07/06/2023 às 17h20min - Atualizada em 08/06/2023 às 00h08min

Precisamos educar nossas crianças sobre o impacto da obesidade infantil

Por Juliana Calia, nutricionista do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês em parceria com a Associação Umane

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Divulgação - IRSSL

Obesidade infantil é uma doença crônica que tem impacto global. O Brasil também enfrenta um cenário preocupante, uma verdadeira epidemia acelerada nos últimos anos com o uso excessivo de telas por parte de crianças, em detrimento da redução de atividades e brincadeiras ao ar livre. Para além da estética, a obesidade, que também podemos chamar de inflamação severa decorrente do grande acúmulo de tecido adiposo no organismo, causa impactos negativos severos no corpo e na mente. Crianças com obesidade têm maior probabilidade de se tornarem adultos doentes, sendo obrigadas a enfrentar uma série de enfermidades evitáveis, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e distúrbios metabólicos, aumentando ainda o risco de doenças cardiovasculares. Também estão mais propensas a sofrerem bullying, baixa autoestima e até mesmo depressão.

Apesar da gravidade, estima-se que, somente no Brasil, o excesso de peso já atinja 25% das crianças entre 5 e 10 anos, 12% na faixa dos 2 aos 5 anos e 15% até 2 anos. O problema fica ainda mais grave na adolescência, com prevalência de 30%.

Dados recentes do Atlas Mundial da Obesidade 2023 mostram que, até 2035, ou seja, dentro dos próximos 12 anos, um terço das crianças e adolescentes brasileiros terá de conviver com a obesidade no País. E a previsão é que, neste curto espaço de tempo, cerca de 23% das meninas e 33% dos meninos terão que enfrentar a obesidade. Apenas para comparação, até 2020, ano que deu início à pandemia da COVID-19, 12,5% das meninas e 18% dos meninos estavam nessa condição.

Essa tendência preocupante reflete mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares da população, cada vez mais adepta a alimentos ultraprocessados, ricos em gordura, açúcar e sal, juntamente com a diminuição da prática de atividade física, o que verificamos em todas as classes sociais, sem discriminação.

O combate à epidemia de obesidade infantil requer ações integradas e abrangentes, que devem começar assim que a doença é identificada, em casa e na escola, pois esses dois ambientes desempenham um papel fundamental na promoção de hábitos saudáveis e na prevenção da obesidade, já que são os lugares mais frequentados pela criança. Consciente desta necessidade, o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL), em parceria com a Associação Umane, promove regularmente ações educativas para conscientizar pais e responsáveis sobre a importância da adoção de um estilo de vida equilibrado e que promova o bem-estar.

Mas, em casa, os pais precisam se conscientizar de que têm a responsabilidade de oferecer uma alimentação equilibrada e nutritiva, inclusive mudando seus próprios hábitos, dando exemplo para os pequenos e dificultando o acesso fácil a alimentos que, nesta fase, são nocivos para a criança.

A escola também desempenha um papel complementar e essencial nessa luta contra a obesidade infantil, seja promovendo a prática de atividades físicas, seja por meio de recreio ativo ou programas extracurriculares esportivos. A educação nutricional é outra que deve fazer parte do currículo escolar, ensinando as crianças sobre a importância de escolhas alimentares saudáveis e como preparar refeições equilibradas.

Além disso, é necessário que haja uma colaboração entre a família e a escola para promover a mudança de maneira tranquila, sem perder o olhar sensível e inclusivo em relação às crianças que já estão com obesidade, incentivando o tratamento respeitoso por parte dos colegas e repreendendo qualquer tentativa de bullying.

Os pais devem se envolver ativamente na vida escolar de seus filhos, participando de reuniões, eventos e atividades que incentivem a saúde e o bem-estar. É importante também que os pais e educadores estejam em constante comunicação, trocando informações sobre as práticas alimentares e de atividade física das crianças.

A combinação dos esforços em casa e na escola cria um ambiente favorável à prevenção da obesidade infantil: quando pais e educadores trabalham juntos, as crianças recebem uma mensagem consistente e positiva sobre a importância de hábitos saudáveis. Porém, tudo deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar, com pediatra, nutricionista e psicólogo. Pais jamais devem impor dietas ou exercícios sem orientação, já que a abordagem incorreta pode prejudicar o crescimento da criança.

Obesidade infantil é um problema grave que requer abordagens abrangentes e colaborativas para o tratamento, mas seu tratamento deve ser sempre conduzido por profissionais de saúde. Eles podem fornecer informações, criar e propor estratégias de educação nutricional para incentivar e acompanhar o progresso e oferecer suporte emocional, tanto para a criança quanto para a família, se necessário.

Mais importante que tudo, o tratamento da obesidade infantil deve ser abordado com sensibilidade e empatia. É essencial evitar a estigmatização ou a pressão excessiva sobre a criança, focando em promover um estilo de vida saudável em vez de se concentrar apenas no peso.

Cada criança é única, e o tratamento deve ser adaptado às suas necessidades individuais, familiares e sociais. Obesidade infantil é uma doença grave, mas as crianças respondem rápido ao tratamento e, dentro de dois a três meses, já é possível verificar uma mudança positiva significativa em seus hábitos, impactando em sua saúde, disposição, além do resgate de sua autoestima.


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