Para atrair os consumidores, as fabricantes de automóveis tentam fazer com que seus modelos, de alguma forma, se destaquem na multidão. Daí surgirem versões que não se destacam de seus pares na gama por conta dos equipamentos, mas por causa de detalhes no visual. Podem ser a inserção de cromados para dar um ar de luxo, acessórios que ajudem a criar uma imagem aventureira, acabamentos em preto para ficar com ar mais malvado ou então adotar detalhes e acessórios mais chamativas, que exaltem a esportividade das linhas. Nesse último caso se encaixa o Chevrolet Tracker RS, que passou a integrar a gama do SUV nesse segundo trimestre, já como linha 2024.
A lógica da Tracker RS – sigla para Rally Sport – é a mesma em todos os modelos que ostentam a sigla, como Onix, Cruze Sport6 e Equinox. E ainda tem a Montana RS, que deve ser mostrada no final de julho. Eles mantêm a mesma motorização dos modelos de topo, mas com detalhes que deixam o visual mais apimentado. No caso, o Tracker RS se encaixa entra as versões LTZ e Premier e custa R$ 159.750. Por fora, a RS se diferencia pelo emblema da Chevrolet e letreiros em preto, logo RS na frente e na traseira, grade esportiva estilo colmeia, detalhes em preto brilhante na grade, capas dos retrovisores e base dos para-choques, rodas aro 17 com acabamento preto brilhante, faróis em full led com máscara negra e lanterna em led. No interior, bancos, volante, painel de porta e console recebem acabamento em couro sintético com pespontos vermelha. Um detalhe que valoriza a vida a bordo é o teto solar panorâmico.
No mais, o Tracker RS traz os mesmos equipamentos da chave presencial para travas e ignição, ar-condicionado digital, sistema multimídia MyLink, com tela sensível ao toque de 8 polegadas, conexão USB e Bluetooth e espelhamento de celular pelos aplicativos Android Auto e Apple CarPlay, sistema de telemática OnStar e roteador wi-fi. Na parte de segurança, ele tem alerta de colisão com frenagem autônoma, alerta de ponto cego e câmera de ré, além de recursos já consagrados no segmento seis airbags, controle de estabilidade e tração, controle de partida em rampa, sensores de luminosidade, espelhos, direção e vidros elétricos, monitor de pressão dos pneus e pontos de ancoragem para cadeiras infantis, etc.
O pacote de equipamentos é menos atraente que o da configuração de topo. A versão Premier perde o visual esportivo e é cerca de R$ 3 mil mais cara, mas adiciona ar-condicionado automático, sensor de obstáculos dianteiro, carregador sem fio, sistema de estacionamento semiautomático, a tela do painel colorida e retrovisor interno fotocrômico. Mas é sob o capô que as duas versões se igualam. Ali fica o motor 1.2 Turbo de três cilindros que gera 132/133 cv de potência e 19,4/21,4 kgfm de torque, com gasolina/etanol, gerenciado por uma transmissão automática de seis marchas. Ele é capaz de acelerar o Tracker de zero a 100 km/h em bons 9,4 segundos e levá-lo à máxima de 185 km/h. Não é um esportivo de tirar o fôlego, mas justifica o visual mais agressivo.
Ponto a ponto
Desempenho – O principal diferenciador do Tracker RS é o motor 1.2 Turbo. O motor tricilíndrico de 132/133 cv realmente deixa o SUV compacto muito bem disposto e faz uma boa dobradinha com o câmbio automático de seis marchas. O Tracker RS é ágil nas mudanças de velocidade por toda faixa útil de giros e tem uma arrancada bem convincente. Mas essa boa resposta cobra um preço relativamente alto no consumo. Nota 8.
Estabilidade – A suspensão do Tracker oferece um bom controle de carroceria com uma filtragem eficiente das irregularidades do piso. Apesar de ser um SUV com 1,62 metro de altura, o modelo rola um pouco, mesmo nas curvas forçadas. Os controles dinâmicos de tração e estabilidade são discretos, como deve ser. Nota 8.
Interatividade – O Tracker RS perde alguns equipamentos interessantes em relação à versão Premier, como ar automático, sistema semiautomático de estacionamento e sensores dianteiros. Ainda assim, manteve a simplicidade de interação, um dos pontos de sucesso do modelo. Os comandos ficam nos lugares tradicionais e o modelo tem recursos como roteador, sistema multimídia que se espelha celulares sem o uso de cabo e roteador de internet para até sete aparelhos. O modelo tem ainda alerta de ponto cego e câmera de ré. É um carro bastante amigável. Nota 8.
Consumo – Nos testes do InMetro, o Tracker apresentou um consumo médio de 7,2/9,2 km/l com etanol na cidade/estrada e 10,4/13,2 km/l com gasolina, nas mesmas condições. São números piores que os que esse motor apresentava até a implementação do Proconve L7. Tanto que caiu na categoria de B para C, e manteve o C no índice geral. Nota 6.
Conforto – O espaço interno é generoso para quatro ocupantes. A suspensão é eficiente ao isolar as imperfeições do piso, mesmo com rodas aro 17. O isolamento acústico é bom, mas o motor tricilíndrico não é tão discreto quando exigido. De qualquer forma, tem um som rascante agradável. Nota 7.
