O crescente número de diagnóstico de jovens com miopia –134% no número de pacientes entre 10 e 19 anos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, em 2021 – acendeu o alerta da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) para o risco de outra doença ocular: o glaucoma juvenil. Isto porque em pessoas com poucos graus de refração, a chance de desenvolver glaucoma é 1,5 vez maior do que em não míopes. Agora, se o indivíduo tem mais de seis graus de miopia, o risco é cinco vezes maior.
"O glaucoma juvenil tem sinais e sintomas muito parecidos com os do glaucoma adulto. O problema é que, como ocorre muito cedo, o nervo óptico precisa ser preservado por um período mais longo, o que torna a doença mais ameaçadora para a visão", pontua o presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), Roberto Galvão Filho.
O glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo. Hoje, segundo a Sociedade Europeia de Glaucoma, 1 em cada 50 mil pessoas entre 10 e 35 anos desenvolve o chamado glaucoma juvenil de ângulo aberto (Joag, na sigla em inglês). Por trás desse crescimento pode estar a explosão dos casos de miopia provocados pelo uso excessivo de telas.
O presidente da SBG orienta que, independentemente da idade, fazer visitas regulares ao oftalmologista e manter a pressão intraocular sob controle (PIO) são as melhores maneiras de prevenir o glaucoma. Além disso, a avaliação do disco óptico, por meio da tomografia de coerência óptica (OCT), ajuda a diagnosticar precocemente a doença.
Esse exame faz uma verificação geral do nervo óptico, analisando camada por camada da retina. Isso permite constatar se a chamada escavação (uma área circular e sem fibras dentro do olho) está maior do que o normal. Se estiver, pode se tratar de um indício de que o indivíduo está desenvolvendo o glaucoma.
"A OCT facilitou o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo você detecta a doença, maiores são as possibilidades de tratamento e as perspectivas de bons resultados", afirma Galvão Filho.