19/05/2023 às 15h42min - Atualizada em 19/05/2023 às 18h08min

Ética na formação do profissional de saúde deve ser transversal, defendem especialistas

Documento com propostas para os Ministérios da Educação e da Saúde será elaborado por comitê que reúne profissionais da saúde, acadêmicos, juristas e entidades representativas do setor privado e público

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            A Semana da Ética, promovida pelo Instituto Ética Saúde, começou com um debate sobre a necessidade de implementar a disciplina de ética e integridade nas escolas de saúde, como parte obrigatória no processo de formação do profissional. O evento, em 2 de maio - Dia Nacional da Ética, foi na Associação Médica Brasileira (AMB), que representa a ‘casa de todos os médicos do Brasil’, justamente por haver unânime entendimento que este profissional desempenha, necessariamente, um papel central na saúde.
            Participaram pela AMB o presidente César Eduardo Fernandes, o secretário geral Antônio José Gonçalves, o diretor científico José Eduardo Lutaif Dolci, e o vice-presidente região Centro-Oeste Etelvino de Souza Trindade; o ex-ministro da Saúde (2014/2015) e atual presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação, Arthur Chioro; executivos da ABIMO, ABIIS, ABRAIDI, ABRAMED, AGIR, CBCTBMF, CBDL, CBEX, COFEN, ETCO, FEHOESP, IBSP, Instituto ETHOS, Interfarma, SBMF, SINDHOSP e SOBECC; acadêmicos da FGV e FEA USP; e outros profissionais convidados com notório saber na temática.
            O diretor executivo do Instituto Ética Saúde, Filipe Venturini Signorelli, destacou na abertura que só a junção da sociedade civil organizada com o governo e com os representantes dos profissionais da saúde é que trará a robustez necessária para mudar a formação acadêmica. “Os futuros médicos, enfermeiros, biomédicos, odontólogos, fisioterapeutas e afins precisam saber identificar como as relações econômicas são importantes, como as decisões tomadas por eles influenciam toda a cadeia. A saúde poderia ser de 30% a 40% mais barata se não houvesse corrupção”.
            O presidente da AMB salientou que a qualidade do profissional médico também é uma questão ética. “Hoje são mais de 400 escolas de medicina. Como eu vou lecionar ética para um aluno que tem consciência da ineficiência do ensino que ele recebe? A prática da ética no seu sentido maior precisa passar por todo o sistema”, defendeu César Eduardo Fernandes. Preocupação também da coordenadora da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Mental (Conasem/Cofen), professora Dorisdaia Humerez, que citou os cursos 100% à distância, criados por interesses econômicos.
            Para o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, a ética como disciplina isolada é incapaz de atingir os objetivos. “Ela deve ser desenvolvida como estratégia transversal durante toda a formação das equipes multiprofissionais. Tem que mexer nas diretrizes nacionais curriculares de todos os cursos da área da saúde, mas não é só isso. Este debate precisa envolver os residentes, gestores públicos e privados”, defendeu.
            Também foram colocados em pauta a importância de professores preparados de fato para lecionar; a falta de conhecimento das rotinas jurídicas do serviço de medicina; a necessidade de ensinar quais são as interações que existem na cadeia da saúde; a ética como atividade continuada, depois da formação do profissional de saúde; e a ética na pesquisa clínica.
            “As falas deixaram claro existir inúmeros desafios na promoção da saúde em larga escala - hoje e no futuro – sobre a quantidade e qualidade dos cursos de medicina disponíveis; a necessidade de incutir, já na formação dos profissionais da saúde, a consciência do impacto que suas ações terão não apenas nos pacientes que tratam, mas no sistema de saúde; a formação de professores que, além da parte técnica, tenham a capacidade de promover senso cívico; a importância da devida valorização dos profissionais, não apenas financeira; a importância de desenvolver iniciativas transversais que possam induzir mudanças de comportamentos”, elencou o presidente do Conselho de Administração do IES, Eduardo Winston Silva.

Como sugestões práticas foram citados a criação de grupos de docentes responsáveis por acompanhar a transversalidade nas diferentes áreas de formação do profissional da saúde e indicadores para monitorar essa evolução. O Comitê Executivo de Fomento a Ética e Integridade na Educação da Saúde, formado no dia do evento, vai produzir um documento com propostas a serem apresentadas para os Ministérios da Educação e da Saúde.

 
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