19/05/2023 às 12h43min - Atualizada em 19/05/2023 às 18h05min

Dia do Defensor Público: carreira enfrenta retrocessos históricos

A data lança luz às pautas da categoria e estimula o debate sobre as incertezas e adversidades que travam os avanços da profissão

SALA DA NOTÍCIA Viviane Melém
anadef.org.br
Divulgação

Às vésperas do Dia do Defensor Público, carreira enfrenta retrocessos históricos

Celebrada no próximo dia 19, data lança luz às pautas da categoria e estimula o debate sobre as incertezas e adversidades que travam os avanços da profissão


Maio, 2023. Instituídas pela Constituição de 1988 para garantir a assistência judiciária integral e gratuita às pessoas vulneráveis, as Defensorias Públicas estão estruturadas em três frentes: Defensoria Pública da União (DPU); Defensoria Pública do Distrito Federal e Defensoria Pública dos Estados.  


Com serviços obrigatórios, conforme o art. 134 da Constituição de 1988 – que considerou a Defensoria Pública como essencial à Justiça, equiparada à magistratura e ao Ministério Público – a Defensoria é a garantia do cidadão a um defensor para atuar na sua representação jurídica perante a Justiça e demais órgãos públicos. Mas, nos últimos anos, esta missão ganha contornos de incertezas. Às vésperas da celebração do Dia Nacional da Defensoria Pública, marcado para o próximo dia 19, a categoria se vê diante de um cenário delicado, como explica a defensora pública federal Charlene Borges, de 39 anos, 13 deles dedicados à profissão.
 

“Escolhi ser defensora pública por ser a carreira mais próxima da população vulnerável socialmente, em variadas camadas. Por meio da nossa atuação, conseguimos estabelecer contato direto com as pessoas. Mas, hoje, a falta de estrutura nos desafia na prestação de uma assistência jurídica de qualidade e digna às pessoas”, detalhou a defensora, que atua em Salvador. 
 

A Defensora Pública, Charlene Borges, no exercício da profissão na capital soteropolitana


“Aqui lidamos com pessoas e suas mazelas, e, para quem possui sensibilidade para as dores do ser humano, a atuação defensorial é a oportunidade de usar o nosso conhecimento técnico para transformar vidas. Na Defensoria Pública da União, atuamos bastante na área previdenciária, criminal e na defesa de direitos humanos em matéria coletiva e individual, por meio de ofícios especializados e com os grupos de trabalhos temáticos existentes”, ressaltou Charlene. 

 

Baixo orçamento da DPU acarreta consequências para a população mais vulnerável
 

Com orçamento 24 vezes menor do que o da Justiça Federal, 12 vezes menor do que o do Ministério Público da União e seis vezes menor do que o da Advocacia-Geral da União, a DPU somente consegue estar presente em apenas 28,7% do território nacional, indo na contramão do que o art. 98 do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias determina ao Estado brasileiro. Uma realidade que mobiliza a categoria e lança luz a um contexto de adversidades para garantir que a população mais vulnerável do país tenha uma assistência jurídica de qualidade.

 

“Há anos temos nos mobilizado para chamar atenção sobre os desafios que estamos enfrentando para superar retrocessos a fim de garantir que a população brasileira tenha acesso a uma assistência jurídica gratuita. Não precisamos fazer nenhuma viagem no tempo para que se entenda nossa situação dramática. A DPU não foi excepcionada no projeto do arcabouço fiscal, ignorando a norma constitucional que determina a interiorização da Defensoria Pública da União. Isso acontece em um momento delicado, em que já se expirou o prazo para o cumprimento da Emenda Constitucional (EC) 80/2014 para a expansão da instituição no país”, observou Eduardo Kassuga, presidente da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Federais (Anadef). 

 

O contexto adverso destacado pela presidente da Anadef encontra pertinência em relatório do Ministério da Justiça, que aponta para um cenário crítico de defensores em quantidade menor que o de magistrados. No documento, um fator que dá ainda mais urgência às demandas da carreira é o número de estados brasileiros com maior necessidade de defensores, listando Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso, Piauí, Rondônia e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal, com número de defensores 40% menor que a quantidade de juízes. 
 

Kassuga destacou também que, desde 2013, quando a DPU conquistou autonomia, pouco foi feito para a efetiva estruturação. “O déficit de defensoras e defensores é estimado em 55%, mas as limitações orçamentárias impedem a interiorização da instituição. Trata-se de uma falta de estrutura grave que gera sobrecarga séria de trabalho e acarreta inúmeros prejuízos aos mais de 80 milhões de brasileiros potenciais usuários dos serviços da instituição”, concluiu o presidente.

 

Para entrevistas e mais informações à imprensa:
 

Juliana Fernandes | (61) 99167.0939 | [email protected]


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp