02/08/2023 às 02h34min - Atualizada em 02/08/2023 às 02h34min

Requinte e poder

BMW i7 xDrive60 tem uma dinâmica impressionante, que só é superada pelo luxo absurdo do habitáculo

Por questão de sobrevivência, as fabricantes de automóveis não podem parar de evoluir. Muitas dessas novidades são guardadas a sete chaves até chegarem ao público, anos depois. Por isso, quando um inovador como o BMW i7 parece ter vindo diretamente do futuro, apesar de já estar sendo desenvolvido há pelo menos cinco anos. Trata-se da mais importante vitrine tecnológica da marca bávara e um dos modelos elétricos mais evoluídos disponíveis no mercado. No caso, a versão avaliada foi a xDrive60, configuração 100% elétrica do Série 7. Esta variante é a potente e luxuosa do sedã de referência da BMW – seus 544 cv só perdem para os 670 cv da versão esportiva i7 M70.
De fato, o i7 é basicamente um Série 7, mas com uma enorme bateria instalada no assoalho. Depois de uma abordagem inicial na eletrificação, em 2013, com veículos de design especial, como o i3 e o i8, a BMW decidiu que seus novos modelos elétricos seriam versões dos mesmos a combustão, exceto por alguns detalhes estéticos. Assim, o i7 é um sedã que tem as mesmas proporções gigantescas do Série 7, com 5,39 metros de comprimento, 1,95 metro de largura e 3,21 metros de entre-eixos, tudo envolto em um design que o faz parecer ainda maior. Surpreendentemente, a aerodinâmica do carro é tão bem trabalhada que, apesar de sua frente de 2,6 m² de superfície, tem um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,24 Cx.
Esta versão chamada xDrive60 usa um esquema de motor elétrico duplo, um para cada eixo, oferecendo tração nas quatro rodas. O modelo entrega os 544 cv de potência com 75,6 kgfm de torque disponíveis a partir do momento em que o acelerador é tocado – como em qualquer carro elétrico. Ambos são alimentados por uma enorme bateria de íons de lítio com capacidade de 101,7 kWh, que segundo as medidas WLTP, padrão na Europa oferece uma autonomia 100% elétrica de até 625 km.
Nos padrões do InMetro, esse alcance seria em torno de 440 km. Normalmente o ciclo WLTP privilegia a gestão urbana e os 290 km foram percorridos essencialmente em rodovias e em velocidades altas. Ainda assim, ao final do percurso o carro ainda apontava 200 km de autonomia restante. Além do bom alcance, o i7 oferece carregamento rápido de até 195 kWh em corrente contínua e 11 kW em corrente alternada. No primeiro caso, a carga total pode ser feita em 40 minutos e no segundo em cerca de 10 horas.
Esteticamente, o i7 tem tudo o que já vimos no Série 7, como os grupos ópticos divididos em duas alturas, com luzes de direção e DLR acima e faróis baixo, alto e de neblina abaixo. Vale ressaltar que a unidade testada incluía uma decoração opcional com cristais Swarovski na parte superior, o que produz um jogo de luzes muito especial. Atrás destacam-se os grupos óticos horizontais, afilados e posicionados na parte mais elevada do painel traseiro. De perfil, chamam a atenção as rodas de 21 polegadas, o teto bastante plano com uma queda bastante suave até o limite do porta-malas a partir da coluna traseira.
Todo o design é bastante minimalista. Trata-se de uma estética de carro de superluxo, com uma dianteira proeminente e linhas bastante clássicas, misturadas com elementos modernos, como as maçanetas embutidas na carroceria, que, além disso, escondem um botão que permite abrir ou fechar a porta automaticamente. Para que esse sistema funcione sem risco de bater a porta em algo, há uma série de sensores de baixa proximidade.
Bem na tradição dos modelos da Série 7, a cabine é extremamente espaçosa. Mas nessa sétima geração do sedã, com suas novas dimensões, hoje oferece o que poderia ser considerado os melhores bancos traseiros do mercado. Inclusive por herdar da geração anterior o chamado assento Executive Lounge. Como o próprio nome diz, é um banco traseiro que permite ao passageiro esticar as pernas e sentar-se em um bom assento de classe executiva de um avião, ao avançar e dobrar o banco dianteiro do copiloto e deslocar o assento do banco traseiro para frente para reclinar o encosto.
Se a posição final é magnífica, a coisa melhora quando é complementada pela chamada Theatre Screen, uma imensa tela de 31 polegadas presa ao teto com resolução 8K. Juntamente com o recurso de fechar as cortinas e escurecer o interior, permite criar um verdadeiro ambiente de cinema. Todos os recursos que conectam a tela com a central multimídia são tratados a partir de uma tela sensível ao toque de 5,5 polegadas instalada nas portas traseiras. E também a dezena de opções de massagens para o encosto, a abertura e fechamento de cortinas, iluminação ambiente, música e, claro, a conexão com o telefone.
Na parte da frente, a cabine do i7 oferece assentos amplos e confortáveis e até quatro telas para uma imersão digital completa. Há o painel digital de 12,3 polegadas e a central multimídia com tela de 14,9 polegadas, aglutinados em um grande quadro curvo, chamado apropriadamente BMW Curved Display, gerenciado pelo sistema operacional OS8. Há o head-up display de 10 polegadas em cores e com resolução impecável – opcionalmente pode ser instalada uma tela exclusiva para o copiloto. E também estreia uma linha de luz indireta que cruza o painel, chamada BMW Interaction Bar, através da qual o carro pode emitir alertas ou mesmo acompanhar o ritmo da música.

