14/08/2023 às 12h30min - Atualizada em 14/08/2023 às 16h09min

Instinto paterno: Estudo aponta que paternidade desperta novas conexões de neurônios

Mudança física é consequência do comprometimento e envolvimento com a criança

Redação
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Pesquisa realizada pela Universidade Bar-Ilan, em Israel, provou que o que chamamos de “instinto maternal”, na verdade, não é um sentimento exclusivamente feminino. Isso se deve ao desenvolvimento de novas conexões de neurônios que só despertam quando o homem assume a paternidade, essa mudança física vem da consciência de ser pai ou mãe. 

Para Arthur Andrade, psicólogo da Telavita, primeira clínica digital de psicologia e psiquiatria do Brasil, refletir sobre o papel da paternidade ainda não é uma prática natural dentro das famílias e escolas, porém, esta conversa pode prevenir relações disfuncionais. Além disso, o diálogo constante permite que cada vez mais pais presentes. “Problematizar esta discussão é urgente, pois educa e responsabiliza os pais e suas relações. Dessa forma, conseguimos melhorar ao promover a construção desta paternidade consciente e saudável. O abandono afetivo paterno ainda é um tema frequente nas famílias. Tal fato provoca sofrimento e danos psicológicos importantes no filho. Portanto, devemos cada vez mais abordar a paternidade consciente e observar que também possuímos nosso papel como agentes transformadores”, completa Andrade.

A psicoterapia online pode servir como um espaço de auxílio para os pais. Em 2004, apenas 13% dos adultos buscaram ajuda de profissionais de saúde mental, mas no ano passado, esse número subiu para 23%, indicando uma crescente conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental e a busca por tratamentos adequados. “Ness espaço é possível explorar as dúvidas e inseguranças, que certamente virão dos papais novatos. Sendo assim, o trabalho com um profissional capacitado pode desenvolver habilidades diante de dificuldades mais complexas nesta relação com a paternidade”, indica o especialista.

O teste

O teste foi realizado com dois tipos de grupos de casais: os pais biológicos de uma união hétero, em que ambos participavam do desenvolvimento da criança; e casais de uma união homoafetiva, em que a criança foi gerada em uma barriga de aluguel e ambos cuidaram do bebê desde seu nascimento. Foi feita uma análise do hormônio afetivo, a ocitocina, antes do parto e depois. Com a chegada do primogênito, os cientistas acompanharam as atividades cerebrais dos pais através de ressonâncias magnéticas, em todos os testes eles viam logo antes do exames vídeos brincando com as crianças. 

Todos os pais que participaram do experimento, tanto heterossexuais quanto os homossexuais, apresentaram a ativação da rede de neurônios que une dois pontos de núcleos no cérebro humano: o responsável pelo aprendizado/experiência e o de atenção/recompensa. No casal hétero, notaram uma diferença: o pai teve uma maior atividade neural que indica dependência, em que condicionou que o instinto paternal só crescia conforme ele convivia com o filho. Já na mulher, esse instinto estava presente desde o nascimento da criança. No entanto, os pais de relacionamento homoafetivo possuíam o instinto paternal tão aflorado quanto o da mãe hétero, mostrando que o que muda e intensifica essa relação não é o sexo dos pais e, sim, o comprometimento e envolvimento com a criança.

Filiação socioafetiva

No Brasil, já são 44.942 registros de paternidade socioafetiva desde 2017, quando se tornou possível o reconhecimento nos cartórios. A Filiação Socioafetiva é o reconhecimento jurídico da maternidade ou paternidade através do afeto. Esse reconhecimento socioafetivo pode ser realizado em um cartório de registro de pessoas naturais ou judicialmente, mas existem algumas condições para que o reconhecimento seja feito. De acordo com Danielle Corrêa, advogada especializada em Direito de Família, é preciso ter no mínimo 18 anos e deve existir uma diferença mínima de idade de pelo menos 16 anos de diferença, entre quem deseja ser pai e filho.

“Se o filho for maior de idade, ele deve concordar com o registro, só podendo ser reconhecido se quiser. Além disso, é muito comum que irmãos mais velhos cuidem dos mais novos, mas eles não podem se voluntariar como pais. Há ainda a necessidade da comprovação do vínculo afetivo devendo as partes provarem o vínculo através de documentos, fotos, declarações e etc”, recomenda Danielle.

Após o registro, não existem diferenças entre o filho biológico e o socioafetivo, ambos devem ser vistos da mesma forma, tendo ainda os mesmos direitos e deveres, ou seja, o filho socioafetivo também tem o direito de ser herdeiro e até mesmo de receber pensão alimentícia. E, nada impede que o filho tenha dois pais ou duas mães e seja registrado pelos pais biológicos e afetivos, constando seus nomes até mesmo em seus documentos pessoais, como na carteira de identidade. De todo jeito, cada caso é um caso, e devem ser analisados e estudados de forma individual, pois o primordial, é que se observe o que será melhor para o filho(a). 

“A paternidade socioafetiva é uma importante construção jurídica que reconhece a relevância dos laços afetivos na formação da família. Ela representa uma evolução do conceito de família e dos direitos das crianças e adolescentes, ao estabelecer que os vínculos parentais não se limitam ao aspecto biológico. Por meio desse reconhecimento, a legislação busca proteger o direito das crianças de crescerem em um ambiente amoroso e seguro, independentemente de sua origem biológica. Contudo, é fundamental que o reconhecimento da paternidade socioafetiva seja tratado com cautela e responsabilidade para garantir a proteção integral dos direitos de todas as partes envolvidas”, finaliza a advogada. 


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