19/09/2023 às 16h34min - Atualizada em 20/09/2023 às 00h00min

Pedestre em perigo!

No Brasil, houve um aumento de 13% no número de pedestres traumatizados em sinistros de Trânsito, comparando dados do primeiro semestre de 2022 com o primeiro semestre de 2023

Poliana Leite é doutora em Transportes e integrante do Mova - se Fórum Nacional de Mobilidade
Kasane Comunicação
Arquivo pessoal
Recentemente, pessoas próximas têm comentado sobre conhecidos atropelados na faixa de pedestre: uma colega da igreja, uma professora da escola, um sobrinho, uma prima... Ao buscar dados sobre o tema, encontrei algo alarmante. No Brasil, houve um aumento de 13% no número de pedestres traumatizados em sinistros de Trânsito, comparando dados do primeiro semestre de 2022 com o primeiro semestre de 2023, segundo a Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).

O mais grave é que Goiás apresentou o maior número em termos absolutos e esse número assusta, pois, a quantidade de internações do estado 90% da quantidade de internações da região centro-oeste. Entre janeiro e junho de 2023, Goiás apresentou 6.402 internações, número aproximado à soma de internações dos quatro estados do sudeste, 6.921. Para efeitos comparativos, o número de internações no estado de São Paulo equivale a 48% do número de internações do estado de Goiás. No entanto, a população de Goiás representa 15,8% da população de São Paulo.

Por que Goiás tem números tão assustadores quando se trata de segurança no trânsito? Há quem diga que o motorista de Goiás é mais agressivo, ou que falta fiscalização. Mas sabe-se que a segurança no trânsito é uma preocupação no mundo inteiro e uma das principais causas de morte entre crianças e jovens de 5 a 29 anos.

O paradoxo está entre os fatos e a lei. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, os pedestres têm prioridade sobre outros veículos. No entanto, o número de atropelamentos só aumenta, comprovando que ele continua vulnerável, independente da lei. Então como proceder quando a regulamentação não é suficiente para redução dos acidentes?
Há maneiras de influenciar no comportamento do usuário da via, seja com medidas duras (infraestrutura, penalização) ou com medidas leves (educação, conscientização). Algumas soluções estão sendo implantadas em outros países: campanhas de conscientização direcionadas a grupos específicos categorizados não só pelos dados socioeconômicos, mas pelo estilo de vida; intervenção urbana com projetos que priorizam pedestres e ciclistas aumentando o convívio em espaços públicos e movimentando o comércio local (a exemplo dos projetos de Janette Sadik-khan); projetos de ruas completas, caracterizados por proporcionar acesso a todos independente do modo de transporte ou limitações de locomoção; educação infantil para o trânsito, iniciando as crianças no conhecimento acerca das leis e dos cuidados; medidas moderadoras de tráfego (traffic calming) como a que foi implantada no centro de Goiânia com a zona 40, reduzindo a quantidade e a severidade dos acidentes na região.

Este último exemplo comprova que não é só na Europa. Boas soluções estão sendo implantadas aqui, na esquina das nossas casas. Muito mais pode ser feito!

Poliana Leite é doutora em Transportes e integrante do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade


 

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