Impressões ao dirigir
Luxo sem limite
O trajeto disponibilizado pela BMW para a avaliação do modelo foi entre a cidade de Sokolov, no oeste da República Checa, até Munique, na Alemanha. Foram 290 km percorridos tanto em estradas secundárias quanto nas permissivas autoestradas alemãs, as famosas Autobahnen, incluindo alguns trechos sem limites de velocidade. 
Mas ao abordar o i7, a primeira coisa que chama a atenção é o sistema de portas automáticas. Não se trata de apenas um botão ou a aproximação com a chave para destravar o carro, como é comum hoje em dia. Neste caso, é a própria porta que se abre completamente e permite que se entre sem tocar em nada. A posição de dirigir é majestosa. O assento é altamente acolchoado e há ajustes elétricos para cada segmento do banco. É tão confortável que a sensação de relaxamento é inevitável. Mas o modelo instiga a ser posto em movimento.
Impressiona como este encouraçado de quase 5,40 metros de comprimento se move como se fosse um Fiat 500. O i7 não passa a sensação de peso nem de falta de proporção. É grande sim, mas é extremamente fácil de lidar. Obviamente é preciso se habituar às suas dimensões, principalmente em manobras de baixa velocidade em espaços apertados, para não raspar a carroceria por aí. No caso, o teste só envolveu estradas e ruas comuns, sem entrar em centros históricos ou em estacionamentos.
O i7 não só ele é silencioso em seus movimentos, mas tem muita delicadeza em tudo o que faz. A direção é bem assistida e bastante suave na movimentação, mas mantém a sensação de conexão com as rodas. E se mostra muito direta, rápida nas reações e bastante comunicativa – dá a perfeita noção de onde a roda está o tempo topo. Os movimentos do carro também são suaves graças às suspensões retiradas da oficina da Rolls-Royce, com um toque macio, que omite toda a aspereza de qualquer tipo de asfalto, apesar dos pneus gigantes (235/55 R21 na frente e 285/35 R21 atrás). É tudo que se espera de um sedã de ponta.
No entanto, se a BMW sabe fazer alguma coisa, são suspensões mistas, capazes de anestesiar os sentidos, por um lado, e de suportar cargas de inércia significativas sem ceder, por outro. Em curvas e em alta velocidade, o i7 se comporta como um verdadeiro BMW, e isso é surpreendente porque são quase três toneladas de massa que forçam a rolagem lateral. O sedã é capaz de manter altos níveis de equilíbrio de forma realmente impressionante.
A capacidade de aceleração do xDrive60 é tão impressionante e brutal que acaba mesmo por assustar o condutor, tal a reatividade do carro à mais sutil pressão no acelerador. Coisas da eletromobilidade. Carros pesados aceleram como se fossem pesos-pena. Mas embora ganhe velocidade muito rápido, o BMW i7 se mostrou uma potência de frenagem absurda. O i7, como todos os carros elétricos, possui um sistema de retenção e recuperação de energia. Mas o sedã bávaro vem de fábrica com um nível de carga elevada, até para oferecer o sistema One Pedal, que praticamente dispensa o uso do pedal de freio e se controla a velocidade do carro apenas dosando o acelerador.  Já no modo de condução esportivo, todo o conjunto se torna mais sensível e reativo (motor, suspensão e direção), e um som sintético nasce do áudio em sintonia com essa função. Sem falar no modo Boost, acionável a partir de uma haste no volante, que proporciona 10 segundos de diversão máxima.


AVALIAÇÃO DO BMW I7 XDRIVE60 
por Marcelo Palomino, autocosmos.com / chile | exclusivo no Brasil para Auto Press
 

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