É verdade que, historicamente, a manufatura tem sido um setor importante para o desenvolvimento econômico dos países e uma das principais fontes de emprego. No entanto, no caso específico do Brasil, a agricultura e mineração são setores que exercem um papel importante na economia, superando a manufatura em termos de contribuição para o PIB.
Isso ocorre porque o Brasil é um país rico em recursos naturais, como terras férteis para a agricultura, minerais e minérios, o que possibilita uma produção agrícola e mineral de grande escala. Além disso, o setor de serviços também tem agradado, nos últimos anos, impulsionado pela demanda interna.
O setor agropecuário, por exemplo, é um dos maiores do mundo, com uma produção significativa de commodities como soja, milho, café, açúcar, carnes e algodão. Já o setor de mineração, embora seja menor em termos de participação (4% do PIB) gerou cerca de 200 mil empregos diretos e 800 mil indiretos.
Embora seja um setor importante para a economia brasileira, a atividade de mineração também tem sido alvo de críticas em relação aos impactos socioambientais causados pela falta de planejamento e fiscalização que podem gerar, degradação do solo, contaminação de recursos hídricos, crises humanitárias (como foi o caso dos Ianomâmis) e fluxo forçado de energia tradicional. Por isso, é importante que a atividade de mineração seja regulamentada e fiscalizada de forma rigorosa para garantir a proteção do meio ambiente e dos direitos humanos.
É importante destacar que a agropecuária brasileira tem uma posição de destaque no mercado global, sendo um dos maiores produtores e exportadores de commodities agrícolas do mundo. Mesmo com todo esse destaque no setor agropecuário, a dependência do Brasil em relação ao setor primário pode gerar preocupações em relação à diversificação econômica e aos riscos de oscilações nos preços das commodities agrícolas e minerais no mercado internacional. No entanto, o país tem investido em políticas para fortalecer outros conjuntos. Mas podemos nos perguntar, qual é o motivo que leva o país caminhar na contramão do mundo?
O Brasil tem uma longa tradição de exportação de commodities. Essa especialização é resultado de um passado colonial e escravocrata, que deixou o país com uma estrutura econômica voltada para a exportação de matérias-primas. Outro fator que influencia essa caminhada, em sentido contrário, são os custos de produção. O custo de produção de bens manufaturados no Brasil é geralmente alto, devido à carga tributária elevada, a falta de infraestrutura adequada e a falta de investimentos em tecnologia e inovação. Por outro lado, o país tem uma grande quantidade de recursos naturais e mão de obra barata, o que torna a exportação de matérias-primas mais vantajosa em termos de custos.
O mercado interno limitado também é um fator que faz com que as empresas brasileiras, em busca de alcançar economias de escalas significativas, tenham preferência em importar os produtos já manufaturados de outros países do que os produzir localmente.
Mesmo tendo uma forte dependência das exportações para países integrados, que geralmente demandam produtos manufaturados em vez de matérias-primas, o país tem dificuldades em aumentar suas exportações de bens manufaturados devido à falta de competitividade da indústria nacional.
Ainda assim, é importante destacar que a produção é um setor relevante na economia brasileira, respondendo por cerca de 11% do PIB. De mais a mais, o país tem buscado fomentar a indústria por meio de políticas públicas e incentivos fiscais, com o objetivo de tornar o setor mais competitivo e promover o desenvolvimento econômico do país.
* Paula Cristiane Oliveira Braz é administradora, especialista em Agronegócios, tutora dos cursos de pós-graduação na área de Agronegócios do Centro Universitário Internacional UNINTER.