Tecnologia – O Tracker usa a plataforma GEM, sigla para Global Emerging Markets. É a mesma do Onix e até da nova Montana e se caracteriza por ser leve e ter boa rigidez torcional – que se traduz em estabilidade e conforto de rodagem. No segmento, o Tracker RS tem os recursos esperados para um modelo da categoria. Nota 8.
Habitabilidade – Como é usual em SUVs, a área para pernas e cabeça é generosa e o teto solar cria uma agradável sensação de amplidão. O Tracker tem diversos nichos no interior, que facilitam a vida dos ocupantes e o porta-malas, além de carregar 393 litros, tem uma prateleira que eleva o fundo do compartimento e facilita o uso. O assento traseiro elevado em relação ao dianteiro torna a viagem mais agradável para quem vai atrás. Nota 9.
Acabamento – O Tracker RS traz muitas áreas revestidas em couro sintético – além de bancos, volante, alavanca de câmbio, apoio de braço, painéis das portas e console frontal. A composição de materiais é discreta e agradável, com detalhes em prata e cromado e protetores de coluna e teto em cor clara. Por dentro, o aspecto esportivo da versão só é visível no revestimento dos bancos, que traz uma faixa central em tecido. Nota 8.
Design – Apesar de estar em seu quarto ano de mercado brasileiro, o visual do Tracker ainda guarda frescor e jovialidade – características bem exploradas na versão RS. As linhas horizontalizadas na frente e atrás alargam visualmente o caro e dão um porte robusto. Ao mesmo tempo, as guarnições em preto na base das portas e moldura das rodas, junto com os detalhes em preto brilhante, dão um ar mais agressivo ao SUV. Nota 9.
Custo/benefício – O preço do Chevrolet Tracker RS fica próximo da faixa superior dos SUVs compactos, mas equipamento semelhantes e preço mais atraente que os rivais diretos, como Volkswagen T-Cross Highline e Hyundai Creta N Line. Nota 8.
Total – O Chevrolet Tracker RS 1.2 Turbo somou 79 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Equilíbrio de forças
O motor de três cilindros da General Motors, chamado de E-Turbo, é mais equilibrado e menos rascante na configuração de 1.2 litro, como a usada no Tracker RS. Isso quer dizer que, além de fornecer a boa potência de até 132/133 cv, o torque de 19,4/21,4 kgfm já aos 2 mil giros, ele trabalha de forma mais suave e transmite mais conforto aos ocupantes. Para o motorista, a sensação é que o SUV está sempre pronto para ganhar velocidade. E é interessante que, mesmo sendo mais suave, quanto é chamado de forma mais agressiva, ele solta um rugido bem agradável.
Não há qualquer alteração mecânica ou técnica da versão RS se comparada à Premier. Pneus, suspensões e mapeamento do motor permanecem os mesmos. Perdeu alguns confortos como estacionamento semiautomático, sensor dianteiro e ar digital, mas nada que altere de fato a dinâmica do modelo. E isso é uma boa notícia. O compromisso entre conforto e estabilidade manteve um equilíbrio bem interessante. O ajuste do conjunto é firme, para privilegiar a estabilidade, mas a perda é pequena em pisos irregulares. O Tracker é capaz de encarar uma sequência de curvas sem entortar e em linha reta é bastante neutro. O comportamento só melhoraria que fosse instalado um sistema multilink bem afinado na traseira no lugar da barra de torção.
Uma outra razão para o sucesso do Tracker – e a rigor, de quase todos os SUVs compactos – é a boa relação entre o tamanho externo e o espaço interno. A área é muito bem aproveitada por conta da boa altura do veículo e pela posição mais verticalizada dos ocupantes. O ambiente é incrementado por um bom nível de acabamento, com couro sintético nos bancos e guarnições, e teto solar panorâmico e um sistema de conectividade bem prático com o espelhamento de celulares via Bluetooth sem cabo e roteador. Na parte de tecnologia autônoma, o Tracker RS traz alerta de colisão com frenagem autônoma e alerta de ponto cego. Pode ser que, na ponta do lápis, a versão Premier até ofereça um custo/benefício melhor. Mas no fim das contas, o Tracker RS, como a própria GM define, é uma versão aspiracional: tem os equipamentos necessários e um visual ousado, por um preço ligeiramente mais baixo.
Ficha técnica
Chevrolet Tracker RS
Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 1.199 cm³, com três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, turbocompressor, injeção direta e controle eletrônico de aceleração.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração.
Potência: 132/133 cv a 5.500 rpm com etanol/gasolina.
Torque: 19,4/21,4 kgfm a 2 mil rpm com etanol/gasolina.
Diâmetro e curso: 75 mm por 90,5 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração 0-100 km/h: 9,4 segundos.
Velocidade Final: 185 km/h.
Suspensão: Dianteira do tipo independente McPherson, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás. Traseira com eixo de torção e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás. Controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 215/55 R17.
Freios: Discos dianteiros ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD com controle de partida em rampa.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,27 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,62 m de altura e 2,57 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cabeça na versão.
Peso: 1.248 kg.
Capacidade do porta-malas: 393 litros.
Tanque de combustível: 44 litros.
Produção: São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil.
Preço: R$ 159.750 (R$ 161.350 com pintura metálica).
