05/09/2023 às 02h30min - Atualizada em 13/09/2023 às 02h30min

BYD apresenta o sedã esportivo elétrico Seal, com a mesma estratégia bem sucedida compacto Dolphin

Sede oceânica

Para usar uma imagem já consagrada, a chegada da BYD no mercado brasileiro de automóveis foi como colocar um tubarão na piscina. Com o lançamento do compacto Dolphin, o padrão de preços de modelos elétricos mudou radicalmente – todos, sem exceção, rebaixaram a tabela. A marca chinesa, que é a maior fabricante de veículos elétricos do mundo (somando automóveis, utilitários e caminhões), resolveu apostar com o sedã esportivo médio Seal, um segmento cativo das marcas de luxo. E esse é mesmo o alvo do novo BYD. O preço de R$ 296.800 o coloca em vantagem num confronto direto com modelos como Mercedes-Benz CLA Coupé, BMW 218 Grand Coupé e Audi A5 40, que custam sempre bem acima de R$ 300 mil. Detalhe: todos têm motores a combustão, enquanto o Seal é 100% elétrico.
Para começar, o Seal chama a atenção por conta do design sofisticado. As linhas são limpas e aerodinâmicas, com um perfil alongado e sinuoso, frente baixa e traseira alta. Os conjuntos óticos também são estiloso. Faróis bem afilados e as luzes de direção aparecem como um apêndice em forma de gancho. Já as luzes de rodagem diurna são quatro frisos em forma de arco, que dão muita personalidade ao modelo. Chama a atenção nas laterais as maçanetas que se escamoteiam nas portas. Já as lanternas são em led cobertos por uma máscara perfurada, que provoca um efeito bastante elegante. Outro elemento que se destaca é o teto totalmente em vidro, sem qualquer travessa de reforço. Essa fluidez das linhas não apequena o bom porte do modelo, que tem 4,80 metros de comprimento com 1,88 m de largura, 1,46 de altura e 2,92 m de entre-eixos.
Esse detalhe é possível, inclusive, por conta do conceito construtivo do Seal. A estrutura da chamada e-Platform 3.0 usa o conjunto de baterias no piso como parte integrada do chassi (um sistema chamado de Cell to Body). Além de criar um assoalho plano e de rebaixar o centro de gravidade do veículo, como sempre acontece com carros elétricos, esse recurso aumenta bastante a rigidez da carroceria – a ponto de desprezar a necessidade de uma viga no teto ligando as colunas centrais. E isso em um modelo com nada menos que 531 cv e 60,2 kgfm.
Mesmo sendo um modelo com mais de duas toneladas (exatos 2.185 kg), é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 3,8 segundos. Aliás, como se trata de um modelo elétrico, foi esta referência que a BYD resolveu estampar na traseira: “3.8s”. Essa potência toda é gerada por dois motores instalados um em cada eixo, com tração integral AWD. O motor dianteiro rende 218 cv e 23,4 kgfm, enquanto o traseiro gera 313 cv e 36,7 kgfm. A máxima fica em 180 km/h.
O conjunto é alimentado por uma bateria de 82,5 kWh, montada em lâminas estruturada em forma de colmeia – daí a grande rigidez torcional. Na medição do InMetro, a autonomia é de 372 km e a recuperação de carga de 30 a 80% em carregador ultrarrápido leva 30 minutos. O carregador que acompanha o Seal, de 7,2 kW, precisa de mais de 12 horas para uma recarga total. Além da distribuição de peso, o desenho da suspensão também ajuda no controle da carroceria so Seal. Na frente, o sedã traz triângulos sobrepostos, enquanto na traseira é um sistema multilink com cinco braços de controle. As rodas são de 19 polegadas e calçam pneus 235/45.
Por dentro, o Seal segue o conceito que vem sendo implantado pela BYD em seus carros. O interior segue o estilo externo e tem quatro frisos sinuosos no console frontal, que convergem para a grande tela rotativa central, com 15,6 polegadas. Quase quatro vezes o tamanho do painel de instrumentos, que mais parece um pequeno tablet, com 8 polegadas. O acabamento combina guarnições com acabamento brilhante, seguindo os padrões em linha das luzes diurnas, cromados e painéis almofadados, com revestimento de painéis e bancos em couro sintético.
O conteúdo também não deixa o Seal devendo nada aos modelos alemães. Chave presencial para travas e ignição, chip de aproximação para travas, ar-condicionado duplo, tampa do porta-malas elétricas, faróis full led, bancos dianteiros com regulagem elétrica, aquecimento e ventilação, acionamento remoto do ar-condicionado, carregador por indução para dois smartphones. sistema de som Dynaudio. Na parte de segurança, o sedã traz sensores de estacionamento, câmera 360º, oito airbags, monitor de ponto cego, alerta de colisão, lateral e traseira com frenagem autônoma, leitor de placa com alerta de velocidade e controle de cruzeiro adaptativo. A central multimidia tem navegação por GPS e espelhamento por Android Auto ou Apple Car Play.

