido a boas oportunidades. Conscientizar, capacitar e recrutar é nossa grande missão.
 
Por isso, deixo aqui uma provocação: em seu próximo processo de recrutamento e seleção, pergunte aos candidatos o que eles realmente buscam. Você pode se surpreender (ou não) com respostas direcionadas ao respeito à diversidade e à liberdade para expressar diferentes pontos de vista.

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