06/07/2023 às 17h34min - Atualizada em 07/07/2023 às 00h04min

Os riscos do glaucoma para mulheres que engravidam depois dos 40

Oftalmologista e ginecologista precisam trabalhar em conjunto antes e durante a gestação

SALA DA NOTÍCIA Rafa Mello
https://pio.sbglaucoma.org.br/
Fezailc/Pixabay

O risco de desenvolver glaucoma, maior causa de cegueira irreversível no mundo, é maior a partir dos 40 anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG). A mesma faixa etária em que cresce o número de mulheres que engravidam. O resultado dessa equação é um alerta: mulheres acima dos 40 que vivem com glaucoma e querem engravidar precisam de acompanhamento especializado por toda a gestação, já que não há estudos conclusivos sobre os riscos dos colírios indicados como tratamento da doença. O aviso, porém, também vale para aquelas que planejam a gravidez e não têm diagnóstico de glaucoma. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, referentes à década 2010-2020, indicam que o  número de mulheres que engravidaram com idade entre 40 e 44 anos aumentou em média 17,6% no período. A maternidade tardia é um  fenômeno oriundo de diversos fatores, tais como a busca por  estabilidade financeira e a maior atenção à carreira profissional, além do avanço das técnicas de reprodução assistida. Não falta orientação sobre os cuidados a se tomar em uma gestação após os 40, mas a saúde ocular, muitas vezes é negligenciada. Cabe lembrar que, somente no Brasil, 2,5% da população acima dos 40 anos vivem com glaucoma.

''Mulheres com glaucoma podem engravidar. Mas precisam ter cuidados extras, porque a ciência ainda não sabe se os colírios usados no tratamento trazem efeitos colaterais para os bebês. E, por questões éticas, não se pode fazer testes que acarretem riscos para a criança", observa o presidente da SBG, Roberto Galvão Filho.

Uma pesquisa recente nos EUA, mostrou que 25% dos obstetras recomendam parto cesáreo para pacientes com glaucoma, e 3,6% dos oftalmologistas recomendam interrupção eletiva da gestação em pacientes com glaucoma avançado ou não-controlado.

A melhor saída, na avaliação do especialista, é fazer com que o oftalmologista e o ginecologista da futura mamãe trabalhem em conjunto e decidam como seguir com o tratamento do glaucoma. O X da questão está relacionado, justamente, ao uso de colírios. Eles são fundamentais para manter a pressão intraocular (PIO) sob controle e, com isso, impedem o progresso da doença.

Em geral, há dois tipos de colírios. Uns diminuem a produção do humor aquoso, o fluido que os olhos produzem sem parar e que nutre as estruturas oculares. Outros aumentam o escoamento do humor aquoso. Nenhum deles é seguro na gravidez. Alguns, inclusive, são produzidos a partir de análogos de prostaglandinas, ou seja, dos mesmos princípios ativos de pílulas abortivas. Em contrapartida, já se sabe que, na gravidez, há uma tendência para a PIO diminuir em até 10%, o que ajuda no controle do glaucoma.

"Cuidar da saúde ocular é uma recomendação que vale para todos. Porém, a mulher que planeja engravidar, tenha ou não glaucoma, precisa reforçar esses cuidados, pensando tanto na sua própria saúde quanto na saúde do bebê", afirma o presidente da SBG.


 
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