Impressões ao Dirigir
Dinâmica dos sonhos
O design do BYD Seal adota a originalidade como valor. E atualmente essa é uma forma eficaz de encontrar espaço no mercado de automóveis. E a lógica é simples: se os carros cada vez mais perdem o status de patrimônio e assumem a condição de objetos de consumo, o modismo e a estética ganham cada vez mais valor. No caso desse sedã esportivo, quem se interessa por automóveis dificilmente deixará de olhar mais atentamente quando se deparar com ele – e isso ficou bem evidente pela reação das pessoas nas ruas do Butantã, em São Paulo, onde foi realizado o breve teste dinâmico do modelo.
Como é um carro elétrico totalmente comandado eletronicamente, o Seal oferece ajustes detalhados para cada item de funcionamento. Há diversos comandos que exigem um mergulho nos menus de configuração para chegar onde se quer, mas a maioria dos recursos têm comandos diretos – controle de estabilidade, monitoramento de faixa, regulagem do controle de cruzeiro adaptativo e modos de condução.
O Seal pode reagir de três formas, de acordo com o modo escolhido entre econômico, normal e esportivo. Mas as diferenças são bem sutis. No modo econômico, o sedã arranca com mais cuidado, como se estivesse em uma superfície com baixa aderência. No modo normal, as arrancadas são mais imediatas, mas ainda suaves. Por fim, no modo esportivo, dependendo da intensidade da aceleração, a cabeça é empurrada para trás. Não há como impedir o sorriso de aparecer quando o Seal exibe o torque instantâneo, com um ganho de velocidade assombroso. E ponto de virar quase uma unanimidade que o melhor lugar para ter este primeiro contato com o Seal seria mesmo um autódromo.
Mais que uma estética atraente, o Seal cumpre tudo que suas linhas futuristas prometem. O interior é amplo, confortável e bem cuidado. A decoração é elegante, sem os antigos exageros dos carros chineses de uma década atrás. Já o espaço interno é extremamente generoso, com grande espaço para quem vai na fileira de trás. Os comandos são simples e objetivos, com um funcionamento fácil de decodificar. O único pecado fica com a qualidade do couro sintético utilizado no revestimento. Apesar da aplicação ser bem feita e cuidadosa, o fato de apresentar uma certa elasticidade no tato e um falso brilho no visual não o nivela com os demais detalhes do interior.
Há ideias que são melhores como ideias do que como realizações. É o caso do teto totalmente em vidro do Seal. Em um dia de temperatura tépida, como em uma primavera ou outono pouco agressivo, é agradável ficar sob uma claraboia. Mas em dias ensolarados, a ausência de uma cortina pode tornar o ambiente bastante inóspito. Esse pode ser um ponto que trave um pouco as vendas do Seal. Por que nos demais itens, o sedã esportivo da Build Your Dreams entrega bem mais do que seu preço de quase R$ 300 mil permite prever. Como a potência acima de 500 cv e um zero a 100 km/h abaixo de 4 segundos.

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