Mineradoras desenvolvem, desde 2018, planos de ação sobre a mineração sustentável. Esse modelo de negócios significa realizar a extração de minérios, ou seja, “minerar”, minimizando os impactos ambientais e atuando no desenvolvimento econômico e social das comunidades onde essas organizações operam. Entre as mineradoras que estão promovendo a transformação em seus negócios estão a Anglo American, empresa inglesa que extrai minério de ferro de Minas Gerais, níquel em Goiás e que está há 50 anos no Brasil, e a Alcoa, organização americana presente no Brasil desde 1965 e que trabalha em toda a cadeia produtiva do Alumínio. A Alcoa tem operações em Poços de Caldas (MG), São Luís (MA) e Juruti (PA). A Anglo American criou um Plano de Mineração Sustentável, que está disponível à sociedade pelo link (https://brasil.angloamerican.com/~/media/Files/A/Anglo-American-Group-v5/Brazil/sustentabilidade/abordagem-eepoliticas/conheca-nosso-plano-de-mineracao-sustentavel.pdf). O plano tem três pilares: ambiente saudável, comunidades prósperas e líder corporativo de confiança. Esses pilares estão de acordo com os preceitos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. Em ambiente saudável, a organização prevê ser neutra em carbono em todas as operações do mundo até 2040. Ser neutro em carbono significa equilibrar a emissão e a remoção de gases de efeito estufa, entre eles o dióxido de carbono, na atmosfera. “As metas da Anglo American (...) são reduzir em 30% as emissões de carbono até 2030; aumentar a eficiência energética em 30% até 2030; e ser neutra em carbono em oito de seus sites operacionais até 2030, tornando-se neutra em todas as suas operações do mundo até 2040”, diz o gerente de Meio Ambiente da Anglo American no Brasil, Tiago Alves. Toda a energia elétrica utilizada nos negócios da empresa provém de fontes renováveis, como energia eólica e solar. A frota de navios Ubuntu, da Anglo American, passou a usar GNL (gás natural liquefeito), em vez de combustíveis marítimos convencionais. E um dos projetos da empresa é o NuGen – construção de caminhões movidos a hidrogênio verde (combustível obtido de fontes de energia renováveis). Ainda no pilar ambiente saudável, a Anglo American tem o objetivo de reduzir o consumo de água em suas operações. No negócio Minas-Rio, 60% da água é recirculada (a água usada para minerar é utilizada para limpar canteiros ou máquinas, por exemplo). No negócio Níquel, a água é recirculada em 90%. Alcoa – A organização é certificada pela Aluminium Stewardship Initiative (ASI, na sigla em Inglês) – Iniciativa da Governança do Alumínio, em tradução livre para o Português. A ASI trabalha junto a produtores, usuários e parceiros da cadeia do alumínio para que, colaborativamente, possa realizar uma produção responsável do metal. A Alcoa também é membro do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), organização que preza pela responsabilidade social das empresas. Atualmente, a mineradora se empenha no desenvolvimento de Juruti, no Pará. A empresa atua junto ao governo municipal, Câmara dos Vereadores e representantes da sociedade civil. Entre as ações recentes realizadas estão a adequação do aterro sanitário do município e a reforma do 28º Destacamento da Polícia Militar. A Alcoa aposta ainda na Agenda Juruti +10, que deve promover ações nos próximos 10 anos para a cidade, envolvendo toda a população no processo. Poder público – Para o consultor de Relações Institucionais e Desenvolvimento Econômico da AMIG (Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil), Waldir Salvador, a mineração seria mais sustentável se houvesse uma participação efetiva do governo federal. Salvador lembra que os minérios são um bem público produzido no território brasileiro. “Para que isso (a mineração sustentável) aconteça, é preciso uma reestruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão do Ministério de Minas e Energia”, afirmou. A reportagem tentou falar com o Ministério de Minas e Energia, do governo federal, mas não houve retorno às questões. (Carla Soares)
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