01/06/2023 às 16h32min - Atualizada em 01/06/2023 às 20h29min

Fortalecendo a Reserva Cognitiva com exercícios simples 

Viviane Oliveira de Melo (*) 

SALA DA NOTÍCIA Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

A Reserva Cognitiva (RC) é um termo teórico, que surgiu para explicar a diferença clínica, de sintomas, entre pessoas com a mesma idade, e os mesmos danos anatômicos cerebrais. Ela é a capacidade do cérebro de tolerar danos anatômicos, fisiológicos, conservando o seu funcionamento dentro dos padrões de normalidade. É um fator protetor, retardando os efeitos patológicos das doenças neurodegenerativas.  

Em 2017, a revista Lancet, publicou resultados de estudos a respeito de RC, trazendo fortes indícios de que 35% das demências poderiam ser evitadas com mudança de nove aspectos: educação formal em todos os níveis, não desenvolver hipertensão, obesidade e diabetes, e quando desenvolvidas, buscar manter sob controle, não ter depressão após a meia idade, não fumar, prevenir a perda auditiva antes da meia idade, realizar atividades físicas, não se isolar socialmente.  

Quando se fala em exercícios físicos, fazer atividades como caminhada e dança contam significativamente. É importante mesclar e juntar atividade física, ainda que leve, mas com frequência, aliando as atividades cognitivas. Essas orientações são o que apontam as pesquisas, como a publicada em 2016 por Sheung-Tak Cheng na revista Current Psychiatry Reports. 

O nosso cérebro trabalha sempre no sentido de máxima economia, é um órgão que gasta muita da energia do organismo, por isso tudo que ele pode automatizar, criar atalhos, estabelecer padrões imediatos de resposta, ele o faz. Mas esta economia tem um preço futuro alto, é o famoso “barato sai caro”, ao manter o mesmo padrão, as mesmas rotinas, a mesma dieta, os mesmos livros, o cérebro não fortalece, não desenvolve mais sua rede de comunicação entre seus neurônios, diminuindo a RC. 

Na direção oposta, medidas simples podem favorecer a RC, tirando o cérebro da sua zona de conforto, experimentando alimentos novos, fazer novas receitas, aprender atividades novas como: tocar um instrumento musical, fazer crochê, tricô (sempre mudando, elevando a dificuldade das atividades). Mudar todos os objetos das gavetas, depois tentar fazer esforço para lembrar onde estão, mudar a mão dominante em atividades rotineiras como escovar os dentes, aprender músicas novas, novas danças. Ler, e ler muito, mas não encerrar a leitura nela mesma, fazer pausas, tentando lembrar o que acabou de ler, o que está entendo, como pensa, julga a respeito do que lê, e os motivos que faz com que pense desta maneira, e por que não fortalecer em discussões saudáveis em um clube do livro? E assim conhecer novas pessoas, fortalecer vínculos.  

 O importante é não deixar para amanhã e buscar todos os dias algo para motivar, para criar novas experiências, novos aprendizados, e assim garantir uma vida com longevidade e qualidade. 

* Viviane Oliveira de Melo é especialista em Neuroaprendizagem, Piscomotricidade, Biotecnologia e tutora dos cursos de Pós-Graduação da Uninter na área de Neurociência. 


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