01/08/2023 às 13h55min - Atualizada em 02/08/2023 às 00h02min

Escola pública do interior de Sergipe acumula prêmios e concorre para levar projetos científicos de estudantes ao Vale do Silício

Dentre os 95 projetos de iniciação científica desenvolvidos até o momento, 15 foram premiados, contando com a participação de cerca de 600 estudantes.

Amotara Agência de Notícias
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Divulgação

Estudantes do Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, escola pública de Ensino Médio Integral em Canindé de São Francisco, localizada no Alto Sertão Sergipano, criaram projetos científicos de grande impacto social e ambiental. Mais de 50 trabalhos foram desenvolvidos em 2022, e outros 40 foram iniciados este ano. Ao todo, 15 projetos foram premiados, entre olimpíadas, feiras, mostras científicas e competições diversas. Como resultado, a escola conquistou o Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (PIEC), que foi utilizado para investir na melhoria da estrutura de laboratórios e materiais para os alunos.  

Localizada a uma distância de 200 km da capital Aracaju (SE), os estudantes da escola mostram que é possível fomentar a educação básica com atividades que colocam em prática os conceitos aprendidos. Além das iniciações científicas, os estudantes também começaram a criar startups e ações de empreendedorismo com apoio do Sebrae. Em razão disso, participarão em 2023 de uma “copa” científica, onde os ganhadores concorrem à viagem para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, região onde se concentram as maiores empresas e incubadoras de inovação tecnológicas do mundo.  

"Por meio do protagonismo juvenil e do apoio de ferramentas diversificadas do Ensino Médio Integral, incentivamos nossos alunos a saírem dos muros da escola, levando a ciência e o conhecimento científico para outros lugares. Essa é a verdadeira função da nossa escola hoje, estimular os projetos de vida, com foco na ciência e na inovação tecnológica", afirma Vanessa Lima, coordenadora pedagógica.  

Hoje, a escola é referência no estado em ensino, pesquisa e extensão, contando com parcerias do Sebrae, da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec) e do Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS), bem como de algumas empresas privadas. 

Iniciação científica e valorização cultural 

Baseada nos componentes curriculares diversificados do Ensino Médio Integral, a escola encoraja continuamente os estudantes a realizarem atividades que promovam a sua formação pessoal e profissional. Os projetos surgiram em 2019 e desde então o interesse dos jovens e os resultados conquistados só aumentam.  

"Criamos eletivas livres de Iniciação Científica, que fazem parte do Ser(tão) Ciência, para que pudéssemos trabalhar com os alunos a metodologia em diferentes temas, buscando sempre abordar assuntos locais, que valorizem a cultura e que resolvam problemas reais", explica Lark Santos, professora e orientadora dos projetos.  

O Lactaneja (Bebida Láctea Sertaneja), por exemplo, é um dos trabalhos que abordam a temática da subnutrição, que é algo muito presente na região, além de utilizar matérias-primas disponíveis em abundância na localidade. Como resultado, participou da MostraTec (maior feira de ciência e tecnologia da América Latina) em 2022 e ficou em terceiro lugar na categoria Engenharia Ambiental e Sanitária. 

Outro projeto de destaque é o TrioCrim (três fitoterápicos à base de alecrim), que busca munir a sociedade das informações corretas acerca das plantas medicinais regionais. Além disso, idealiza a produção de fitoterápicos de baixo custo, a fim de contribuir para a qualidade de vida da população.  

“A pesquisa é um grande instrumento na construção do conhecimento do aluno e é muito gratificante ver o quanto a escola pública de Sergipe e o ensino em tempo integral dão oportunidades para que nossos jovens possam produzir, engajar e dar resultados para a comunidade escolar. O Dom Juvêncio de Brito é uma das grandes referências da Rede Estadual na pesquisa com reconhecimento nacional e internacional. Ficamos felizes em ver como a escola pública e o ensino médio em tempo integral transforma vidas e prepara o aluno para o futuro”, destacou Zezinho Sobral, secretário de Estado da Educação e da Cultura de Sergipe. 

Projeto de vida, protagonismo juvenil e aprendizado na prática  

Hoje estudante de farmácia na Universidade Federal de Sergipe, a egressa Anne Gabriella de Freitas, que ganhou destaque e ficou em terceiro lugar no prêmio João Ribeiro de Jovem Cientista, conta como o Ser(tão) Ciência e o Ensino Médio Integral foram fundamentais para a sua trajetória acadêmica.  

"Graças ao projeto e ao ensino integral, descobri o quanto amo a área da pesquisa e quero seguir nela. Na escola, não ficamos apenas na parte teórica, mas também aprendemos na prática, explorando nossas habilidades, seja nas eletivas ou nos clubes de protagonismo. Nos desenvolvemos por completo, assim como aprendemos o espírito de liderança e autonomia", relata Anne.  

Para Lucas Magalhães, outro estudante protagonista dos projetos, a iniciativa não só se conectou com seu projeto de vida, como também mudou sua maneira de ver o mundo e o seu futuro (pessoal e profissional). "A minha experiência no Ensino Médio Integral e no projeto foi um divisor de águas e me mostrou como a relação com os colegas, professores e equipe gestora fazem a diferença para que oportunidades surjam em diversas formas. É uma maneira de conhecer mais sobre ciência e ver na prática os seus benefícios, por meio de trabalhos que nós alunos desenvolvemos", salienta.  
Sobre o Ensino Médio Integral   

O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica multidimensional e moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando quase 1 milhão de estudantes.  


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